Felipe Augusto Machado - Argentina (Fio do Twitter)

 

Felipe Augusto Machado - Razões do fracasso argentino


1 - Fio de twitter. Coloca que até Acemoglu ressalta que o que diferenciou as trajetórias de Argentina e Austrália, por exemplo, foi a permanência de uma elite extrativista, que temia distribuição de renda e democracia e preferiu continuar agrária, enquanto a Austrália se industrializou mais cedo. "Printa" o trecho da entrevista lá com isso.


2 - Antes, uma ressalva: alguns analistas não consideram que a Argentina era tão desenvolvida quanto sua renda per capita indicava (6ª maior em 1896). Indicadores como altura média, expectativa de vida, matrículas no ensino fundamental e analfabetismo não se destacavam. (Não seria pela desigualdade? Afinal, apesar da média tender a "corrigir" tal coisa, o máximo deve ser mais limitado que o mínimo. Não sei se me faço entender... Ademais, não achei alguns dados negativos...).





3 - A visão de Acemoglu converge com a excelente tese de doutorado de @joefrancis505. Segundo o autor, a elite argentina se beneficiou da grande melhora dos termos de troca de suas commodities durante o século XIX até os primeiros anos do século XX. http://etheses.lse.ac.uk/918/



4 - ...Coloca que o litoral cresceu e o interior estagnou. Não havia como os camponeses fazerem o que fizeram nos EUA: expandir a fronteira agrícola.


5 - ...Segundo Francis, em 1913 a produção industrial per capita argentina era apenas 1/2 da australiana, 1/5 da canadense e 1/10 da americana.


6 - Ademais, os latifundiários conseguiram manter o controle político do governo federal em Buenos Aires, impedindo os camponeses de obterem terras ou melhores condições de vida. Por fim, o racismo dificultava a migração interna dos camponeses para o litoral em ascensão.





7 - A concentração de terras e o crescimento populacional significava que os salários permaneciam muito baixos, de modo que os capitalistas tinham menos incentivos para investir em automação, já que era mais barato contratar trabalhadores adicionais quando necessário.


8 - O conflito social se tornou dramático com a deterioração dos termos de troca no entreguerras e a crise de 1929. Em 1930 ocorreria o primeiro golpe militar, apoiado pelos latifundiários. 


9 - Parece discordar de que o "peronismo" tenha sido o mal: Perón assume em 1946 com um projeto de industrialização liderado pelo Estado, reforçado por Frondizi. A Argentina cresce tanto ou mais que países similares, mas 4 golpes em 30 anos limitam o seu impacto. O próprio Brasil cresce mais nesse período, sob modelo similar:



10 - Corroborando a visão de Acemoglu, enquanto a Austrália teve mais de 25% de emprego industrial durante três décadas entre os anos 1940 e 1970, a Argentina teve apenas uma entre os anos 1950 e 1960.




11 - A boca do jacaré abriria mesmo com o golpe de 1976 que, não por acaso, foi precedido por anos de aumento de salários e queda de lucros. A elite, representada pelo Ministro ultraliberal Martínez de Hoz, sonhava com os anos dourados agroexportadores.



12 - Afirma que entre 1976 e 2002, a experiência liberal fez a renda per capita cair no país (-5%).


Felipe Augusto Machado no Twitter: "A Argentina pode voltar ao topo do mundo futebolístico. Bom momento para revisitar a história de como o país teria despencado do topo do desenvolvimento econômico no séc. XX. Resposta curta: especialização em bens primários e recusa das elites de ceder poder e riqueza. 🧵(1/15) https://t.co/MhTCmGvT97" / Twitter



FIM!



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