Econ - Livre Comércio Versus Protecionismo I
Livre Comércio Versus Protecionismo:
403 - Texto de Ivan Tiago Machado Oliveira, mestrando da UFBA em Economia na época (2007). David Ricardo evolui a noção de “vantagem absoluta” de Smith, que era muito focada na especialização e quem tinha menores custos ao produzir x ou y. Traz a “vantagem comparativa”, que passa enfatizar, mais que os custos, os “custos de oportunidade”. Fazer o que o país sabe fazer melhor em comparação internacional. Se a diferença de produtividade para fazer soja é menor que pra fazer avião ou navio, melhor fazer muita soja e usar o dinheiro para comprar o navio de que se precisa. Isso mesmo se o país rico fizer melhor ambas as coisas.
404 - Krugman coloca que têm que ser levado em conta outros fatores, como, por exemplo, os custos dos transportes e protecionismo (o que pode levar a ser preferível alguma autossuficiência em algum setor).
405 - Modelo teórico neoclássico Heckscher-Ohlin-Samuelson (H-O-S): ficou tão mal explicado quanto o terceiro ponto da crítica de Krugman. O teorema de Heckscher-Ohlin assevera, pois, que um país terá vantagens comparativas no produto cuja fabricação utilize de forma intensiva o fator de produção abundante no mesmo. Isso não levaria a um “custo-benefício” maior? Ou seja, qual a diferença para o que Ricardo já trazia?
406 - A maior parte do comércio mundial é feita entre países desenvolvidos, os quais apresentam dotações fatoriais relativamente similares, caso que o modelo H-O-S não pode explicar.
407 - Marx ancap: como observado em seu discurso na Associação Democrática de Bruxelas em 09 de janeiro de 1848, Marx deixa claro seu posicionamento em favor do livre cambismo: [...] o sistema protecionista de nosso tempo é conservador, enquanto o sistema de livre comércio é destruidor. Ele quebra antigas nacionalidades e leva o antagonismo entre o proletariado e a burguesia ao seu extremo. Em uma palavra, o sistema de livre comércio acelera a revolução. É somente neste sentido revolucionário, senhores, que eu voto a favor do livre comércio.
408 - O protecionismo como meio, de List, não é igual ao protecionismo como fim: O Estado Comercial Fechado, publicada em 1800, pode ser considerada o livro-marco da defesa do protecionismo econômico. Nessa obra, Fichte irá apresentar a idéia da necessidade de se criar uma nação autárcica através de planejamento (estado dirigido) tanto da questão puramente comercial, com a proibição aduaneira, quanto em aspectos relativos à conversibilidade da moeda e necessidade de um território mínimo à auto-suficiência econômica (Estado de dimensão ótima, tese precursora da idéia de Lebensraum).
409 - Ademais, vale lembrar que Friedrich List, o suposto pai da defesa das infant industries, teve seus primeiros contatos com tais idéias quando estava exilado nos EUA na primeira metade do século XIX. A primeira sistematização sobre os argumentos em defesa da proteção às indústrias nascentes foi desenvolvida por pensadores estadunidenses como Alexander Hamilton e Daniel Raymond.
410 - List já falava que a Inglaterra queria chutar a escada do protecionismo e que o desenvolvimento industrial era essencial. Antes de tudo, era um nacionalista europeu, já que favorável inclusive à colonização.
411 - Vale também aqui lembrar da importante contribuição do economista romeno da primeira metade do século XX, Mihail Manoïlescu, ao pensamento econômico protecionista, principalmente no Brasil. Indica o livro de Love.
(continua...)
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