Econ - Kalecki - Três Caminhos Para o Pleno Emprego I
Kalecki - Três Caminhos Para o Pleno Emprego:
275 - a) “déficit” governamental com investimentos e subsídios; b) Estímulo ao setor privado (como analisado no texto acima/anterior); c) redistribuição de renda das classes de mais alta para as de mais baixa renda (maior propensão marginal ao consumo).
276 - A diferença entre gasto governamental advindo de imposto extra e o mesmo gasto advindo de empréstimos (por isso chamei de déficit, acima): Este dispêndio é financiado por empréstimos, e desta forma não implica a redução do investimento privado (desde que a taxa de juros seja mantida constante) nem do consumo não-subsidiado, e cria, portanto, demanda efetiva adicional. (...) Deve-se notar que o aumento das rendas provoca, depois de algum tempo, uma elevação da receita tributária, de modo que o déficit orçamentário final é menor do que o incremento das despesas governamentais. (Se não houver retração do investimento privado, sim, Kalecki. Se esse não confiar que o investimento ou subsídio público vai caronar a coisa…)
277 - Afirma que déficit orçamentário não tem que gerar retração do investimento privado e/ou elevação da taxa de juros: Se, no entanto, o Banco Central expandir a base de caixa dos bancos privados para capacita-Ios a expandir suficientemente seus empréstimos, mantendo simultaneamente o encaixe monetário exigido, não surgirá a tendência à elevação da taxa de juros. Explica que seria uma ampliação conforme a demanda. (O banco é privado. Ele faz o que quiser. Pode usar a sobra de caixa pra investir na bolsa ou no exterior. Não vi resposta de Kalecki a isso. Espero que ele “abra o modelo” mais à frente). Sobre a taxa de longo prazo, afirma que basta aumentar a quantidade de “curto prazo” para impedir que o juros da de longo exploda. Ao menos foi o que entendi. Seria a “twist”. Definição de site pra se algum dia eu esquecer:
Uma delas é conhecida como Operação Twist, cujo efeito é reduzir os juros para o horizonte de longo prazo. Isso, na prática, em momentos de crise como o atual, pode ajudar empresas a captarem recursos no mercado a custos menores e com um prazo maior. Nesse tipo de intervenção já feito pelo Fed, a autoridade monetária compra uma quantidade expressiva de títulos de longo prazo, enquanto coloca títulos de curto prazo no mesmo volume com taxas de juros pós-fixadas muito baixas na outra ponta, sem ter problemas de enxugamento ou de excesso de liquidez no mercado. A medida que os juros dos títulos públicos se reduzem, os custos para emissores privados (empresas e bancos) também diminuem, pois o mercado sempre precifica o risco corporativo e bancário com um prêmio adicional sobre o risco soberano (do País). A PEC 106 permitiu, mas só durante o combate à Covid. Não deixa de ser quase monetização da dívida.
278 - A inflação somente ocorrerá se a demanda efetiva crescer tanto que provocará uma escassez geral de força de trabalho ou equipamento (ou ambos). Realmente não tem muita diferença para a “MMT”. Se ultrapassar isso, ele admite que pode virar uma espiral de preços e salários.
279 - Ademais, a capacidade ocioso não pode baixar a zero, pois devem existir sempre folgas para acomodar deslocamentos de demandas! Portanto, muito cuidado com o “há capacidade ociosa”. Vários setores poderiam gerar, um a um, perigosas demandas inflacionárias com esses deslocamentos.
280 - Nos países atrasados esse risco é ainda maior. Numa economia onde o equipamento de capital é insuficiente, é necessário haver um período de industrialização ou reconstrução durante o qual o equipamento existente seja expandido a uma taxa um tanto mais elevada.
281 - Economia aquecida também dá poder de barganha aos sindicatos e afins, mas isso não é um risco por si só. Se às pressões salariais se responde com aumento da produtividade, tem-se uma derrota de qualquer tentativa de espiral inflacionária.
(continuação...)
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