Textos aleatórios de Economia e sociedade dos últimos meses II
Textos aleatórios de Economia dos últimos meses II
Consiste numa coletânea de textos curtos que fui juntando nos últimos meses para ler e fichar.
Osmani Pontes - Debate sobre inflação
1 - Há um debate de altíssimo nível na economia americana entre Paul Krugman e Larry Summers sobre a inflação americana.
2 - Krugman defende que há meio que uma falha no medidor "núcleo da inflação", que só enxergaria de modo atrasado as mudanças nos aluguéis, que são cerca de 30 a 40% dos índices, ao que entendi. Já Summers discorda fortemente dessa análise que considera viesada e otimista de que a inflação vai cair e de que o FED deve se manter dovish. Para ele já não é novidade que os índices oficiais ficam atrás dos índices do setor privado de imóveis.
3 - ...Assim, a medida de inflação de aluguel está em 6%, bem abaixo dos quase 9% da taxa cheia do FED, mostrando que há margem para novas subidas.
4 - Summers vê inflação salarial e mercado de trabalho apertado ainda. ...conclui que com a produtividade no baixo crescimento atual, a inflação teria que cair significativamente para chegar à meta de 2% e isso só seria possível com uma recessão robusta.
Olivier Blanchard - Os Estados Unidos e a zona do euro enfrentam desafios diferentes na luta contra a inflação
5 - O mercado de trabalho dos EUA está claramente superaquecendo. Este não é o caso na maior parte da zona euro.
6 - Coloca que a Europa sofre mais com o choque de oferta, principalmente por causa do preço do gás.
7 - Vê os trabalhadores dos EUA conseguindo recuperar mais poder de compra em relação à inflação, o que dificulta que a mesma ceda.
8 - Traz um risco para ambos: O quarto é a "desancoragem", ou seja, como a inflação duradoura pode fazer as pessoas questionarem a credibilidade da política monetária e o compromisso do banco central de retornar à meta de inflação, potencialmente levando a um aumento autorrealizável da inflação. Até agora, as notícias têm sido boas em ambos os lados do oceano: as expectativas de inflação de longo prazo mudaram muito pouco.
9 - A combinação de alta inflação subjacente e forte demanda implica que o Fed terá que fazer grande parte do trabalho de desaceleração da economia. Isso não acontecerá por si só. Na zona do euro, é muito mais provável que a demanda desacelere por conta própria. Como a zona do euro importa grande parte de sua energia, o aumento dos preços levou a uma grande diminuição do poder de compra, alguns dos quais se refletirão no consumo e no investimento. Como os programas fiscais relacionados à COVID eram menores do que nos Estados Unidos, as famílias europeias têm economias menores nas quais confiar.
10 - Não foi só aqui no Brasil que os governos agiram para absorver o choque de oferta (energia): ...os governos normalmente optaram por uma mistura de transferências direcionadas e cortes de impostos ou limites de preços sem limites. Essas ações diminuíram a inflação – por exemplo, em cerca de 2% ou 3% na França.
11 - Coloca que o medo de racionamento energético fez expectativas quanto ao crescimento do PIB variarem. Gente prevendo queda de 0,7 até 3,5 para o PIB alemão, por exemplo. Mesmo tendo em conta esta incerteza, é seguro assumir que é provável que a produção caia independentemente da política monetária e, por implicação, o desemprego deverá aumentar, pressionando para baixo a inflação salarial. A implicação é que o BCE pode, ao contrário do Fed, não precisar diminuir ainda mais a demanda.
12 - Estava - texto de outubro de 2022 - ou está apostando que o FED pode surpreender ainda no aumento da taxa de juros. O BCE não precisa tanto. De facto, o BCE pode lembrar-se do aumento das taxas em resposta aos preços da energia no Outono de 2008, o que é amplamente visto como um erro, e certificar-se de que não o repetirá.
13 - A protecção dos trabalhadores e das empresas na Europa tem um custo orçamental substancial, em média cerca de 2% do PIB; tais ações serão financiadas principalmente por dívida, desencadeando as preocupações dos investidores sobre a sustentabilidade da dívida. No momento, e partindo do pressuposto de que os preços do gás e da eletricidade cairão substancialmente dentro de um ano ou mais, essas preocupações não se justificam, mesmo para países como a Itália: como a inflação é alta, as taxas de juros reais da dívida pública ainda são muito mais baixas do que as taxas de crescimento, de modo que a dinâmica da dívida permite grandes déficits primários com pouco ou nenhum aumento nos índices de dívida. Se, no entanto, os preços do gás permanecerem extremamente elevados durante um período muito mais longo, alguns governos enfrentarão uma escolha difícil e poderão ter de eliminar gradualmente as medidas de protecção a um elevado custo político.
The United States and the eurozone face different challenges in battling inflation | PIIE
Felippe Hermes - Herança maldita
14 - Traz um relato dos possíveis aumentos no gasto fiscal brasileiro de 2022 para 2023: Continuidade do auxílio-brasil em R$600, e não R$400 como está no orçamento, significaria R$ 52 bilhões a mais em gastos. Lula prometeu + R$150 p/ filhos = + R$18 bilhões.
15 - Aqui acho que cai a partir do mês que vem: Manter as alíquotas menores de impostos sobre combustíveis não está previsto, mas se for feito, custará algo proporcional aos R$46 bilhões que custaram este ano. (...) Existem ainda as desonerações de IPI, que se mantidas custariam mais R$20 bilhões a menos em receita.
16 - Outras questões não estão no orçamento, mas Lula quer incluir, como uma valorização real do salário mínimo. (...) É importante lembrar que há 22 milhões de aposentados no INSS que recebem salário mínimo. R$ 1 em aumento = R$ 286 milhões a mais. Se for 1% real = R$ 4 bi a mais em gastos
17 - Receitas extras, como dividendos da Petrobras, que somaram mais de R$60 bilhões neste ano, n devem ser esperados.
18 - Dívida caiu devido à inflação, aumento de receita e do PIB. Custo da dívida: 77% do PIB em dívida x 11% de juros (o custo atual, pode variar em função dos juros) = 8,47%
PIB = +3% (este ano)
Inflação = +7% (arredondando)
Ou seja, a Dívida/PIB este ano deve variar: 3+7-8.47 = queda de 1,53%.
19 - ...Coloca depois que esqueceu de incluir na conta acima o efeito do superávit/déficit.
20 - ...Uma pessoa pergunta: E se levar a frente a proposta de isenção do IR para aqueles que ganham até R$5 mil? Qual seria o impacto nas contas? R = 197 bilhões. Cerca de 10% do total de gastos do governo
Felippe Hermes - Rombo de R$ 400 bilhões
21 - Coloca razões para a PEC do Teto de Gastos: Portugal cortou até 40% das aposentadorias. Grécia e Irlanda idem. Foi um caos social. Impensável para o Brasil.
22 - ICMS e combustíveis. A dinâmica ajudou no resultado fiscal dos Estados (e também da União, por outras razões, como dividendos da Petro, diga-se de passagem): É importante mencionar que, durante o início da pandemia, a arrecadação dos Estados caiu, o que foi compensado pela União. (...) Na volta, a arrecadação subiu, mas os estados não tiveram de devolver os recursos, ou seja, ficaram apenas com a parte boa.
23 - A história de 400 bilhões viria de uma projeção pessimista/realista(?) do IBRE: Manter o auxílio Brasil em R$600, e não R$400 como está no orçamento, dar reajustes ao funcionalismo e corrigir despesas discricionárias: R$ 120 Bilhões. (...) Uma queda no preço do barril de petróleo e normalização nas receitas da área (aquelas mencionadas ali acima, que fizeram a arrecadação explodir), custaria cerca de R$ 86 bilhões. (...) Há ainda a elevação da taxa de juros e parcelas de dívidas dos Estados que não serão pagas pois...Alguns estados entraram no Regime de Recuperação Fiscal, que cobra valores menores no início. Isso gera um impacto de R$ 77 bilhões. (...) Por último, há os precatórios, dívidas dos Estados com pessoas e empresas, além da compensação na queda do ICMS sobre combustíveis. Isso custaria R$ 144 bilhões.
24 - ...Afirma que isso tudo é sem contar as promessas de campanha de Lula III (isenção até 5k no IRPF e aumento real do salário mínimo, por exemplo). Conclui que daí que exista tanta incerteza.
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