Econ - Ha-Joon Chang - Capítulos II e III do Maus Samaritanos (Livro) V (Última)
(continuação...)
77 - Observa que tarifas de importação inclusive representavam cerca de 50% de receitas totais de países pobres em alguns casos. A abertura comercial gerou necessidade de novos impostos e/ou corte de gastos sociais, afirma.
78 - A teoria das vantagens comparativas de Ricardo ganha contornos novos, mas não tão diferentes, em Samuelson (e outros). Países devem se especializar na produção que envolva o fator que mais possuem disponível. No caso dos “pobres”, trabalho - volume abundante - e não capital.
79 - Chang alerta para a bagunça econômica que essa transferência de fatores causa. Fábricas são fechadas quando a proteção cai, por exemplo. Desemprego de longo prazo geram danos permanentes. Etc e etc. Mesmo quando necessária, uma transição precisa ser suave. A indústria ou atividade econômica “substituta” não surge imediatamente após. Novas qualificações e investimentos (“capital” como máquinas) terão que ser feitos. Tudo isso é custo.
80 - Coloca que países desenvolvidos e de bem-estar têm muito mais facilidade para requalificar trabalhadores e operar essas mudanças da estrutura econômica.
81 - A maioria dos adultos bem-sucedidos são os que tiveram sua infância e adolescência protegida ou largamente protegida. Os ricos não colocam os filhos no mercado aos sete anos.
82 - Coloca que o livre-comércio até pode gerar ganhos no curto prazo, mas condenam os países na especialização que não traz os maiores ganhos de longo prazo - setores que oferecem baixo crescimento da produtividade, afirma.
83 - Coloca que os acordos comerciais de hoje em dia chutam as escadas. Os mecanismos que os países desenvolvidos usaram são, cada vez mais, proibidos.
84 - A proposta dos países ricos é trocar baixa de tarifas industriais dos pobres por baixa dos ricos em tarifas agrícolas...
85 - ...Os ganhadores seriam EUA, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, que têm agricultura forte, Diz que Brasil e Argentina também já possuem isso e poderiam ganhar, mas os camponeses pobres desses países não. De toda forma, a maioria dos subdesenvolvidos também importa alimentos e não teria muito a ganhar com essas reduções todas. Ademais, mesmo Brasil e Argentina padeceriam da especialização primária, o que é complicado. É vender o futuro por ganhos imediatos pequenos, diz.
86 - Por fim, anota que a abertura fez bem a Coréia do Sul, que ultrapassou com folga a Coréia do Norte. Os sul-coreanos puderam aprender com a tecnologia que a abertura proporcionou e a do Norte empacou no sonho maluco da “autossuficiência”, diz.
87 - Como um país importa tecnologia (sejam compra de licenças, consultorias estrangeiras ou mesmo máquinas ou algo que permita engenharia reversa...)? Somente com moeda confiável, de valor. Ou seja, moeda estrangeira, como o dólar. Moeda nacional pequena pode ser simplesmente inflacionada e desvalorizada, portanto, todos querem moeda estável. Como um país consegue isso? Exportando ou tomando emprestado em dólar. Ou seja, o comércio se torna fundamental para ter acesso às mais avançadas tecnologias.
88 - A diferença entre “comércio” (acima) e “livre-comércio” foi a Coréia do Sul, que praticou apenas o primeiro na grande maioria do tempo. Fez um protecionismo flexível, com área de proteção mudando a cada momento da sofisticação produtiva.
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