Site Voyager - Contra o Neostalinismo e Seus Mitos (Resposta a Jones) III
(continuação...)
208 - Em 1928/9, anos em que Stalin iniciou a chamada revolução pelo alto, não havia guerra em lugar nenhum. A guerra civil russa tinha acabado há seis anos. A burguesia estava derrotada, assim como a contra-revolução. O nazismo vivia seu pior momento, amargando resultados eleitorais pífios. E, desde o Tratado de Rappalo, a Alemanha era a principal parceira diplomática da URSS. Sem falar que a Europa, incluindo a Alemanha, estava em processo de recuperação econômica, após o caos social provocado pela Primeira Guerra Mundial.
209 - Posteriormente, durante o Terror, o perigo do nazismo era real, porém, se olharmos para as pessoas que foram perseguidas, é fácil perceber que esse não foi o principal motivo. Se Stalin queria se preparar para guerra, por qual motivo ele mandou prender ou executar 13 dos 15 generais de quatro estrelas do Exército Vermelho, incluindo figuras experientes, como o general Mikhail Tukhachevsky, herói da guerra civil? Fica claro que Stalin estava eliminando possíveis concorrentes e consolidando seu poder. Apenas isso explica o fato do Terror ter sido concentrado nas principais lideranças bolcheviques de 1917. (Coloca que o Grande Terror matou no mínimo 680 mil pessoas, segundo a própria NKVD).
210 - As vítimas do stalinismo foram em sua maioria camponeses pobres. Depois foram intelectuais, comunistas, militares e, sobretudo, as minorias étnicas. Um assunto pouco comentado, mas que tem sido estudado após a abertura dos arquivos soviéticos, é o antissemitismo. Sim, os judeus também foram perseguidos. (...) A insanidade era tanta que a repressão muitas vezes chegava aos familiares dos presos. Trotsky, Kamenev e Zinoviev tiveram praticamente todos os seus parentes mortos, mesmo sendo a maioria não envolvida com política. Durante o massacre da floresta de Katyn, os prisioneiros que seriam assassinados puderam escrever cartas aos parentes. O que eles não sabiam é que o objetivo era apenas descobrir o endereço dessas pessoas que, marcadas, também terminariam sendo eliminadas.
211 - O livro de Moshe Lewin sobre a coletivização mostrou que ‘kulak’ era uma propaganda e não um termo econômico, usada com frequência para os camponeses médios e mesmo pobres, e que significava coletivização por meios violentos ‘contra setores inteiros das massas camponesas em geral’.
212 - Corrigindo uma deturpação de Jones sobre Ress: O que o Ress diz é que Stalin não esperava o ataque nazista naquele momento porque a URSS estava ajudando no esforço de guerra nazista, fornecendo armas e matérias-primas, e não porque Stalin confiava em Hitler. (A paranoia não seria seletiva. Ele apenas achava que Hitler não seria “louco” de atacar… Mas foi)
213 - Na URSS, os nazistas também foram beneficiados pelos expurgos ocorridos no interior do Exército Vermelho.
214 - Hannah: É fato que os livros dela foram divulgados pela CIA, inclusive sendo traduzidos para outros países com dinheiro da agência, mas não há evidência alguma de que ela recebeu para escrever contra o regime soviético. Aliás, quando o livro Origens do Totalitarismo foi escrito, sequer havia começado a chamada Guerra Fria cultural.
215 - Antiimperialista? Mais ou menos. Além das queixas de Mao… Paulo Vizentini, ligado ao PCB: “A URSS mantinha um comportamento tático nas Relações Internacionais e agia nos moldes da diplomacia tradicional, silenciando acerca do massacre inglês contra os comunistas gregos, procurando conter a revolução comunista dos chineses e iugoslavos e incentivando os comunistas italianos e franceses a participar de governos de coalizão, ajudando na reconstituição capitalista nesses países”. (A Guerra Fria: o desafio socialista à ordem americana, página 66).
216 - Mao buscou apoio nos EUA de Nixon. E junto com o novo parceiro, para enfraquecer a URSS, faria oposição a quase todos os movimentos de libertação nacional da década de 70/80.
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