Gustavo Machado - textos Sobre Marx e táticas

 

Gustavo Machado - Marchar Separado, Golpear Juntos, De Marx à Trotsky:

74 - Marx afirmava que democratas pequeno-burgueses e operários poderiam golpear juntos um inimigo comum. Coloca, entretanto, que não se deve abrir mão de um programa próprio. Citação de Marx: Ao lado dos candidatos burgueses democráticos figurem em toda parte candidatos operários, escolhidos na medida do possível entre os membros da Liga, e que para o seu triunfo se ponham em jogo todos os meios disponíveis. Mesmo que não exista esperança alguma de triunfo, os operários devem apresentar candidatos próprios para conservar a independência, fazer uma avaliação de forças e demonstrar abertamente a todo mundo sua posição revolucionária e os pontos de vista do partido. Ao mesmo tempo, os operários não devem se deixar enganar pelas alegações dos democratas de que, por exemplo, tal atitude divide o partido democrático e facilita o triunfo da reação.

75 - A fonte: Não se trata, portanto, da análise de um caso específico, mas de um texto que, a época, foi tomado como um complemento programático ao Manifesto Comunista, incorporando as experiências das revoluções de 1848-1849. (Mensagem do Comitê Central à Liga dos comunistas...)

76 - Parvus, camarada de Trotsky em 1905, é quem escreve “marchar separado e golpear junto”, sobre se deveriam ou não participar de algum governo provisório na vitória da revolução de 05. Faz recomendações do tipo “Preocupar-se mais em utilizar a situação criada pela luta do que preservar um aliado.”. E não esconder a divergência. Lênin, mais tarde, apesar de criticar Parvus vai em sentido semelhante e defende: “uma clareza e precisão absoluta nas relações entre os partidos, tendências e matizes é premissa absolutamente necessária para todo acordo provisório mais ou menos fecundo entre eles” (LENIN, 1980, 162).

77 - Não é, assim, programa comum, mas ação comum.

78 - Alguns meses mais tarde, Lênin escreve outro artigo denominado “A Ditadura Democrática Revolucionária do Proletariado e do Campesinato”. Tal artigo tem o mérito de explicitar a natureza de classe das organizações envolvidas em uma possível frente. Não se opõe à mesma, mas diz que qualquer instante de descuido pode ser fatal. O desvio do real interesse da classe.

79 - Lênin usa a máxima que dá título ao texto em diversos textos.

80 - Trotsky também: O conceito de “frente única” está estreitamente ligado ao conhecido lema: marchar separados, mas golpear juntos. É um “plano de batalha circunstancial”.

81 - Trotsky critica quando há a seguinte situação: Marcham juntos antes de terem reunido as forças necessárias para golpear. Quem tem algo a dizer à classe operária, deve marchar só.

82 - Atribui a Gramsci o início da bagunça nas frentes únicas: a frente única deixava de ser algo momentâneo, circunstancial; para se tornar uma “tática” sujeita a vigorar por todo um longo período. (devido à “guerra de posição”, já que Grasmci associa explicitamente esta e frente única).

83 - Não é anti-dialético seguir os preceitos elencados aqui para frente única. Afirma Gustavo: a confusão empirista pseudomarxista que acredita que a análise concreta – do caso concreto – é a análise de situações particulares isoladas da universalidade do programa.

84 - As táticas têm um grau de flexibilidade, claro, coloca. Por exemplo, é possível marchar separadamente por meio do entrismo em outras organizações? Com certeza. No entanto, o entrismo é a forma mais adequada para marchar separadamente? Evidentemente não. Não sem razão, somente situações excepcionais podem fazer do entrismo a tática adequada, ainda assim, por um curto período de tempo e com objetivos bem definidos.

 

Gustavo Machado - Marx e a impossibilidade de reformar a sociedade capitalista:

85 - Em 1848, a classe operária se colocou pela primeira vez em luta direta contra a burguesia: se iniciava a revolução de 1848. Proudhon se manteve distante de todas as lutas e desprezava todos os seus líderes. Para ele, o fundamental era implementar seu projeto de reforma. Com seu projeto de sociedade ideal na cabeça, Proudhon não gastou tempo com mobilizações, barricadas e lutas de rua na revolução que acontecia. Se elegeu deputado e apresentou seu projeto no parlamento francês em 1848. Este projeto foi rejeitado por 600 votos contra 2.

86 - Era a substituição das empresas e do dinheiro por cooperativas e vales-por-trabalho.

87 - Marx diz que Proudhon está louco se acha que o capitalismo vai operar com crédito gratuito. (...) Nos dias de hoje, como se sabe, a maior parte das correntes que acreditam ser possível domar o capitalismo fazem o contrário: sacralizam o capital produtivo e demonizam o capital bancário sem perceber a conexão necessária entre eles.

88 - Por isso, Marx lutou contra os reformistas nacionalistas como o italiano Mazzini, líder a unificação Italiana em um só Estado. Lutou também contra os reformistas sindicalistas que se limitavam as paulas salariais e por emprego nos limites do capitalismo e das leis instituídas pelo Estado. (...) Quando colocados em prática, tais projetos de reforma, levam a desmoralização por se mostrarem impotentes na consecução de seus fins. Daí a necessidade de um programa claro que aponte no sentido da destruição do capitalismo e seu Estado e da impossibilidade de reformá-lo.

89 - Marx estudava economia loucamente nos anos 50 para destronar a forte influência proudhoniana que “pretende deixar subsistir a produção privada, mas organizar a troca de produtos privados. Quer a mercadoria, mas não o dinheiro. O comunismo deve desfazer-se antes de tudo desse irmão falso”.

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