Econ - Textos Variados LIX
(continuação...)
306 - Carson não acredita que os gestores do topo ou capitalistas financeiros tenham o nível de informação suficiente para planejar de forma eficiente seu empreendimento. Em tese, as subdivisões das empresas serviriam a esse melhor controle através do sistema contábil de “partidas dobradas”. Porém, ele discorda. “Um grande problema com o modelo de Mises de planejamento central empreendedor de partidas dobradas é o seguinte: são normalmente as restrições irracionais impostas por alguém do topo que resultam em tinta vermelha nos níveis mais baixos.”
307 - Afirma que parte do trabalho dos gestores é enganar o mercado acionário e de capitais (e a pressão que esses fazem): As práticas de organização de “fome” e “ordenha” que Jackall tanto explorou – adiar custos de manutenção necessários, deixar o equipamento e a planta apodrecerem, e coisas do tipo, para inflar o balancete trimestral – resultam dessa própria pressão, tão irracional quanto as pressões que os gerentes de negócios Soviéticos enfrentavam do Gosplan.
308 - Afirma que números positivos podem esconder mera proteção estatal à ineficiência. Quando é revelada a real saúde da companhia, chegaria uma desvalorização abrupta.
309 - Cita um caso típico de números que escondiam o essencial, graças a uma matéria intitulada “CEO da Home Depot ganha 210 milhões de dólares de multa rescisória por ser ruim em seu emprego”, Para cumprir metas de redução de despesa (os “bons números”), precarizou o serviço e foi destruindo aos poucos a reputação da empresa. Mais do que uma pessoa notou a similaridade, em seus efeitos distorcivos, dos incentivos dentro do sistema de planejamento estatal Soviético e a economia corporativa Ocidental. A produtividade no longo prazo estava, assim, minada.
https://en.wikipedia.org/wiki/Robert_Nardelli
https://money.cnn.com/2007/01/03/news/companies/home_depot/
https://exame.com/negocios/a-licao-amarga-de-jack-welch-o-sucesso-se-mede-no-longo-prazo/
310 - Hayek coloca que, na economia planificada, não se trata de cair a produção ou mesmo que não se utilize os recursos disponíveis. De fato tudo isso é feito, porém sem saber se é a maneira mais eficiente. Exemplifica: em muitos casos o uso dos métodos mais recentes de produção, os quais não teriam sido aplicados sem planejamento central, seriam então um sintoma de mal uso de recursos ao invés de uma prova de sucesso.
311 - Carson continua, porém, enfatizando as semelhanças com a “economia corporativa” atual: Para alguém observando o desenvolvimento irregular da economia corporativa sob o capitalismo de Estado, isso deveria inspirar um senso de déjà vu. Categorias completas de bens e métodos de produção foram desenvolvidos a um custo enorme, tanto pela indústria militar ou pelo P&D subsidiado pelo Estado na economia civil, sem levar em conta os custos. Subsídios à acumulação de capital, P&D, e educação técnica distorcem radicalmente as formas tomadas pela produção. (Sobre esses pontos ver os trabalhos de David Noble, “Forces of Production” e “América by Design”.) Fábricas enormes e centralização econômica se tornaram artificialmente lucrativas, graças ao sistema de estradas interestaduais e outros meios de externalizar custos de distribuição. (...) A alocação de recursos da gerência sem dúvida cria valor de uso de algum tipo – mas sem nenhuma forma confiável de estimar o custo de oportunidade ou determinar se o benefício foi satisfatório.
312 - Má-gerência: Um bom exemplo é um hospital, parte de uma cadeia corporativa, o qual eu tive a oportunidade de observar em primeira mão. A gerência justifica cortes de enfermeiras e técnicos como medidas de “corte de custos” apesar dos custos crescentes com erros, panes e infecções de MRSA (Estafilococus aureus resistentes a meticilina) que excedem os supostos cortes. (...) Enquanto isso, a gerência injeta dinheiro em projetos capitais inadequados (como remodelar trabalhos que tornam as divisões menos funcionais, ou a extremamente nova e cara unidade ACE que nunca funcionou porque foi muito mal projetada); um caro robô cirúrgico, comprado mais pelo prestígio, que não faz nada que não poderia ser feito ao contratar-se mais uma enfermeira. Mas a equipe de gerência dificilmente terá que enfrentar alguma conseqüência negativa, uma vez que os outros três maiores hospitais da região são tocados da mesma forma.
313 - Para Carson, o problema é que os benefícios de tamanho começam a ser ultrapassados pelos problemas de cálculo econômico. E a ajuda do Estado distorce tudo a favor dos grandes, diz.
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