Econ - Livre Comércio Versus Protecionismo II

(continuação...)


412 - Prebisch e a desvantagem estrutural: tal fato estaria ligado à baixa elasticidade-renda dos principais produtos exportados pela periferia (bens primários) conjuntamente com a alta elasticidade-renda das importações periféricas e a relativa inelasticidade-preço da oferta dos produtos primários, que confluíam no sentido de gerar desequilíbrios externos aos países da periferia, dificultando ainda mais seu processo de desenvolvimento econômico.

413 - Prebisch argumentava também que os ganhos de produtividade da indústria no centro não eram distribuídos por meio do comércio internacional. (Com dados, seria melhor analisar isso)

414 - Polêmica: Eis aqui, para alguns como Bado (2004, p.11), um ponto de divergência entre o "pai do protecionismo moderno", Friedrich List, e Prebisch. List teria dado maior ênfase ao protecionismo "educador", temporário, focado em setores potencialmente competitivos, enquanto Prebisch teria apresentado uma abordagem que via no protecionismo mais amplo uma forma de consecução de estratégias nacionais de desenvolvimento periférico.

415 - Krugman e Helpman: nem tudo é diferencial de produtividade ou intensidade dos fatores: As economias de escala criam um incentivo adicional e geram comércio mesmo se os países forem idênticos em gostos, tecnologias e dotações de fatores. Mercado mundial. Diz que outros autores já falavam disso antes, mas Krugman sistematizou/organizou melhor.

416 - O modelo deles adiciona um dado: a estrutura de mercado típica dos produtos manufaturados é de concorrência monopolística. Assim, a especialização será, pois, fundamentada na conjunção das vantagens comparativas com economias de escalaO comércio internacional terá como característica basilar a ocorrência não só de comércio inter-indústria, mas também de comércio intra-indústria, tendo este último uma tendência de crescimento principalmente entre os países já desenvolvidos.

417 - Várias partes do texto ele não explica, creio pressupondo um conhecimento básico. Pois bem, embora intuitivas algumas, dão bons pontos de pesquisa que vale a pena eu anotar aqui: Seguindo a tradição marshalliana, pode-se apresentar três razões fundamentais para justificar a idéia de que um conjunto de firmas pode ser mais eficiente do que uma determinada firma observada isoladamente, quais sejam: a) existência de fornecedores especializados, b) criação de um mercado comum de trabalho, e c) transbordamento de conhecimento. Externalidades positivas, diz.

418 - A análise acerca das economias externas traz consigo também a idéia de rendimentos crescentes dinâmicos, isto é, levando-se em conta o acúmulo de conhecimento, os custos tendem a cair com a produção acumulada ao longo do tempo ao invés de caírem com a taxa de produção corrente. Tal aspecto abre espaço para argumentos protecionistas como o da indústria nascente, visto que a falta de experiência produtiva em determinada área é fator prejudicial à queda dos custos de produção e conseqüente aumento da competitividade internacional dos produtos nacionais.

419 - Porter: Também considera muito insuficiente a idéia de que a abundância de determinado fator de produção num país possa ser a explicação factual de sua competitividade internacional, embora não desconsidere sua importância relativa. As práticas administrativas e a política macroeconômica de um país são consideradas relevantes para a competitividade, mas não como fatores determinantes e prioritários(...) Porter coloca que os mecanismos de política macroeconômica ou de uso de vantagens comparativas fundamentadas em fatores abundantes geram competitividade espúria. A competitividade autêntica se fundamenta no aumento de produtividade das empresas. Destarte, o motor principal para o aumento da verdadeira competitividade é a busca, no interior das firmas, por aumentos de produtividade do trabalho, significando mudanças estruturais no ambiente interno das empresas.

420 - Porter e as estratégias empresariais: A conduta das firmas deverá ser pautada em cinco elementos fundamentais, os quais servirão de bússola na formulação das estratégias: 1) ameaça de novas empresas; 2) concorrência efetiva; 3) ameaça de novos produtos ou serviços; 4) poder de barganha dos fornecedores; e 5) poder de barganha dos consumidores. (...) Em mercados onde a diferenciação é mais difícil, como no mercado de produtos agrícolas (commodities), a estratégia da liderança pelos custos é priorizada, tendo como fundamento a idéia de que o menor custo num mercado de produtos homogêneos é fator primordial de aumento de competitividade e, por conseguinte, de lucros. Contudo, em mercado onde a diferenciação é mais fácil, as firmas tendem a tirar proveito de tal aspecto e buscam a diferenciação de produtos e a criação de certo grau de monopólio relativamente ao produto. Na estratégia de enfoque, a firma escolhe seu nicho específico do mercado quanto foco de busca de lucros.

421 - Como competir? Porter em 1989: Quatro elementos principais são apresentados e inter-relacionados como sendo de fundamental relevância na construção do diamante nacional. São eles: 1) condições fatoriais; 2) condições de demanda; 3) indústrias correlatas e de apoio; 4) estruturas, estratégias e rivalidade de empresas. Além dos quatro elementos principais, dois outros são apresentados como coadjuvantes no processo de construção da competitividade nas nações: a) o papel do Estado; e b) o papel do acaso.

422 - Observação: no wikipédia, li sobre possíveis críticas às concepções de Porter: Para uma visão severamente crítica acerca das teses de Porter, ver o artigo do Professor Omar Aktouf, da École des hautes études commerciales (HEC) de Montreal. Parece ser um autor marxista inclusive: https://www.scielo.br/pdf/rae/v42n3/v42n3a04.pdf

423 - Algumas coisas acima são intuitivas. As estratégias, estruturas e rivalidade de empresas no âmbito nacional são determinantes no processo de aumento das vantagens competitivas, tendo em vista que representam o contexto no qual as firmas são criadas, organizadas e dirigidas. Quanto maior a rivalidade, competição interna entre as firmas, maior é a chance de se gerar grandes players internacionais a partir da base interna de competitividade. Deste modo, Porter coloca que tanto estruturas de mercado monopolísticas ou oligopolísticas quanto as reservas de mercado tendem a não estimular a construção de vantagens competitivas.

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