Gustavo Machado - Uma nota sobre os domínios estruturais e superestruturais no pensamento de Marx

 

Gustavo Machado - Uma nota sobre os domínios estruturais e superestruturais no pensamento de Marx:


152 - Acredita que as acusações de “economicismo” que sofre a obra de Marx vem de um aparente paradoxo: Como conciliar a análise econômico universal de O Capital com suas investigações dos casos particulares e conjunturais – marcados por tantos detalhes e pormenores? Afinal, o próprio Marx passou a vida se debruçando também sobre outros elementos.

153 - A intenção de Marx, no “O Capital”, não era reduzir as relações sociais à economia, pelo contrário, explicita, como temos dito, que as categorias econômicas são relações sociais.

154 - Dizer que é a base não quer dizer que é tudo: Diversamente, por exemplo, da política, do Estado, da cultura, da técnica que, em uma mesma forma de sociedade, podem se exprimir em formas diversas, as relações de produção expressam aqueles nexos fundamentais que fazem de uma dada forma de sociedade aquilo que é, aquilo que ela tem necessariamente que reproduzir para continuar a existir.

155 - Marx no Livro III: “A forma econômica específica na qual trabalho não-pago se extorque dos produtores imediatos exige a relação de domínio e sujeição tal como nasce diretamente da própria produção e, em retorno, age sobre ela de maneira determinante. Aí se fundamenta toda a estrutura da comunidade econômica oriunda das próprias relações de produção e, por conseguinte, a estrutura política que lhe é própria.” (...) Isto não impede que a mesma base econômica, a mesma quanto às suas condições fundamentais, possa apresentar em virtude de inumeráveis circunstâncias empíricas diferentes, de condições naturais, de fatores étnicos, de influências históricas de origem externa, etc. infinitas variações e gradações que só análise dessas condições empiricamente dadas permitirá entender.

156 - Afirma que Marx nunca propôs um método universal de compreensão da realidade. Seu objetivo seria outro: … nunca se tratou, como vulgarmente se interpreta, de deduzir todas esferas da vida social a partir da dita “estrutura”. Ou ainda, esclarecer toda e qualquer especificidade – como aquelas das demandas democráticas pendentes em um dado país, da opressão de gênero, raça e orientação sexual – partindo das classes sociais. Como se tratasse de um axioma matemático a partir do qual tudo se deduz. O problema é outro. Se se tem por meta destruir o capitalismo, esse modo de produção com seus nexos estruturais e necessários, deve-se buscar uma elaboração programática que vincule tais especificidades com as classes sociais, que vincule os aspectos particulares de um dado tempo e lugar com a universalidade da revolução socialista.

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