Econ - Koshiba sobre Alec Nove - Mercado reinventado - O socialismo (é) possível (1990)


Koshiba sobre Alec Nove - Mercado reinventado - O socialismo (é) possível (1990):

341 - Os livros de “Nove” sobre “o socialismo possível” são anteriores a perestroika parece. Traz a seguinte crítica à esquerda: O stalinismo e regimes equivalentes continuam sendo considerados "degenerações" burocráticas do socialismo e não uma das possibilidades inerentes ao modelo idealizado pelo próprio Marx. Porém é cada vez mais visível que o conceito de socialismo não é unívoco.

342 - Afirma que Nove, em seu livro, crê que a planificação central é a base da ditadura. O despotismo econômico gera o stalinista. Daí que critique que a mera equação “abolição da propriedade privada dos meios de produção e a substituição do mercado pela planificação integral e centralizada da economia + democracia política = socialismo democrático”.

343 - Uma sociedade com seus "planificadores proletários", acertando "tudo numa discussão amigavelmente democrática", é puro devaneio. Para Nove, "Marx tinha pouco a dizer sobre a economia do socialismo, e o pouco que disse era irrelevante ou completamente equivocado". E sentencia: "o socialismo de Marx era utópico". (...) Por exemplo, supondo o advento do "homem novo", altamente motivado e consciente, num ambiente de "abundância", onde inexistiriam escolhas mutuamente exclusivas, e, portanto, onde o conflito sobre alocação de recursos se extinguiria, junto com o egoísmo, já que haveria o suficiente para todos.

344 - Nove informa que a economia soviética trabalha, em quantidades desagregadas, com cerca de 12 milhões de produtos. Existem mais de 50 mil indústrias e outras tantas dezenas de milhares de estabelecimentos, onde uns são fornecedores de outros e precisam coordenar adequadamente as suas atividades, a fim de que o funcionamento global da economia seja assegurado. (...) O plano gestado pelo centro será necessariamente abrangente. Porém a abrangência, lembra o autor, é inversamente proporcional ao detalhamento. E mais: o enfoque obrigatoriamente quantitativo deixa de lado a qualidade dos produtos. (...) Esses departamentos encontram-se em permanente ligação entre si, realizam intermináveis reuniões, efetuam consultas mútuas, reportam-se aos órgãos superiores, tomam uma infinidade de decisões que farão crescer inevitavelmente as papeladas. Nesse labirinto burocrático, quando um erro for cometido, não haverá, literalmente, culpados, consagrando a célebre "irresponsabilidade organizada". (...) Na verdade, o centro não tem condições de trabalhar com 12 milhões de produtos. Estes são reduzidos a 43 mil produtos básicos, de modo que cada produto é um agregado de 250 subprodutos. Mas isso não melhora muito as coisas.

345 - Decisões nem sempre eficientes: Naturalmente, as grandes organizações, com o seu poder de pressão sobre o centro, estão em melhor posição. É compreensível, portanto, que elas tendam a buscar o máximo de auto-suficiência, ramificando suas atividades com vista ao auto-abastecimento (auto-oferta, diz Nove), para contornar a necessidade de fornecimentos externos e fortalecer a sua posição dentro do plano. O gigantesco e o padronizado são mais fáceis de planejar que a pulverização da mesma quantidade de produção, logo… Consumidores não têm vez.

346 - Nove vai criticar também, ao que entendi, o “valor-trabalho” (TVT): "Duas máquinas, digamos, podem exigir o mesmo esforço para serem produzidas, mas se uma for mais produtiva, mais conveniente de se trabalhar do que a outra, então, por qualquer ponto de vista prático que se possa conceber, ela vale mais", afirma Nove. (Não vejo questão aí. Então essa “mais” valiosa será adotada e a outra deixará de ser produzida, no sistema baseado em TVT.) (Agora, realmente, se os gestores não tiverem esse raciocínio da maior capacidade de cada produto… fudeu)

347 - Base de sua crítica: exclui-se o consumidor, de modo que o preço socialista não reflete nem a demanda nem a escassez.

348 - Dá vários exemplos sobre como manipular metas minando a eficiência: Por fim, em suas unidades, os administradores cuidam, por sua vez, para que o desempenho seja apenas razoável, a fim de não se verem no ano seguinte diante de exigências maiores que não terão como cumprir.

349 - A solução seria combinar a planificação ao mercado, com autonomia aos produtores e consumidores.

350 - Seria uma “liberdade econômica socialista”, não baseada no lucro: Para o autor, são pelo menos cinco as formas principais de atividades econômicas organizadas: as empresas estatais de bens de produção e instituições financeiras; as empresas socializadas de grande porte, cuja direção é responsável perante a força de trabalho: as cooperativas autogeridas; as pequenas empresas privadas e, finalmente, os profissionais autônomos. E diz: "um socialismo democrático só pode ser concebido sob a condição de que a maioria o deseje"

351 - Traz um elogio forte de Perry Anderson ao livro.

 

Lana Brito - A Reestruturação do Modelo Econômico Japonês de 1990 a 2007:

352 - É um TCC em relações internacionais bem otimista sobre as mudanças da época no Japão. Os anos seguintes não foram generosos com o TCC. Não devo ler. Até porque se aprofunda pouco no lado econômico que busco. É mais sobre relações internacionais (graduanda nisso). Talvez algum dia.

 

 

Comentários