Econ - Uallace Moreira Lima - O debate sobre o processo de desenvolvimento econômico da Coréia do Sul III

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616 - Coréia e propriedade: Essa relação vai implicar em uma estrutura de propriedade do capital em que as empresas estatais e os chaebols irão ser elementos fundamentais no processo de diversificação industrial orientado para as exportações, além de uma política de restrições ao investimento estrangeiro direto (IED).

617 - Se no início dos anos 1960 predominava uma política menos restritiva para o ingresso de qualquer forma de capital estrangeiro, que permitia a entrada de subsidiárias estrangeiras no país sem grandes restrições, nos anos 1970 o governo adotou uma política mais restritiva, com maior controle sobre a entrada de investimento estrangeiro direto. Essa política de controle sobre o IED foi marcada nos anos 1970, principalmente, pela imposição de critérios tais como a proibição de empresas estrangeiras que concorressem com as empresas nacionais tanto no mercado interno como no mercado externo, exigência de performance exportadora aos IEDs que entrassem no país, além do índice de participação estrangeira ficar limitado a aproximadamente 50%. Com isso, as empresas subsidiárias estrangeiras tiveram um papel complementar em setores pontuais, já que os grandes grupos nacionais chaebols atuaram nos setores considerados mais estratégicos da economia coreana (Kim, 2005a).

618 - Por exemplo, nos anos 1980, a participação dos subsetores industriais abertos ao capital estrangeiro sai de 44% em 1970 para 66% em 1984, além de substituir o “sistema de lista negativa” pelo “sistema de lista positiva”, no qual o IED estaria aprovado em setores industriais em que antes essas empresas não poderiam entrar (KIM, 2005a).

619 - … Como no 4° Plano Quinquenal um dos objetivos principais era fazer com que a indústria coreana avançasse em setores mais intensivos em P&D, o governo viu como estratégica a presença de investimentos estrangeiros diretos para desenvolverem a infraestrutura necessária para o fomento da ciência e tecnologia, assim como das atividades de P&D; 2) além do mais, é importante considerar que esse processo de liberalização aconteceu quando a estrutural industrial coreana alcançou um nível de desenvolvimento suficiente para poder concorrer com empresas estrangeiras, tanto no mercado interno como também no mercado externo, não comprometendo assim a força da estrutura produtiva nacional (Kim, 1997).

620 - Por mais que essa relação entre Estado e chaebols tenha passado por modificações nos anos 1980, com a redução da política de incentivos e subsídios, os chaebols continuaram a apresentar elevado crescimento e sem interrupção no direcionamento da diversificação, pois essas empresas passaram a atuar em setores altamente intensivos em tecnologia como eletroeletrônicos e participaram de forma ativa no processo de privatização bancária nos anos 1980, com muitos chaebols adquirindo bancos e passando a atuar mais ainda no setor financeiro.

621 - Detalhes do comércio exterior:



622 - Como a Coreia tinha uma limitação em recursos naturais – que, além de não constituírem fonte de receitas de exportação, precisavam também ser importados –, e a importação de bens de capital e insumos intermediários eram essenciais para lograr os objetivos dos planos quinquenais de expandir e aprofundar a estrutural industrial do país, a exportação de produtos mais intensivos em tecnologia seria essencial para gerar divisas e propiciar o equilíbrio nas contas externas do país, sem restringir o elevado crescimento econômico. Segundo os autores, isso possibilitava tanto à indústria doméstica operar em plena capacidade, quanto o financiamento das importações de bens de capital.

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