Econ - Reinaldo Carcanholo - Teoria do Valor e Preços de Mercado II

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106 - Dois capitais iguais com distintas composições orgânicas, produzem massas de mais valia diferentes, supondo-se taxas de mais valia iguais (afinal, uma taxa de mais valia de 100% em um setor que é 90% “inorgânico” - capital variável predomina um monte - produzirá massa de mais-valia bem maior que um de composição orgânica de 90%).

107 - Portanto, a divergência entre preço e valor não decorre apenas devido à flutuações da lei da oferta e da procuraAgora podemos entender que a necessária divergência entre preços e valores não se trata daquelas divergências devido às oscilações dos preços acima ou abaixo do valor, porque estas já estavam contempladas no suposto de correspondência entre valores e preços.

108 - Como os preços de mercado na sociedade capitalista não gravitam em torno do valor, não é possível a partir dessa categoria chegar a determinar teoricamente o centro real de oscilação dos preços? Sim, é possível e constitui o que se conhece como preço de produção. E é precisamente porque, como se verá, os preços de produção derivam-se logicamente dos valores, que se pode afirmar apropriadamente que os valores determinam em última instância os preços de mercado.

109 - As páginas 11 e 12 têm uma perfeita demonstração matemática de como os preços se tornam muito diferentes dos valores para equalizar a taxa de lucro. O problema da transformação surge depois. Da não-correspondência entre a soma dos preços de produção (que batem com as somas dos valores) com a soma dos preços relativos propriamente ditos - preços de mercado, a aparência e tal. O que causa isso? Um capitalista ao adquirir os elementos que compõem o capital constante deve pagar por eles um preço de mercado que não corresponde ao seu valor mas ao seu preço de produção.

 

INSIGHT/DÙVIDA ALEATÓRIA: se capital constante foi um dia capital variável, ou seja, é trabalho humano morto, como pode haver tendência à baixa da taxa de lucro? (? invertido a seguir:) O trabalho humano cada vez mais produtivo ao produzir máquinas e insumos não poderia, em algum momento, “baixar” o valor unitário desses mais rapidamente que o ritmo de produtividade do setor industrial? Minha hipótese é que a baixa da taxa de lucro pode ter a ver com mera estagnação científico-tecnológica, seja lá qual for a razão disso. A coisa de não se saber mesmo se haverá computador quântico no futuro ou algo do tipo é apenas um exemplo.

 

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