Filosofia - Textos Diversos XI
Deleuze Para as Férias:
212 - Nada com nada até
agora.
213 - Numa entrevista,
coloca que o trabalho do filósofo é “inventar conceitos”...
214 - Aqui finalmente
algo concreto, mas tirado aparentemente do cu: “Nos agenciamentos, há estados de coisas, de corpos, misturas de corpos,
ligas, há também enunciados, modos de enunciação, regimes de signos. As
relações entre os dois são muito complexas. Por exemplo, uma sociedade não se
define por suas forças produtivas e por sua ideologia, mas, antes, por suas
“ligas” e seus “vereditos”. As ligas são misturas de corpos praticados,
conhecidos, permitidos (há misturas de corpos interditadas, tal como o
incesto). Os vereditos são os enunciados coletivos, isto é, as transformações
incorporais, instantâneas, que têm curso numa sociedade (por exemplo, “a partir
de tal momento tu não és mais uma criança...”).” Um dia vou tentar ler esse
livro, mas sem otimismo.
215 - Torturantes esses
textos. Parecem saídos do fabuloso gerador de lero-lero.
Descartes - Coletânea de
Textos:
216 - Descartes vem criar
um novo grande sistema, continuando, porém, a tradição de ênfase na razão (não
confiava nos sentidos, por exemplo) e de que, ao contrário do que pensam os
céticos, é possível conhecer. Novamente
podemos traçar aqui um paralelo com Sócrates, que nunca se deu por satisfeito
com o ceticismo dos sofistas.
217 - Descartes querendo
descobrir se algo é verdadeiro: Para
conseguirmos isso, temos de decompor um problema complicado em tantas partes
isoladas quanto possível. E então podemos começar pelos pensamentos mais
simples.
218 - Sobre os sentidos,
quem garante que a vida real não é a dos sonhos, por exemplo, e nossa vida
“acordado” é a dos sonhos/irreal?!
219 - Para Descartes, a
única coisa que dá pra ter certeza é de que somos um ser pensante. Isso é
inequivocamente real. Também acha que seria impossível concebermos, em toda a
nossa imperfeição, a ideia de um ser perfeito se esse ser perfeito não
existisse de fato e implantasse essa ideia inata na nossa razão.
220 - Também vai dizer que
as propriedades quantitativas (medições matemáticas) são autoevidentes. Não é
uma questão de sentido (como as cores), mas de razão.
221 - Deus e o dualismo
do filósofo: Chamamos Descartes de
dualista, o que significa que ele estabelece uma nítida linha divisória entre a
realidade material e a espiritual. Por exemplo, só o homem tem uma alma. Os
animais pertencem completamente à realidade material. Sua vida e seus
movimentos são absolutamente mecânicos. Descartes considerava os animais uma
espécie de máquinas complicadas. Também no que se refere à realidade material,
portanto, sua noção de realidade era absolutamente mecanicista. Exatamente como
os materialistas.
222 - A alma aparece como
a própria razão e é independente do corpo.
223 - Por que reflexão filosófica
era menos livre ou necessária na Idade Média? "Ora, pensavam os medievais, se Deus já revelou aos homens todos
os ensinamentos necessários, basta Ter fé e seguir a palavra divina."
224 - … o papa Inocêncio IV (1190-1254) criou até
uma lei especial que obrigava os príncipes a queimar, num período de cinco
dias, todas as pessoas consideradas hereges pela Igreja. Se não cumprisse a
determinação pontifícia, o príncipe era excomungado.
225 - Os adversários da burguesia variaram de
acordo com as circunstâncias locais. Às vezes a Igreja foi o principal inimigo.
Houve ocasiões em que Igreja e burgueses se uniram para combater a aristocracia
decadente. Burguesia e nobreza às vezes se uniram para fundar uma Igreja
nacional, como aconteceu na Inglaterra e na Alemanha.
226 - O protestantismo
veio a dar fôlego ao racionalismo, ainda que em moldes religiosos. Foi dado o
direito do indivíduo de pensar por si próprio ou ler a Bíblia e pessoas eram
alfabetizadas para isso. Os dogmas iam sendo contestados. O mundo não era mais
mera passagem a ser admirada e praticamente incognoscível, era pra ser vivido e
a natureza dominada. A razão era a ferramenta.
227 - Para
Descartes, a Matemática poderia ser adotada como base para um conhecimento
exato e universal, exatamente porque trabalha com um mundo elaborado pela
própria Razão. Conclusão: a Matemática era a prova de que a Razão percebe a
verdade e é capaz de "fabricar" instrumentos e idéias verdadeiras,
inclusive em outros campos do conhecimento.
228 - É entusiasta da
dedução. Pensamentos simples agrupados para formar um complexo.
229 - A intuição é a capacidade de compreender uma
verdade "de estalo", sem precisar ficar raciocinando. É aquilo que
chamamos hoje de "sacada", "tchans". Por exemplo, é
evidente que "o todo é maior que a parte’; "para morrer basta estar
vivo"; "todo efeito tem uma causa".
A dedução é a capacidade de tirar conclusões a partir de verdades já
conhecidas e corretas. Estas seriam o ponto de partida para se concluírem
outras verdades. Por exemplo, a partir da frase "para morrer basta estar
vivo", não se pode nunca dizer em seguida "se eu morrer", mas
sim "quando eu morrer’.
Se já nascemos com a capacidade de intuir e deduzir, por que então
inventar um método? Não bastaria usar essas capacidades inatas, simplesmente?
Descartes afirmava que o método permite que a Razão seja usada corretamente. O
importante é usar bem!
230 - Eu posso me enganar porque sou livre! Da
mesma forma, também tenho liberdade para não me enganar: bastar usar
adequadamente a Razão que Deus me deu.
231 - Pode-se duvidar da
existência do mundo: talvez ele não passe de uma ficção: pode-se duvidar da
existência do corpo ou se estamos acordados ou sonhando. Pode-se duvidar do
próprio pensamento; mas, enquanto duvidamos, estamos pensando. (...) Penso,
logo existo é uma verdade primeira e irresistível, apta a fundar a ciência,
referindo-se a si mesmo, sem recorrer a qualquer forma de transcendência, seja
ela mítica ou teológica.
232 - O método propício á ciência cartesiana é
geométrico-algébrico. Os sentidos (e paixões) são enganosos. Há esse
conflito. A visão cartesiana
inviabilizou, segundo Horkheimer, qualquer equilíbrio classicista ou romântico
do homem com a natureza, eliminou as relações harmoniosas ou de afinidade,
fazendo prevalecer o hermetismo da natureza. Entre o Eu e a natureza não há
diálogo comunicativo, mas tensão e luta.
233 - Capra: A Física do século XX mostra-nos
convincentemente que não existe verdade absoluta em ciência, que todos os
conceitos e teorias são limitados.
234 - A idéia
de Descartes, que consiste em reduzir o confuso e obscuro a claro e distinto, é
a idéia que consiste em eliminar do universo a qualidade e não deixar mais do
que a quantidade. E essa quantidade, submetida à medida e á lei, tratada
matematicamente pelos recursos que, primeiro a geometria analítica, logo o
cálculo diferencial e integral, mais tarde, modernamente, o cálculo de vetores
e toda a físico-matemática proporcionam, submetida à essas elaborações, produz
hoje em dia o mundo científico, que é tão estranho ao mundo de nossa intuição
sensível, como este que nos propunha Descartes.
235 - Outro texto faz uma
defesa de Descartes: O homem é uma
natureza composta, mas o que o distingue e lhe configura a essência é o
pensamento; portanto, o espírito. O humanismo significa a preponderância das
qualidades humanas que estão mais diretamente ligadas ao espírito.... (...) A
vocação do intelecto para o domínio tecnológico do mundo está, portanto,
inteiramente subordinada a valores racionais, que para Descartes são aquele
originados do espírito. O domínio da natureza é sobretudo o domínio do
pensamento sobre a matéria.
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