Econ - Textos Variados LX

 

Leandro Roque - As Falácias Sobre o PIB Brasileiro:

353 - Aqui seria o ponto para parar de ler. O gênio não sabe que a importação já está “incluída” nos componentes das vendas com bens importados incorporados. Ainda tem o consumo de bens importados também, já contabilizado. Logo de início, já se estranha o fato de as importações contribuírem para o decréscimo do PIB. Não faz sentido. Se a economia está importando maquinário e bens de capital, isso irá torná-la mais produtiva, e não menos, que é o que a equação sinaliza. É dinheiro que sai, não fomos nós que produzimos. Produzimos e contabilizamos os bens vendidos a partir delas. Pelo jeito ele quer dupla contabilização. Sei nem pra que salvei esse texto.

354 - O outro argumento é quase que igualmente sem sentido. O de que gastos do governo não deveriam ser contabilizados. Todos seriam inúteis pelo visto, até saúde, educação e investimentos em infraestrutura… Já os consumos das famílias seriam todos maravilhosos para a economia, mesmo que se resumissem a importar cocô de ouro da China. Investimentos privados também seriam quase infalíveis pelo visto. Um monte de exemplo real contrário a isso deve ser devido a imposto alto e não por picaretagem de Eike ou erros quaisquer. Eliminem o Estado e a justiça falimentar pode ser abolida também. (Tudo depende, na verdade. Ele não parece enxergar essa obviedade. Tudo pode ser ou não ser mais eficiente.)

355 - Para fechar com chave de ouro, ao que foi explicado em outros textos que eu vi, nem a pau que o PIB é calculado assim: Para ficar mais claro: imagine uma economia simples na qual os agricultores produziram 1.000 bananas e o governo coletou 200 como impostos, para distribuir da maneira que ele quiser. Assim, os gastos do governo serão de 200 bananas, o que fará com que o PIB seja de 1.200 bananas (consumo privado de 1.000 mais gastos do governo de 200).

356 - A chuva de comentários elogiando, com entusiasmo incrível, o artigo no site só mostra o nível desse pessoal.

357 - Este arquivo tem também outro texto, mais sensato. Sobre os mecanismos do crescimento brasileiro até 2009.

358 - Como já é bem sabido, a política monetária extremamente frouxa adotada pelo Fed (o banco central americano) inundou o mundo de dólares. Quando esses dólares vinham para o Brasil, o Banco Central brasileiro tinha duas opções: deixava-os ir diretamente para o mercado de câmbio (o que valorizaria o real) ou comprava esses dólares, colocando-os nas reservas internacionais. … Em 2003, o dólar custava por volta de R$ 3,50. Em 2008, chegou a custar R$ 1,55.

359 - … As reservas saíram de 30 para 200 bilhões de dólares. Quando o BACEN compra dólares, ele pode fazer isso de duas maneiras: 1) Ele lança um título (em reais) no mercado, esse título é comprado por investidores e o BACEN usa esse dinheiro para comprar dólares. Nesse caso, não houve expansão da base monetária, porém houve aumento da dívida interna; 2) Ele simplesmente imprime dinheiro e compra esses dólares. (...) Pois bem. Observando os dados da base monetária e dos agregados monetários (M1, M2, M3) divulgados pelo BACEN, bem como os números da dívida interna (descendentes), a conclusão é a de que o BACEN optou pela opção 2. (...) O fato de os juros terem caído de 26,50% (março de 2003) para 11,25% (março de 2008) apenas é mera consequência da opção 2. (...) O M1 saiu de 83,3 bilhões em maio de 2003 e foi para 194,6 bilhões em setembro de 2008 - aumento de 133%. (...) Similarmente, o M2 aumentou 156%, o M3, 135%, e o M4, também 156%. (...) As reservas bancárias - fator chave, como veremos mais à frente - também dispararam. (...) Deu-se aí a fase do boom econômico. (Fica fácil visualizar relação que há entre queda dos juros e alta da bolsa também. Muitos dos reais criados fluíram para a segunda, creio)

360 - Afirma corretamente que essa farra do crédito - dinheiro farto - e do crescimento baseado em consumo não teve o correspondente aumento da poupança e da produtividade que tornaria o mecanismo sustentável.

361 - Anti-keynesianos: de acordo com a análise misesiana, o que o governo deveria fazer durante uma depressão? Absolutamente nada.

362 - A maioria das análises são superficiais e, por isso, incorretas se não corrigirmos a interpretação que ele faz. Mais confundem que explicam.


Leandro Roque - Roger Garrison (Escola Austríaca Slides):

363 - Baseia-se no livro de Roger Garrison e uma ou outra citação alheia. O ruim é que ele fala de conceitos da “macroeconomia” austríaca que não sei se equivalem ao da “mainstream”. Investimentos: a diferença entre as magnitudes “reposição” e “bruto” constituem o investimento líquido, que é o que permite o crescimento da economia. O líquido é o que faria a economia crescer de forma sustentável.

364 - Com o crescimento econômico aumenta também a depreciação do capital. Mas aumentos da renda geralmente são acompanhados por aumentos adicionais na poupança e no investimento.

365 - Poupança é o motor do crescimento na teoria austríaca e determina, ainda, a taxa de juros: se as pessoas se tornam mais orientadas para o futuro, elas aumentam sua poupança, fazendo com que as taxas de juros caiam e, com isso, encorajando a comunidade empresarial a empreender mais projetos de investimento.

366 - Eles fazem uma relação forte entre nível de investimento e patamar da taxa de juros que realmente pouco explica do Brasil 2009 a 2020 por exemplo, com juros saindo de 13 para 2 e a taxa de investimento e poupança caindo abruptamente no mesmo período. Seria uma intervenção tão artificial assim do nosso BC “ultra-arrojado” então? Parece-me mais correto constatar que grandes baixas taxas de juros não significam aumento do investimento. A relação parece, na verdade, muito frágil. O mercado, tido como todo poderoso para tanta coisa, seria aqui, nessa teoria austríaca (não na realidade), muito burro.

367 - Ademais, o investimento pode se retrair em cenários de queda no consumo, como bem notou Keynes. (E é criticado, sem base, aqui por isso).

368 - Eles colocam como retração do consumo fosse gerar poupança e que, depois e por causa disso, a taxa de juros baixaria e, por isso, estimularia investimentos na mesma medida, causando crescimento econômico (preferencialmente nos estágios iniciais da produção - aumentando a base do triângulo de Hayek - já que os estágios finais estarão comprimidos pela queda na demanda por bens finais - diminuindo a altura do triângulo hayekiano. Depois, esse triângulo cresceria como um todo). Falta combinar com os russos.

369 - Esse triângulo hayekiano acima significa que diminuem os estoques varejistas e aumenta o desenvolvimento de produtos para o próximo ciclo de crescimento.

370 - No fim de tudo, o próprio consumo voltará bem maior que antes, afirma.

371 - Por isso tudo, defende-se que taxa de juros artificialmente baixas - seria tudo que os bancos centrais fazem - gera investimentos em crescimento insustentável, não-natural. “Uma oferta de capital que nunca existiu passa a ser tratada como existente”.

372 - As taxas de juros artificialmente baixas - continuamente a solução dos bancos centrais - seriam uma armadilha de baixo crescimento: reagindo a uma taxa de juros menor, as pessoas passam a poupar menos e a consumir mais.

373 - … Seria isso que causaria o descompasso entre poupança e investimento devido aos empréstimos mais baratos. A injeção monetária é uma poupança falsa, afirmam. Esses juros criam um desequilíbrio empurrando a economia para além do modelo de fronteiras de produção (apresenta um diagrama sobre todas as bases apresentadas aqui anteriormente). Uma correção recessiva torna-se imprescindível. Nasce então essa tendência inevitável da política desastrada, afirmam.

374 - Sobreconsumo e maus investimentos. A dupla da qual os austríacos mais reclamam.

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