Econ - Jennifer Hermann - Auge e Declínio do Modelo de Crescimento Com Endividamento - o II PND (Parte 1)

 

Jennifer Hermann - Auge e Declínio do Modelo de Crescimento Com Endividamento - o II PND:

203 - Com o milagre, cresceu a indústria de bens de consumo duráveis, o que ampliava, porém, a dependência externa em relação a de bens de capital. Importações crescem portanto.

204 - Também aumentou a necessidade de petróleo. Importávamos 60% dele e passamos a importar 81%.

205 - Ao mesmo tempo, o aumento da dívida externa exigia superávits comerciais para pagar, sob pena de aumento do mesmo e um ciclo vicioso.

206 - Ficamos sujeitos a uma demanda externa que tinha que permanecer em crescimento. Também à liquidez internacional e, por fim, a uma política cambial adequada. Se faltam esses ingredientes, só resta a saída indigesta da desvalorização cambial e/ou freio das importações e, portanto, do crescimento.

207 - Os choques do petróleo e os juros de Reagan matariam tudo.

208 - O primeiro choque tornou o balanço de conta corrente bem deficitário. A “saída” para isso foi se aproveitar do aumento da liquidez internacional causada pelos “petrodólares” árabes que fluiam aos países centrais buscando segurança. Financiariam o déficit brasileiro. Dívida, já que as exportações sozinhas - num contexto em que a demanda internacional estava desaquecendo - não conseguiam impedir o crescimento desta. Para crescer, era necessário também importar. Não se gerava saldo em dólar portanto. Depois que o país crescesse é que se pensava em reequilibrar as coisas (não contavam com a segunda porrada que viria em 79/82). Foi assim que o investimento público pôde continuar alto em Geisel, inclusive com políticas expansionistas das estatais. Por isso que quando a torneira da liquidez também fechou e deixou de ser a válvula de escape...

209 - O segundo choque gerou elevação drástica da taxa de juros dos EUA para conter a inflação lá. Assim, caiu a liquidez para os emergentes. O famoso “fudeu de vez”. Países desenvolvidos passaram a importar ainda menos produtos brasileiros, afirma, devido à recessão que os juros causaram inicialmente lá. Ademais, a dívida externa ganhou dinâmica explosiva (grande parte dela era em taxas flutuantes de juros, revisadas de seis em seis meses). Duplo prejuízo nas contas externas brasileiras. Os custos de rolagem das dívidas também cresceu, até pelo próprio aumento da percepção de risco e fuga dos capitais para os EUA (com seus juros altos).

210 - Voltando ao primeiro choque (73), inicialmente ele até provocou alta - ainda que menor que em 81 - dos juros também, mas logo que os petrodólares entraram, as taxas foram caindo e possibilitando o “endividamento expansionista” brasileiro. De 10,8% em 74 foi para 6,8% em 77.

(continua...)

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