Filosofia - Textos Diversos XX - Entrevista com Rorty
Entrevistas com Rorty:
328 - Neo-pragmático ou pós-analítico. Rorty não acredita numa correspondência direta entre o pensamento e o mundo –considera-se "antidualista, antiplatônico e antifundacionista" (é contra a idéia de que a filosofia paira acima da história e das práticas sociais e tem a função de fundar o conhecimento).
329 - Diz que nem ele, Dewey e Derrida são relativistas.
330 - O termo terapia filosófica está associado, em inglês, a Wittgenstein, que era especialista em dizer que muitos dos problemas tradicionalmente discutidos em livros de filosofia simplesmente não precisam ser discutidos. São resultado de uma obsessão neurótica em relação a certos conceitos dispensáveis. Filosofia terapêutica é uma concepção de filosofia onde você tenta se livrar das muletas, da escolástica, das questões cujos temas provocam debates infindáveis e infrutíferos.
331 - Afirma que Dewey é o melhor anti-kantiano e anti-hegeliano. Não Marx.
332 - É certamente uma possibilidade, mas o medo do cinismo também já estava presente nos séculos 17 e 18, quando os intelectuais estavam começando a secularizar a cultura. As pessoas pensavam que, sem as crenças religiosas tradicionais, o cinismo ia tomar conta. Estavam errados. Os intelectuais foram bem-sucedidos em secularizar a cultura sem produzir cinismo. Por analogia, espero que possamos nos livrar da metafísica e, ainda assim, evitar o cinismo.
333 - É contra Lyotard e o pós-modernismo. Acha dramático e que não há mudança em tal nível.
334 - A idéia é que, se você abre mão de Deus, da idéia da verdade como uma representação exata e da natureza intrínseca da realidade, não sobra nada além das práticas sociais humanas em que você possa se ancorar. O termo solidariedade é apenas uma maneira de sugerir que nós, humanos, só podemos contar conosco e não podemos procurar a salvação fora das práticas sociais.
335 - Diz que ser humano é rede neural e rede linguística. Podemos trocar a psicologia pela neurologia.
336 - … trata-se de uma ampliação do conhecimento de nós mesmos. Eu não diria que Lacan descobriu uma grande verdade sobre a condição humana. Lacan, simplesmente, deu-nos, em minha opinião, uma outra perspectiva sobre nós, mas ainda uma perspectiva.
Freire Costa - O sr. quer dizer uma outra descrição?
Rorty - A meu ver, a psicanálise forma um contínuo com a literatura. Não é um assunto para ser estudado; é um assunto sobre o qual se escrevem bons livros que devem ser lidos.
337 - Ele parece conceber que escritos partindo do concreto são mais úteis que as teorias e abstrações sobre temas quaisquer. E as grandes teorias que surgem antes mesmo de uma experimentação e depois só são confirmadas por esta? Na Física tem muito. Não seria uma mostra de poder e importância da abstração e hipóteses especulativas? Não que eu seja contra a partir do concreto.
338 - Os intelectuais nos EUA passam 90% de seu tempo falando sobre identidade, isso não tem ligação com uma disciplina política, é uma espécie de preocupação estética.
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