Filme - "A Missão"


Este fichamento não foi feito por mim. É sobre o filme.








 

1 - Recebeu vários prêmios (Oscar de melhor fotografia; Palma de Ouro e Grande Prêmio Técnico de Cannes; Globo de Ouro de melhor trilha).

 

 

2 - Curiosidades:

 

a) Vários intérpretes de nativos eram, na verdade, índios da América do Sul, que pouco falavam inglês e tiveram liberdade para falar o que quisessem em cena.

 

b) A maioria do elenco e da equipe técnica de A Missão teve disenteria durante as filmagens. Robert De Niro foi um dos poucos que não teve a doença.

 

Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-2152/curiosidades/

 

 

3 - (tem uma sinopse do filme em forma de diálogo que é sensacional. Acho que era extra-oficial, porém. É de uma das melhores cenas).

 

 

4 - “...o filme foi rodado nas selvas da Colômbia e na Argentina, na região próxima às cataratas do Iguaçu.” (...)

Fonte: http://50anosdefilmes.com.br/2010/a-missao-the-mission/ (Sérgio Vaz)

 

Confirmei locais da filmagem (detalhados) no IMDB:

https://www.imdb.com/title/tt0091530/locations?ref_=ttrel_ql_5

 

 

5 - Contexto histórico (este ponto aqui é quase puro spoiler): Se bem que o filme já começa dando a real, no primeiro dizer: “– “Vossa Santidade, a questão que me trouxe aqui está agora resolvida. E os índios estão de novo livres para serem escravizados por portugueses ou espanhóis.”

 

...história real que ocorreu em 1750, na tríplice fronteira entre Argentina, Brasil e Paraguai, e que envolve os índios guaranis e os padres jesuítas da missão São Miguel em grandes batalhas, conhecidas como Guerras Guaraníticas, contra soldados espanhóis e portugueses, representantes dos interesses das Coroas Ibéricas.

 

No centro de The Mission está o Tratado de Madrid de 1750, um acordo entre Portugal e Espanha que determinou a passagem para o domínio português de uma área onde estavam estabelecidas diversas missões jesuítas. (...) Nas negociações que antecederam o tratado, um emissário do Papa é enviado às Américas para arbitrar o diferendo entre os representantes das coroas de Portugal e Espanha e os missionários jesuítas. Os índios se recusaram a deixar as missões, daí as guerras. Não era mera questão territorial. Relata-se que o interesse principal no desmantelamento das missões era escravizar a mão-de-obra indígena.

 

Mais explicações - estas extra-filme - no “50 anos…”: O Tratado de Tordesilhas, de 1534, dividia a América no meridiano 46 – o que estava a Leste era português, o que estava a Oeste era espanhol. Em 1750, o Tratado de Madri cancelou a linha reta, fixa, imaginária, que havia sido derrubada na prática pelo avanço dos portugueses e seus descendentes bandeirantes; as fronteiras da parte portuguesa avançaram rumo a Oeste, formando praticamente o que são as fronteiras atuais entre o Brasil e seus vizinhos colonizados pela Espanha. A Igreja mediou ambos.

 

Ademais, Portugal, governado na prática pelo Marquês de Pombal, exigia que os jesuítas se desfizessem das missões, e as entregasse ao jugo do império português. Se isso não fosse feito, os jesuítas seriam banidos de Portugal e de todas as suas colônias.

 

Os guaranis encontravam relativa paz nas missões, já que estavam sendo caçados por mercadores de escravos e afins.

 

A fala do próprio cardeal Altamiro (fictício, como todos, parece) dá o tom do drama: “"...Então este é o fardo que carreguei até a América do Sul. Satisfazer os portugueses, que queriam alargar seu império. Satisfazer o desejo espanhol de que isso fosse feito sem prejuízo para eles. Satisfazer Vossa Santidade, para que esses monarcas de Portugal e Espanha não ameacem o poder da Igreja. E para assegurar a todos que os jesuítas aqui não poderiam mais continuar a negar essas satisfações.”

 

 

6 - Vi, ontem, nos comentários em sites por aí (não lembro onde… quanta precisão nas minhas fontes...), um rapaz dizendo que amigos historiadores criticam algumas coisas do filme no que diz respeito à representação da cultura, comportamento e mesmo estética dos índios. Não detalhou muito, mas considerou um desrespeito. Outros comentaram que os jesuítas “não foram tão bonzinhos” como pinta o filme, o que é possível.

 

 

7 - O diretor Roland Joffé começou no teatro (estudou teatro e inglês, inclusive) e depois na TV. ... no início dos anos 1970, Joffé frequentou as reuniões do Workers' Revolutionary Party ("Partido Revolucionário dos Trabalhadores"), uma pequena formação trotskista, ativa até meados da década de 1980, na Inglaterra e na Irlanda do Norte. (Ou seja, petralha que usa a lei Ruanê!) … Em 1977, Joffé foi contratado pela BBC para dirigir uma peça - The Spongers. Mas Joffé tinha sido colocado na lista negra: o produtor da peça, Tony Garnett, soube que, nos arquivos do MI5 (é o FBI britânico...), Joffé era considerado como um "risco de segurança", em razão de suas posições políticas de esquerda. Quando Garnett ameaçou denunciar publicamente o fato, o veto contra Joffé foi levantado. A peça de Joffé, The Spongers, recebeu vários prêmios, incluindo o prestigioso Prix Italia. Depois de The Mission deve ter endoidado, pois só fez filme esquisito. De interessante, é isso.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Roland_Joff%C3%A9 (pra que melhor?)

 

Noutro link, já trazido aqui - o do 50anosdefilmes: O diretor Roland Joffe vinha de uma estréia no cinema que foi grande sucesso de público e crítica, Gritos do Silêncio/The Killing Fields, sobre os massacres do Khmer Rouge no Camboja nos anos 80 – sete indicações ao Oscar, três prêmios. Antes, Joffe tinha firmado uma boa reputação como diretor de filmes para a TV inglesa com claras simpatias pela esquerda. Era uma espécie assim de um discípulo de Ken Loach.

 

 

8 - Esta resenha (com spoilers) é legalzinha por alguns comentários que faz sobre a câmera e direção, mas nada demaaaais:

https://cinemaedebate.com/2010/01/19/a-missao-1986/

 

 

9 - A trilha de Morricone, pra variar, é muito bem elogiada pela crítica. Joffé já havia trabalhado, no sucesso anterior, com o também famoso Mike Oldfield (de Tubular Bells).

 

 

10 - Sobre a recepção do filme em geral, pouca informação até agora. Todos só apresentam como sucesso, isso devido aos prêmios e críticas positivas que recebeu. De crítica “oficial” negativa, só achei isto no “50 anos de filmes” (SPOILERS a seguir!):

 

A imensa quantidade de informações, o ritmo rápido com que o padre Gabriel conquista a amizade dos guaranis e com que Rodrigo mata o irmão, mergulha na culpa, depois aceita o desafio de enfrentar de novo a vida, mais a complexa trama política envolvendo os impérios português e espanhol e a interferência do Vaticano – tudo isso mostrado na primeira meia hora de um filme de 125 minutos de duração – parecem ter assustado alguns críticos americanos.

 

Apesar de o filme ter levado a Palma de Ouro em Cannes, e ter tido sete indicações ao Oscar, incluindo os de melhor filme, direção e trilha sonora (levou só o de fotografia para Chris Menges), e 11 indicações ao Bafta (levou os prêmios de montagem, ator coadjuvante para Ray McAnally e trilha sonora para Morricone), Leonard Maltin e Roger Ebert, dois dos mais badalados críticos americanos, deram apenas 2.5 estrelas em 4, e fizeram duros ataques à obra.

 

Maltin falou da beleza visual do filme e do Oscar pela fotografia de Chris Menges, da riqueza das imagens, mas disse que a narrativa se prolonga tanto até chegar à conclusão inevitável que seu poder dramático vai pelo ralo. Admite, porém, que o roteiro é literário, erudito, e que Iron e De Niro têm grandes atuações.

 

Roger Ebert foi fundo: “Ficamos curiosos em saber por que tantas pessoas talentosas foram tão longe para fazer um filme difícil e belo – sem que qualquer uma delas, com base na evidência disponível, tivesse a menor noção de sobre que é o filme. Não há um momento em The Mission que não seja observável, mas os momentos não se somam em uma narrativa coerente. Ao final, podemos tentar juntar algumas coisas, mas o filme nunca de fato nos pegou.”

 

 

11 - Quanto ao público… Arrecadaram menos do que gastaram, parece. Orçamento teria sido de 24 milhões de dólares e a bilheteria deu 17 milhões... - Fonte: 

https://agrandeilusaocaminha.wordpress.com/2017/03/08/a-missao-1986/

 

 

12 - Ah, no começo eu tava meio assim assim… mas o filme, com seus defeitos, é bom mesmo. Discordo parcialmente desses dois críticos acima. Reassistiria fácil inclusive. Agora em 6.5 GB, pois terminou de baixar hoje de manhã e as imagens são fantásticas. As cachoeiras e tal. Tão lindas quanto...


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