Econ - Ricardo Luis Chaves Feijó - Repensando a Revolução (Aspas) Marginalista II

(continuação...)

142 - O núcleo abstrato da teoria trata de um objeto tido como "natural" e regido por leis naturais. Jevons e Walras vêem essas leis como se elas tivessem um substrato psicológico, embora só Jevons tenha aplicado as idéias de Bentham na investigação dos elementos psicológicos, Walras mais os assume do que os investiga e Menger trata não da psicologia do consumidor, mas das relações naturais "exatas" que se estabelecem entre a estrutura das necessidades e os bens.

143 - Levaria mais de uma década para receber uma acolhida maior por parte de importantes economistas. (Ou seja, lá pelos anos 80 do Século XIX). (...) Blaug (1972, p.274) narra-nos, citando Howey (1960, caps. 26 e 27), que a revolução marginalista permaneceu desconhecida a seus contemporâneos e que só na passagem do século o termo se tornou mais freqüente entre historiadores do pensamento econômico. Para Blaug (Idem, p. 277), não se trata de revolução mas de mudança gradual. Para Hutchison (1972), o termo revolução precisa ser dimensionado por três considerações: 1. alguns aspectos da ortodoxia sobreviveram ao ataque dos "revolucionários", 2. outros aspectos nunca foram atacados, 3. houve uma restauração contra-revolucionária com a retenção dos conceitos e da terminologia clássicas em Marshall.

144 - A principal crítica feita aos clássicos apontava as deficiências nas teorias de salário, principalmente a teoria do fundo de salários.

145 - No fim do século XIX, a escola mais promissora parecia ser a histórica. Que a ciência econômica caminharia na direção da microeconomia da utilidade marginal não era algo que poderia ser percebido já naquela época.

146 - Say já falava, à sua época, em utilidade. Antes dele, temos Bernoulli, que aplicou este conceito na análise da teoria dos seguros, deduzindo o teorema da diversificação do risco.

147 - Marx morreria desconhecido em 1883. O Capital só foi traduzido para o inglês em 1887 inclusive. Não teve impacto para a ciência econômica anteriormente.

148 - Enfim, cita várias possíveis tendências de substituição da teoria clássica na época: Nos anos setenta do século passado, as obras de Jevons, Menger e Walras eram apenas mais uma via dentre inúmeras escolas alternativas que se contrapunham direta ou indiretamente à vertente clássica principal. Walras se tornou conhecido mais entre os italianos, nem os franceses reconheceram, à época, o valor de seu trabalho. Jevons morreu jovem e somente conquistou certo prestígio graças a seu trabalho estatístico. Marshall, que dominou a academia inglesa já na última década daquele século, não admirava Jevons. Menger só se tornou conhecido mundialmente através da influência exercida por seus discípulos diretos Wieser e Bôhm-Bawerk. Os dois únicos livros de Menger, o Grundsätze e o Untersuciiungen demoraram quase oitenta anos para serem traduzidos para o inglês.

149 - Jevons e Walras esforçaram-se no desenvolvimento de uma teoria dos preços; Menger desconfiou de qualquer teoria dos preços e enfatizou a barganha, a incerteza e a descontinuidade na determinação dos preços de mercado.

(continua...)

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