Marx - Para Uma Crítica da Economia Política I

 

Marx - Para Uma Crítica da Economia Política:


462 - Texto de 1857. Na verdade, este texto é a introdução ao livro “CONTRIBUIÇÃO À CRÍTICA DA ECONOMIA POLÍTICA”. Começa criticando os liberais da época. A ironia das “robisonadas” e da ideologia individualista: a época que gera este ponto de vista, esta idéia do indivíduo isolado, é exatamente a época em que as relações sociais (universais, segundo esse ponto de vista) alcançaram o seu mais alto grau de desenvolvimento.

463 - O homem é um animal político, lembra. Mais que um animal social, afirma.

464 - Marx diferencia instrumento e trabalho acumulado/objetivado (que seria o capital). A mão pode ser instrumento de produção, mas não é certo que seja confundida com “capital”, que é uma relação social.

465 - Em termos gerais, a resposta é a seguinte: um povo industrial atinge o seu apogeu produtivo no momento em que atinge o seu apogeu histórico geral. ln fact , um povo encontra-se no seu apogeu industrial quando, para ele, o essencial não é o lucro, mas sim a busca do lucro (é essa a superioridade dos americanos sobre os ingleses). A resposta também pode ser a seguinte: certas raças, certas aptidões, certos climas, certas condições naturais (proximidade do mar, fertilidade do solo, etc.) são mais favoráveis à produção do que outras

466 - Critica a noção individualista de produção: a produção é sempre apropriação da natureza pelo indivíduo no seio e por intermédio de uma forma de sociedade determinada. …a história mostra-nos que a propriedade comum (por exemplo nos índios, nos Eslavos, nos antigos Celtas, etc.) representa a forma primitiva, forma essa que, durante muito tempo, continuou a desempenhar um papel muito importante, como propriedade comunal. De fato, o ser humano, a propriedade e a apropriação estão juntos, afirma, mas a forma dessa propriedade é outra história. Enfim, Marx não é contra a propriedade.

467 - Aos economistas burgueses parece-lhes que a produção funciona melhor com a polícia moderna do que, por exemplo, com a aplicação da lei do mais forte. Esquecem-se apenas de que a "lei do mais forte" também constitui um direito e que é esse direito que sobrevive, com outra forma, naquilo a que chamam "Estado de direito".

468 - Sobre produção e distribuição: Esta acusação baseia-se exatamente na concepção dos economistas segundo a qual a distribuição existe à margem da produção, como esfera autônoma e independente. Acusam-nos também de não considerarem os diversos momentos na sua unidade; como se esta dissociação não tivesse passado da realidade para os livros, como se ela tivesse vindo dos livros para a realidade! Como se se tratasse de equilibrar dialeticamente os conceitos, e não de analisar as reações reais!

469 - A distribuição meio que determina como será a produção. Ricardo, que se esforçou por analizar a produção moderna na sua estrutura social determinada e que é o economista da produção por excelência, declara, precisamente por essa razão, que o verdadeiro tema da economia moderna não é a produção, mas sim a distribuição.

470 - Todas as conquistas supõem três possibilidades: ou o povo conquistador impõe ao conquistado o seu próprio modo de produção (é o que os ingleses fazem atualmente na Irlanda e parcialmente na índia); ou então deixa subsistir o antigo e contenta-se com um tributo (por exemplo, os Turcos e os Romanos); ou, por fim, produz-se uma ação recíproca, de que resulta uma forma nova, uma síntese (em parte, nas conquistas germânicas). Marx coloca que o modo de produção escolhido vai determinar, também, a distribuição, portanto.

471 - Qualquer distribuição, no mínimo, guarda relação com o modo de produção. E o modo de pilhagem é, também ele determinado pelo modo de produção; não se pode pilhar uma nação de especuladores de Bolsa da mesma maneira que se pilha uma nação de criadores de gado.

472 - Por isso que achei boa parte do texto prolixo: alguém discorda da conclusão?: A conclusão a que chegamos não é de que a produção, a distribuição, a troca e o consumo são idênticos; concluímos, sim, que cada um deles é um elemento de um todo, e representa diversidade no seio da unidade. As esferas se determinam ao mesmo tempo.

473 - Parte importante do texto. Marx passa a refletir sobre qual seria o método da economia política: Por conseguinte, se começássemos simplesmente pela população, teríamos uma visão caótica do conjunto. Por uma análise cada vez mais precisa chegaríamos a representações cada vez mais simples; do concreto inicialmente representado passaríamos a abstrações progressivamente mais sutis até alcançarmos as determinações mais simples. Aqui chegados, teríamos que empreender a viagem de regresso até encontrarmos de novo a população - desta vez não teríamos uma idéia caótica de todo, mas uma rica totalidade com múltiplas determinações e relações. (...) Os economistas do século XVII, por exemplo, partem sempre do todo vivo: a população, a nação, o Estado, vários Estados, etc.,; no entanto, acabam sempre por descobrir, mediante a análise, um certo número de relações gerais abstratas determinantes, tais como a divisão do trabalho, o dinheiro, o valor, etc. Uma vez fixados e mais ou menos elaborados estes fatores começam a surgir os sistemas econômicos que, partindo de noções simples - trabalho, divisão do trabalho, necessidade, valor de troca - se elevam até ao Estado, à troca entre nações, ao mercado universal. Eis, manifestamente, o método científico correto. (...) O concreto é concreto porque é a síntese de múltiplas determinações e, por isso, é a unidade do diverso. Aparece no pensamento como processo de síntese, como resultado, e não como ponto de partida, embora seja o verdadeiro ponto de partida, e, portanto, também, o ponto de partida da intuição e da representação.

474 - Critica o método de Hegel (no qual o real é resultado pensamento), método que consiste em elevar-se do abstrato ao concreto é, para o pensamento, apenas a maneira de se apropriar do concreto, de o reproduzir na forma de concreto pensado. Isso não pode ser tudo! Mas apenas um momento do processo total. Por isso, Marx vai dizer logo em seguida: … porém, não é este de modo nenhum o processo de gênese do concreto em si. (!) Por tudo isso, exemplificará com o “valor de troca”: Tal valor não pode existir nunca senão sob a forma de relação unilateral e abstrata, no seio de um todo concreto e vivo já dado. Pelo contrário, como categoria, o valor de troca tem uma existência anti-diluviana.

(continuação...)

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