Filosofia - Textos Diversos VIII - Mundo de Sofia: David Hume

 

David Hume - Mundo Sofia:

175 - Hume viveu no Iluminismo e tirava conclusões da observação do cotidiano.  Sua obra mais importante, Tratado sobre a natureza humana, foi publicada quando Hume tinha vinte e oito anos. Ele mesmo dizia, porém, que desde os quinze já tinha as idéias para este livro...

176 - Em Hume, a impressão é a base da ideia, que será, no futuro, a lembrança da impressão. Ás vezes a nossa mente pega duas impressões reais e junta numa ideia falsa ruim. Por exemplo, um par de asas e um cavalo, duas coisas reais, viram “pêgasus”, um cavalo alado.

177 - Em primeiríssimo lugar, ele precisa decompor uma noção complexa em suas noções simples constituintes. É assim que ele pretende chegar a um método crítico de análise das idéias do homem. E também é assim que ele pretende "fazer uma faxina" nos nossos pensamentos e idéias.

178 - A viabilidade das ideias falsas e complexas exige a experimentação de impressões simples, são sua base: Para Hume, porém, todo o material que usamos para compor nossas imagens oníricas chegou um dia à nossa consciência por meio de impressões simples. Uma pessoa que nunca viu ouro não consegue imaginar o que seja uma rua de ouro.

179 - … Mas também na vida cotidiana empregamos conceitos complexos, sem nos perguntarmos se eles têm alguma validade. É o caso por exemplo, da noção de um Eu, ou de um núcleo da personalidade. Foi esta a noção que serviu de base para a filosofia de Descartes. Ela foi a noção clara e nítida sobre a qual ele construiu toda a sua filosofia.

180 - Hume, Buda e a não-existência do “eu”, uma ideia complexa: É muito intrigante como os dois se expressam de forma parecida. Buda considerava a vida humana uma sucessão ininterrupta de processos físicos e mentais, que modificavam as pessoas a cada momento. O bebê de colo não é a mesma pessoa em idade adulta; hoje não sou o mesmo de ontem. Buda pregava que não posso dizer que alguma coisa me pertença, assim como não posso dizer que este sou eu. Não há., portanto, um eu, e a personalidade não possui um núcleo rígido, imutável.

181 - Seja como for, sabemos que Hume rejeitou toda e qualquer tentativa de provar a imortalidade da alma ou a existência de Deus. Isto não significa que ele considerava impossíveis ambas as coisas; significa apenas que considerava um absurdo racionalista achar que seria possível provar a fé religiosa com a razão humana. Hume não era cristão; tambérn não era um ateu convicto. Ele era o que chamamos de agnóstico.

182 - Se soltamos uma pedra ela cai. E se não cair? Eu ficaria mais surpresa que um bebê de um ano com isso. Por que? Porque a natureza ainda não é um hábito tão frequente para um bebê de um ano. Hume quer que tenhamos mais cuidado com nossas conclusões. O fato de algo acontecer mil vezes não quer dizer que vai acontecer mil e uma. O bebê de um ano não acha graça numa mágica de levitação, porque ela não sabe que aquilo contraria uma lei da natureza.

183 - A criança vive ainda a experiência sem ideias pré-concebidas e estas, ainda que úteis, podem matar um filósofo. Portanto, cuidado.

184 - Hume: Quando falamos de "leis da natureza" ou de "causa e efeito" estamos falando na verdade de hábitos humanos e não de algo racional. As leis da natureza não são racionais nem irracionais . Elas simplesmente são. A expectativa de que a bola branca de bilhar entre em movimento quando atingida pela preta não é, portanto, uma coisa inata. (...) Hume não rejeita o fato de existirem leis naturais imutáveis. Só que como não somos capazes de experimentar tais leis em si, podemos facilmente tirar conclusões erradas.

185 - Parece que trovão é um efeito do raio, mas nem é. Ambos acontecem ao mesmo tempo, por uma descarga elétrica.

186 - Causa e efeito: Por isso precisamos ter um grupo de controle formado por indivíduos que acreditam estar tomando o mesmo medicamento, quando na verdade estão tomando bolinhas de farinha e água.  Se estas pessoas também se curarem, então deve haver um terceiro fator que as curou: por exemplo, a fé no poder de cura do medicamento.

187 - Hume não vê que a razão possa definir a moral. Não vê o direito natural como algo inato. Não é razão, é emoção.

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