Filosofia - Textos Diversos XIII
Edmundo Lima de Arruda Jr
- Habermas, Pangloss do século XX:
252 - Teoria do agir
comunicativo: lº) homens de boa vontade
buscam de alguma forma o diálogo para solução de problemas cada vez mais
comuns; 2º) se dispõem a se encontrar e se colocar em acordo com algumas regras
do jogo; 3º) aceitando que prevalecerá entre eles sempre o melhor argumento,
construído dialogicamente, ou seja, numa «discussão livre» na qual os pontos de
vista iniciais podem e devem sofrer revisões, durante o embate discursivo; 4º)
e que se curvarão diante das consequências das posições assumidas
processualmente no debate de idéias e posições políticas, mudando suas formas
de agir socialmente. Vê-se desta forma que não se trata de mera utopia, pois
Habermas não deixa de afirmar suas intenções práticas.
253 - Mas e os extremos
tão grandes (pergunta o texto)? E, entre
eles, alguns, principalmente as classes medianas, permanecem no cômodo
pessimismo dos que se limitam a contemplar o mundo, ou sobre ele interagindo de
forma «residual», em defesa das políticas neo-corporativas ou micro-sociais
(movimento dos homossexuais, feministas, e outras minorias), abrindo mão das
formas de organização e intervenção macro-sociais (jogo partidário e sindical).
254 - Após o texto cita
outros grupos, o dos que seriam “os conscientes”. E diz que se não dermos razão
a Habermas estaremos encurralados, sujeitos às forças políticas repressivas.
Eduardo Chaves - A
Filosofia Moderna e Descartes:
255 - Para a filosofia pré-moderna, em primeiro
lugar, a existência daquilo que na filosofia moderna se convencionou chamar de
"mundo exterior" (a realidade externa à nossa mente) não é um
problema. Para ela, é pacífico que existe um mundo fora de nossa mente, que é
objeto de nosso conhecimento. Além
disso era pacífico que o mundo tinha ordem e causalidades. Bastava descobrí-la.
Ver quais juízos nossos eram falsos e quais eram verdadeiros.
256 - Também não se
ligava muito para a coisa de os sentidos nos enganarem muito.
257 - Muitos filósofos
pré-modernos aceitavam o conceito de milagre. Era uma suspensão temporária do
mundo objetivo.
258 - O ceticismo, a
dúvida de que o ser humano tenha bom conhecimento da verdade ou mesmo de que
essa exista, surge especialmente no Século XVI. Um dos eventos importantes foi o surgimento da ciência moderna,
especialmente no tocante à chamada hipótese heliocêntrica. Ela ia muito
contrariamente aos nossos sentidos. Então, por que não duvidar mais ainda
deles?
259 - Os pré-modernos
consideravam que Deus estava acima da razão, mas não a contrariava. Era
complementar. Não havia conflito. A
reforma protestante do século XVI não só negou como violentamente criticou essa
tendência empírio-racionalista da filosofia pré-moderna. Lutero chamou a razão
de prostituta, a afirmou que o conhecimento de Deus só vem pela fé, não pela
razão, e que a fé é algo que se opõe à razão. Na verdade, em alguns
pronunciamentos dos reformadores, chega-se a defender o ponto de vista de que a
fé é tão mais intensa quanto mais irracional for o seu objeto. O importante é a
fé, não o conhecimento natural. E para demonstrar que a fé é mais importante do
que a razão, alguns dos reformadores procuraram mostrar quão falha é a razão
humana -- contaminada que foi pelo pecado -- e os sentidos humanos --
freqüentemente enganados e enganosos.
260 - Havia diversos níveis: a) o ceticismo que coloca em dúvida que os
nossos sentidos nos forneçam conhecimento adequado da realidade empírica, mas
que não questiona a existência dessa realidade; b) o ceticismo que coloca em
dúvida que os nossos sentidos nos forneçam conhecimento de uma realidade
extra-mental, e que questiona, portanto, a própria existência de um mundo
externo a nós. Tinha o ceticismo moderado que era mais radical que o
radical (só sei que nada sei) e tinha como lema “não sei sequer se nada sei”.
Era cético quanto ao ceticismo radical.
261 - Descartes parte das
perguntas dos céticos, mas era um racionalista. Postura cética. Inclusive como
nossos sentidos nos enganam (e Descartes dá vários exemplos disso), toda a
realidade pode ser talvez um sonho? O intelecto corrige os erros dos sentidos,
para ele, mas não provam a existência das coisas (antes de ele chegar às suas
conclusões finais).
262 - Como ele vai se
enxugando do ceticismo radical: "Acordado
ou dormindo, dois e três perfazem cinco, e um quadrado tem apenas quatro lados;
e parece impossível que verdades assim tão óbvias fiquem sob suspeito de
falsidade". Será que não podemos sonhar que dois e três são seis?
263 - Para alguns,
Descartes não foi suficientemente radical na sua postura cética inicial: ..Mas mesmo assim, ele continuaria não colocando
em dúvida o princípio da não-contradição, que afirma que contraditórios não
podem ambos verdadeiros. Esse princípio Descartes não questiona nem mesmo com a
hipótese do gênio maligno, e Descartes parece ter acreditado que era impossível
duvidar dele. Descartes também não duvida de que ele conhece o sentido das
palavras que ele usa, que ele sabe o que é pensamento, certeza, dúvida,
verdade, existência (Cf. HR, I, 222) (Cf. Kenny, 20-21, 26-27, 50). Leibniz
reclama que Descartes deveria ter fornecido critérios de clareza e distinção se
realmente pretendia que esses conceitos servissem como marcas da verdade.
264 - O eureka dele: Descartes percebe que, se ele duvida de
tudo, há algo que não lhe é possível duvidar, a saber, do fato de que está
duvidando. Se ele duvida disso, pelo mesmo ato está duvidando. Desse fato
Descartes conclui que ele não pode duvidar se não existir, e que, portanto, sua
existência, como um duvidador, é absolutamente certa e indubitável. Nem mesmo o
gênio maligno pode enganá-lo acerca disso, porque, para ser enganado, ele,
Descartes, tem que existir: ele não pode ser enganado se não existir.
265 - Intuição é
diferente de dedução (premissas e silogismo). Quando se intui algo, é
autoevidente (tenho muito medo dessas considerações): "Quando eu observo que nós somos seres pensantes, esta é uma
espécie de noção primária, que não é conclusão de nenhum silogismo. Quando
alguém diz: 'Estou pensando, logo eu existo', ele não está usando um silogismo
para deduzir a sua existência de seu pensamento, mas está apenas reconhecendo
este fato como algo evidente, em uma simples intuição mental". Porém… “cada passo em uma cadeia dedutiva
corresponde a uma intuição”.
266 - Mas é apenas depois de provar que Deus
existe, e, que, sendo benevolente, além de todo-poderoso, não permitiria que um
gênio maligno nos enganasse tão desavergonhadamente, que Descartes se considera
justificado em considerar os enunciados matemáticos (e outros, como veremos)
como verdades certas e indubitáveis. Na verdade, após ter provado que Deus
existe, Descartes abre as portas e reintroduz tudo de que antes havia duvidado.
267 - Coisas percebidas
“clara e distintamente” (e tem o problema, em segundo plano, de que Descartes
não conceitua muito isso) não são critério suficiente de verdade, como dá pra
deduzir de alguns trechos: “Para remover
inteiramente [a possibilidade de dúvida baseada no Deus enganador] devo
investigar se há um Deus assim que a ocasião se apresentar, e, se concluir que
Deus existe, devo investigar se Ele pode ser um enganador. Sem conhecimento
dessas duas verdades, não vejo como jamais possa ter certeza de qualquer coisa".
268 - Como a mente para ele é puro espírito (dualismo de
Descartes) tudo que se passa nela não precisa ser matéria, podendo ser mera
representação. Uma coisa é o mundo externo, outra o mundo interno. Então
Descartes tem esse realismo meio cético. Ele pode duvidar do exterior sem
duvidar de que seja verdade que ele pensa porque para ele são coisas separadas
(dualismo).
269 - A conclusão é que
Descartes é um tipo estranho de cético.
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