Gustavo Machado - István Mészáros e a teoria do socialismo em um só país I
Gustavo Machado - István Mészáros e a teoria do socialismo em um só país:
54 - Como se sabe, a teoria do socialismo em um só país foi obra de Bukharin e Stálin em dezembro de 1924. Não significa - nunca significou - o abandono completo da revolução internacional. A teoria do socialismo em um só país se caracteriza por postular a possibilidade do sucesso e continuidade de uma revolução isolada, isto é, a possibilidade de uma revolução socialista sobreviver e se consolidar mesmo em meio a um mundo imerso em relações sociais capitalistas.
55 - A expansão deixa de ser condição necessária para a vitória do “só país”, a qual se torna “possível e provável” - termos de Stálin.
56 - A internacionalização, tese contrária, visava evitar o retorno do capitalismo: quer seja por interferência externa, quer seja pela impossibilidade de reprodução interna de um modo de produção pretensamente “socialista” em meio ao capital.
57 - Stálin escreveu, porém, que o triunfo ainda não estava assegurado eis que invasão externa ainda era possível. Ou seja, para ele, o problema era só esse…
58 - III Internacional: As suas seções passaram a priorizar a sobrevivência da URSS ante a expansão da revolução. (...) Daí o apoio a coalização com os republicanos na Espanha para que a “pátria socialista” recebesse apoio da Inglaterra e França em uma guerra que se anunciava; daí o pacto com Hitler; daí o apoio a frente popular francesa; ao Kuomintang na China e as inúmeras burguesias nacionais sob o critério da defesa da União Soviética.
59 - Mészáros: Chega ao ponto de afirmar que a adesão a tal teoria seria um limite fatal de Lukács para desenvolver uma crítica radical ao que se passava na URSS. (Há trechos de Lukácz esculhambando Trotsky).
60 - Capitalismo segundo Mészáros: “a produção para a troca”, “a própria força de trabalho é tratada como mercadoria;”, “a motivação do lucro é a força reguladora fundamental da produção”, “o mecanismo vital de formação da mais-valia, a separação radical entre meios de produção e produtores, assume uma forma inerentemente econômica”, “a mais-valia […] é apropriada privadamente pelos membros da classe capitalista” e, ainda, “a produção do capital tende à integração global, por intermédio do mercado internacional, como um sistema totalmente interdependente de dominação e subordinação econômica”.
61 - Mészáros em linguagem simples. O que é o capital? Em termos mais simples, a subordinação do trabalho ao capital não exige, necessariamente, a figura do capitalista individual, já que o capitalista é a personificação do capital nas sociedades capitalistas, mas não sua forma de personificação necessária
62 - Para a relação capital predominar há quatro condições: a) a separação e a alienação das condições objetivas do processo de trabalho do próprio trabalho; b) imposição de tais condições objetivadas e alienadas sobre os trabalhadores como um poder separado que exerce comando sobre o trabalho; c) burocrata como a personificação do capital como “valor egoísta” […] que persegue sua própria autoexpansão; d) a equivalente personificação do trabalho […] o que ocorre quando pensamos na categoria de “trabalho” como o trabalhador assalariado sob o capitalismo ou ainda como o “trabalhador socialista” cumpridor e supercumpridor de normas sob o sistema do capital pós-capitalista, com sua forma própria de divisão horizontal e vertical do trabalho.
(continua...)
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