Econ - Reinaldo Carcanholo - Sobre a Ilusória Origem da Mais-Valia II

 (continuação...)

72 - Importante: Como explicar esse paradoxo: o lucro total difere da mais-valia total? Trata-se do que chamamos paradoxo da desigualdade dos iguais. Seria muito simples dizer que, tratando-se de relação dialética entre a essência e a aparência, não se necessita uma explicação baseada na lógica formal. Estaríamos assim frente a um paradoxo dialético inexplicável pela lógica formal. No entanto, essa não é nossa compreensão sobre o assunto. Para nós, embora a lógica dialética supere a formal, não a pode violar. É por isso que as explicações dialéticas podem ser entendidas através de uma exposição que pressupõe exclusivamente a lógica formal; O Capital de Marx é a prova disso.

73 - A explicação, porém, que ele dá não consegue parecer nada além de uma desculpa para mim: Assim, justamente por serem a mesma coisa, do ponto de vista da substância, justamente por ser o lucro nada mais que a mais-valia repartida de outra maneira, o lucro total medido em preço de produção deverá ser diferente da mais-valia total medida em valor. Justamente por serem iguais, são diferentes: é o paradoxo da desigualdade dos iguais.

74 - Numa parte do texto, coloca que a velocidade de rotação do capital também seria um fator que gera o problema da transformação. (sei não. Você produz valor, mas demora demais para realizar? Então será que esse valor produzido é valor mesmo? Será realizado algum dia?)

75 - “... Não é mister explicar novamente que, ao vender-se uma mercadoria acima ou abaixo do valor, a mais-valia apenas se reparte de maneira diferente, e essa modificação, essa nova proporção em que diversas pessoas repartem entre si a mais-valia, em nada altera a natureza e a magnitude dela. No processo efetivo de circulação ... a mais-valia que os capitalistas, individualmente, realizam depende do logro recíproco como da exploração direta do trabalho." (Marx, OC 3, pp. 46-47)

Carcanholo: Isso significa, obviamente, que quanto maior o preço de mercado obtido pelo empresário, maior será o seu lucro e sua taxa de lucro. Assim, o lucro parece provir do processo de circulação, como afirma Marx e, muito mais que isso, parece depender diretamente da competência e/ou da sagacidade do empresário. (...) O lucro tem como origem a capacidade empresarial, a competência ou a sagacidade do empresário. Como é forte a dissimulação da origem da mais-valia!

76 - Capital fictício: real para o indivíduo e virtual para o social. Por outro lado, do ponto de vista da totalidade é real e fictício ao mesmo tempo; real, por exigir remuneração como qualquer outro; fictício, por não ter substância material nenhuma e em nada contribuir para a produção do excedente, da mais-valia.

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