Filosofia - Textos Diversos X - Problemas da filosofia da ciência (David Papineau)
David Papineau -
Problemas da filosofia da ciência:
200 - A ciência, em
Popper, não vem de mera indução (que são generalizações esperadas: tipo o sol
nascer sempre todo dia), mas da formulação de hipóteses
refutáveis/falsificáveis.
201 - Os bayesianos
seriam mais precisos que Popper. Os
bayesianos argumentam que as nossas crenças se organizam por graus, e que esses
graus de crença obedecem, se se tratar de crenças racionais, ao cálculo de
probabilidades. (...) o teorema de Bayes implica uma estratégia racional para
actualizar os nossos graus de crença como resposta a dados novos. Em relação ao
problema da indução, esta estratégia implica que o nosso grau de crença numa
teoria científica seja aumentado por observações que são prováveis dada a
teoria, mas improváveis de outro modo.
202 - Discute-se acerca
de se é possível fazer descrições verdadeiras com corpos inobserváveis, tipo
vírus e eléctrons (não entendi porque não seria). Só que alguns querem estender
essa relativização: … “Um corolário
disto, para Kuhn e Feyerabend, é que a verdade científica objectiva não é
alcançável mesmo ao nível dos observáveis, quanto mais ao nível dos
inobserváveis. Kuhn argumenta que a história da ciência apresenta uma sucessão
de «paradigmas», conjuntos de pressupostos e exemplos representativos que
condicionam o modo como os cientistas resolvem problemas e compreendem os
dados, e que apenas são substituídos, em «revoluções científicas» ocasionais, quando
os cientistas mudam de uma crença teórica para outra.”
203 - Meta-indução
pessimista: se grandes e relevantes modelos científicos que guiaram o passado
se mostraram, muito tempo depois, falsos (astronomia ptolemaica), então a
ciência do presente também será falsa lá na frente. Em resposta a isto, pode-se argumentar que até mesmo as teorias do
passado falsas contêm uma grande componente de verdade, e que portanto se pode
esperar que as teorias do presente e do futuro se aproximem da verdade.
204 - Filósofos da
ciência naturalistas: não almejam a verdade, mas coisas como a simplicidade, o sucesso das previsões e a
proficuidade heurística.
205 - Sobre a questão de distinguir leis de
acidentes, há duas estratégias possíveis. A primeira permanece fiel ao ponto de
vista humeano de que as proposições legiformes não afirmam nada mais do que a
associação constante e tenta então explicar por que razão algumas asserções que
exprimem associações constantes — as (legiformes) — são mais importantes do que
as outras — as acidentais. (...) na formulação de Ramsey, as leis são «uma
consequência daquelas proposições que tomaríamos como axiomas se soubéssemos
tudo e o organizássemos do modo mais simples possível num sistema dedutivo». A
estratégia não humeana alternativa, cujo defensor mais proeminente é D. M.
Armstrong, rejeita o pressuposto de que as leis não implicam mais do que
associações constantes, postulando em vez disso uma relação de «necessitação»
que se verifica entre os tipos de acontecimentos que estão relacionados de modo
legiforme, mas não entre aqueles que apenas estão associados acidentalmente.
206 - O advento da mecânica quântica (e em
particular a infirmação empírica da desigualdade de Bell) persuadiu a maioria
dos filósofos da ciência da falsidade do determinismo. De acordo com isto,
procuraram desenvolver modelos de explicação causal segundo os quais as causas
se limitam a tornar prováveis o seus efeitos, em vez de os determinar. A multicausalidade gera muitos problemas:
os modelos mais recentes apenas exigem
que as causas aumentem a probabilidade dos seus efeitos, mesmo que apenas seja
de um valor baixo para um valor ligeiramente menos baixo.
207 - Teoria das
probabilidades e a questão da frequência em que o fenômeno ocorre ou é
repetido: toma a probabilidade como uma
característica quantitativa de cenários específicos, que é exibida pelas
frequências nas repetições desses cenários, mas que não pode ser definida em
termos de frequências.
208 - Tomada à letra, a mecânica quântica diz que,
quando os sistemas físicos são medidos, adquirem subitamente, para parâmetros
observáveis, valores definidos que não tinham antes.
209 - O cão, Satanás,
Lúcifer, em todo o seu poder, é quem entende essa treta de Bell em
detalhes: A reacção de Albert Einstein foi a de que a mecânica quântica tinha de
ser incompleta, e que uma teoria futura acabaria por encontrar as «variáveis
ocultas» que efectivamente determinam os resultados observados. Contudo, a
possibilidade de uma teoria comprometida com tais variáveis ocultas foi
entretanto concludentemente desacreditada: John Bell mostrou que qualquer
teoria desse género conteria previsões diferentes das da mecânica quântica, e
há resultados experimentais que infirmam essas previsões.
210 - E o reducionismo?
Que hierarquiza as ciências como partes menores e mais detalhadas de uma
ciência (conjunto de conhecimento) maior? O texto afirma que mesmo que a ciência proceda em direcção à
verdade total de modo errático, pode haver razões gerais para se esperar que
esta verdade total, quando finalmente for alcançada, se reduza à verdade
física.
211 - Ou não. Há leis
especiais para além da física, especula finalizando o texto. Complicado viu,
pai.
.
Comentários
Postar um comentário