Econ - Textos Variados LXIV


Mises - A Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos:

28 - É um texto de 1936. Mises diz que não foram só os austríacos a fazerem essa teoria.

29 - Coloca que a teoria nasce na Inglaterra, mas se esquece de que a “abertura de muitas conta-correntes” (não sustentadas em ouro) também podem causar ciclos, pois expandem o crédito gerando, assim, taxa de juros artificialmente baixas. Na segunda metade do século XIX, esta teoria dos ciclos econômicos caiu em descrédito e a noção de que o ciclo econômico não tinha nada a ver com a moeda e o crédito ganhou aceitação. A tentativa de Wicksell (1898) de reabilitar a Escola Monetária teve vida curta.

30 - Coloca que toda essa situação leva a um boom dos preços do capital e dos salários. Se os bancos restringissem qualquer outra extensão do crédito e se limitassem ao que já haviam feito, o boom rapidamente pararia. Mas os bancos não desviam de seus cursos de ação; eles continuam a expandir o crédito numa escala maior e maior, e os preços e os salários continuam a subir de forma correspondente. (Às vezes, fica a impressão de que não passa pela cabeça de Mises que uma escala crescente pode ser saudável numa correlação com o aumento da produtividade).

31 - Isso é real: ... a inflação e o boom podem continuar suavemente somente enquanto o público pensar que o movimento ascendente dos preços vai parar num futuro próximo. Logo que a opinião pública perceber que não há razão para esperar o fim da inflação, e que os preços continuarão a subir, o pânico se estabelece. Ninguém quer manter seu dinheiro, porque sua possessão implica perdas maiores e maiores de um dia para o outro. (Ao menos quem não tem proteção para isso).

32 - O canto austríaco sempre termina assim - “a maré desce e se percebe quem estava nadando pelado”: Muitos empreendimentos ou práticas de negócio que foram iniciadas graças à baixa artificial dos juros, e as quais foram sustentadas graças ao aumento igualmente artificial dos preços, não mais parecem lucrativas.

33 - Alguns consensos: É um fenômeno bem conhecido, de fato, que em um período de depressões uma taxa de juros muito baixa — considerada do ponto de vista aritmético — não consegue estimular a atividade econômica. Critica, ainda, a rigidez dos salários, que não descem para se ajustar ao fim do “boom”, o que resulta em desemprego.

34 - Finalmente, será necessário entender que as tentativas de baixar artificialmente a taxa de juros que surgem no mercado, através de uma expansão do crédito, só podem produzir resultados temporários e que a recuperação inicial será seguida por um declínio mais profundo que se manifestará como uma completa estagnação da atividade comercial e industrial.

 

Mises Sobre o Milagre Keynesiano:

35 - Texto de 1948. A "Revolução Keynesiana" consistiu no fato de ele ter abertamente defendido as doutrinas de Silvio Gesell. Como o precursor dos gesellianos britânicos, Lord Keynes também adotou o jargão peculiarmente messiânico da literatura inflacionista e o introduziu em documentos oficiais.

36 - Diz que os fabianos eram entusiastas da Inglaterra que abandonou o laissez-faire. Ao contrário dos socialistas anteriores, esses elogiavam o governo/sistema.

37 - Esculhamba Samuelson por ele ser defensor do keynesianismo.

38 - O texto, aliás, é quase todo um chororô inútil por ignorarem o que ele chama de moderna economia subjetivista.

39 - As políticas recomendadas pela Teoria Geral eram exatamente aquelas que os "monetários excêntricos" haviam defendido há muito tempo, e que a maioria dos governos havia aplicado durante a depressão de 1929 e nos anos seguintes. Resume em “expansão creditícia mediante déficit e/ou inflação, digamos”. (...) A essência das tão glorificadas políticas econômicas "progressivas" das últimas décadas era expropriar partes cada vez maiores das rendas mais altas e empregar os fundos assim adquiridos no financiamento do gasto público e em subsídios para membros dos mais poderosos grupos de interesse.

40 - Ô coitado (capítulo 178 da novela “previsões furadas de economistas”): Mas agora esse processo chegou ao fim. Com a atual carga tributária e os métodos aplicados no controle de preços, lucros e taxas de juros, o sistema se liquidou a si próprio. (...) Não há dúvidas de que o público americano está se afastando dos slogans e das idéias keynesianas. Risos.

 

Misesianos Sobre Paul Krugman e Atual Crise:

41 - Capítulo 179 da novela (quase todos de austríacos): Se Bernanke continuar canalizando centenas de bilhões de dólares para banqueiros necessitados, daqui a cinco anos os americanos (e o resto do mundo) irão olhar afetuosamente para a atual crise da mesma maneira que hoje olhamos saudosos para a recessão de 2001. Texto de Robert Murphy.

42 - O argumento do austríaco é que se a “economia de produção de bens de consumo” (isso me lembra toda a coisa do “triângulo hayekiano”) é aquecida para aumentar o consumo/renda e debelar crises, investimentos em capital começam a ser negligenciados, podendo impedir inclusive a boa manutenção da capacidade instalada. (...) Por causa da estrutura temporal da produção, é possível turbinar temporariamente o consumo de todos, mas somente em detrimento da manutenção dos bens de capital (os barcos e as redes), que então são "consumidos". Em algum ponto, a realidade da engenharia se impõe e nenhuma política de estímulo poderá impedir uma queda profunda do consumo.

43 - Coloca que as pessoas são enganadas por revoluções produtivas, passando a achar que todo o deslocamento de capital do “boom” é justificado por elas, achando que o boom “dessa vez é diferente”. Diz que a bolha das ponto com e dos derivativos imobiliários foi bem isso. Era melhor o capital ter impulsionado outras produções que não a de casas, por exemplo. O consumo “a mais” é ilusório e insustentável. (...) Em outras palavras, tivessem os americanos percebido que o valor de seus imóveis iria despencar nos anos seguintes, eles não teriam consumido tanto. Eles estavam consumindo capital sem se dar conta disso. A pressuposição que os preços sempre iriam subir financiaram até novos empréstimos - com a valorização imobiliária esperada de lastro, ao que entendi - e foi isso que explodiu.

44 - Assim, nos “boom”s se pensa que se está a consumir apenas a maior capacidade de consumo trazida por alguma inovação tecnológica (ou nem isso), passando-se da conta e consumindo até capital.

45 - Aposta-se, também, erroneamente, em períodos de boom, em novos e insustentáveis projetos (...) sendo iniciados. Tipo uma OGX da vida.

46 - Diz que o atrativo da mágica keynesiana é a expansão creditícia do BC: É verdade que isso é impossível no longo prazo, mas no curto prazo é sim possível aumentar o investimento em novos projetos e simultaneamente aumentar o consumo.

.

Comentários