Econ - Textos Variados LXXV


Ron Paul - Por Que o PIB é Uma Ficção:

168 - Pra mim, ele deu um exemplo nada a ver. O PIB teria crescido zero. Porém, concordo com a conclusão de que nem sempre mede a realidade. Só que Ron Paul é ideólogo. O PIB que cresce 50% com uma reconstrução diminuiu 33,333% antes numa destruição. Ele esconde essa obviedade. O nível só se mantém assim. Aí está a COVID que não em deixa mentir. Que maluco!

169 - Assim ele consegue chegar a conclusões desse tipo: (E como mostrado pelo PPR, a economia americana mal se moveu na década de 1980, graças aos impostos crescentes, aos déficits contínuos, ao assistencialismo frenético, aos empréstimos tomados pelo governo, aos subsídios e às regulamentações.) Em média, os números do PIB são aproximadamente 52% maiores do que o crescimento real. E quanto mais o governo cresce, maior se torna essa percentagem.

170 - Isso, porém, deve ser verdade: Por exemplo, antes do esfacelamento do acordo de Bretton Woods, a renda dos grandes executivos era aproximadamente 30 vezes maior do que a renda do trabalhador médio. Hoje, ela é aproximadamente 500 vezes maior. Em 2006, uma grande firma de Wall Street distribuiu bônus no valor total de $16,5 bilhões. (...) Em 1971, ainda antes do rompimento de Bretton Woods, o salário mínimo dos EUA era o equivalente a $9,50 em dólares atuais. Hoje, esse mesmo salário equivale a $5,15.

171 - Após ler esse texto absurdo, fui ver se o pessoal da seita tinha percebido o terraplanismo lá no site de onde copiei o texto. Em meio a elogios bovinos ao “Doutor Paul”, grande especialista em economia, encontrei uma ou outra pessoa sensata:



172 - Por sinal, pela lógica do texto, a distância entre a Somália e a Dinamarca é supervalorizada por dois, digamos assim.


Ronaldo Fiani - Teoria Econômica Clássica e Teoria Econômica Marginalista e Marx no Meio:

173 - Esta polêmica foi reavivada recentemente, entre outros, por S. Hollander (1979), que torna a sustentar a tese de continuidade entre clássicos e marginalistas, referindo-se ao pensamento ricardiano como elaboração preliminar do modelo de equilíbrio geral walrasiano (para uma avaliação sintética das idéias de S. Hollander, veja-se Blaug in Caravale, 1985).

174 - Existe até um argumento marshalliano em defesa da presença, na teoria de David Ricardo, de uma análise da utilidade do tipo marginalista.

175 - Porém, argumenta Ronaldo que a grande mudança dos marginalistas é trazer o valor-de-uso para o campo formal da curva de demanda. Os clássicos viam apenas como “conteúdo” do bem, sem papel na “forma”. Era só uma questão de qualidade e não de quantidade.

176 - Como mostra Bharadwaj (1978b), a transição da dissociação clássica entre valor de troca (um fenômeno quantitativo) e valor de uso (um fenômeno qualitativo), para a associação marginalista entre utilidade e preço se iniciou com De Quincey, ao criticar a abordagem moralista de Smith por ter desprezado o valor de uso do diamante. A seguir, coube a Mill completar a transição, ao estabelecer o valor de uso como limite superior do valor de troca.

177 - Ele vai contrapor os clássicos aos marginalistas principalmente no aspecto a seguir (e excetuar Marx nesse sentido, que não se aplica e ele vai tratar mais à frente): Na construção clássica, em que o valor (preço natural) é a mera expressão das parcelas distributivas (lucro e salários), a determinação da distribuição precede a determinação do valor: uma vez que os valores não possuem existência autônoma, pois para determiná-los é necessário conhecer o salário, e dado que a determinação do salário ultrapassa o campo do discurso econômico (pois envolve variáveis sócio-históricas), estabelecer um vínculo entre valor e utilidade se revela um procedimento inadequado, uma vez que a demanda será incapaz de determinar quer os preços dos bens, quer os preços dos serviços produtivos (ou seja, as parcelas distributivas).

178 - Com os marginalistas, o valor passa a depender da demanda final. Variar com ela.

179 - Coloca que a teoria clássica trabalha sempre com algum “preço natural” em volta do qual flutuam os de mercado. (Em Marx, creio que seriam os preços de produção).

180 - No equilíbrio geral walrasiano, o salário não é exógeno - fruto da ação de correlação de forças, como em Smith -, mas um dos alvos da demanda e procura, como qualquer outra mercadoria.

181 - A meu ver, o “paper” promete mais do que entrega. Cadê a discussão que faria de Marx, por exemplo, autor que “adota uma articulação entre as teorias do valor e da distribuição análoga à articulação dos teóricos marginalistas”?! Só aparece novamente na conclusão e de novo sem criticá-lo diretamente: Conclui-se, então, que a articulação entre a teoria do valor e da distribuição define a polaridade fundamental entre as teorias clássica e marginalista. É importante ressaltar, entretanto, que existe uma outra vertente no interior do pensamento clássico, a qual também articula a teoria da distribuição de forma subordinada à teoria do valor: trata-se da vertente marxista. Esta se distingue da teoria marginalista, contudo, pelo fato de que a subordinação da teoria da distribuição à teoria do valor em Marx se dá pelo princípio do valor-trabalho (portanto no plano da produção) e não pelo princípio do equilíbrio entre oferta e demanda (no plano de mercado).

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