Econ - Rafael Guthmann - Cálculo Economico no Socialismo e Natureza da Informação Dispersa

 

Rafael Guthmann - Cálculo Economico no Socialismo e Natureza da Informação Dispersa:


219 - Hoje esse Rafael é professor da PUC-RJ acho. Departamento de Economia. Mises: sem mercado para bens de produção o socialismo seria cego quanto à alocação mais eficiente.

220 - Sobre Lange, afirma: atualmente a maioria dos economistas considera que sua refutação do problema do cálculo econômico no socialismo foi bem sucedida e que o problema real do socialismo se encontra na falta de incentivos e nos altos custos de coleta e transmissão de informação para o órgão que realizaria o processo de planejamento.

221 - Sua descrição do modelo de Lange (que seria baseado no equilíbrio walrasiano): No socialismo as firmas seriam propriedade estatal e seus gerentes receberiam a ordem de igualar o preço, anunciado pelo comitê de planejamento central, ao custo marginal, para maximizar a eficiência. O comitê de planejamento central iria então realizar o processo de equilibrativo anunciado e reajustando os preços, até atingir a igualdade de oferta e procura e assim atingir o ponto alocativo ótimo.

222 - A interpretação da maioria dos economistas atualmente sobre o problema do conhecimento é de que os preços servem como um meio barato de transmissão de informação. Ocorre que preços também podem transmitir informações erradas, segundo esses economistas. Para o mainstream neoclássico o máximo de eficiência é atingido com um mercado regulado para que os preços correspondam aos preços que seriam estabelecidos num equilíbrio walrasiano.

223 - Qual seria o diferencial então da escola austríaca? “... não viam o sistema econômico como uma constelação de mentes agindo propositadamente mas sim como um mundo de magnitudes que independem das percepções subjetivas dos indivíduos.”.

224 - Não consigo ver em que a explicação que ele dá se diferencia de uma crença religiosa. Então o valor é só isso?: Desde o desenvolvimento da moderna economia subjetiva os economistas sabem que o valor dos fatores de produção é determinado pela utilidade marginal dos bens de consumo produzidos a partir desses fatores de produção. Ou seja, os preços dos fatores de produção são determinados pela capacidade desses fatores em satisfazer as necessidades humanas, então esses preços refletem a valoração subjetiva dos indivíduos em relação ao produto derivado dos fatores.

225 - Quando um empreendedor descobre que os preços de um mesmo bem são diferentes em 2 partes do mercado, ele compra onde são mais baratos e vende onde são mais caros, logo surge uma tendência à equalização dos preços dos bens pelo mercado. Num mundo onde nenhum agente erra, temos uma equalização dos preços instantânea, um mundo onde nenhum agente erra é um mundo onde todos sabem de tudo o que precisam para não errar, o que significa que os agentes possuem todo o conhecimento relevante para seu processo de escolha.

226 - Se uma cesta de fatores de produção mais o tempo necessário a produção resultam num bem de consumo, essa cesta de fatores É esse bem de consumo no passado. Isso significa que se os agentes tiverem conhecimento perfeito os preços das cestas dos fatores de produção são igualados aos preços dos bens de consumo final. (Só que esse tempo aí que você cita de passagem é tempo de trabalho, só lembrando. Mesmo processo de transformação pelo qual passaram esses “fatores de produção”).

227 - Conhecimento perfeito e integração pelo sistema de preços garante o equilíbrio no mercado: Uma situação onde temos um agente solitário que tem uma percepção perfeita dos custos e benefícios de todas as ações possíveis é uma situação de equilíbrio para essa economia com um agente individual. Já num mercado a situação é diferente, os agentes não precisam ter uma percepção perfeita de todos os custos e benefícios que incidem sobre todas as pessoas de todas as suas ações possíveis, mas apenas conhecer os preços, suas posses e suas próprias preferências.

228 - Os mercados não criariam a perfeição. Longe disso. Seria o processo de descobrir erros (um sísifo que nunca alcança nem nunca cai totalmente). O equilíbrio nunca está plenamente alcançado, digamos assim. Os preços do mercado nunca são perfeitos, sempre são preços falsos num certo grau, e é exatamente através dos preços falsos que temos a geração da tendência a descoberta da falsidade desses preços devido a essas diferenças nos preços. (...) A força coordenadora do mercado é derivada do sistema de preços e dos lucros e prejuízos que são derivados desse sistema de preços.

229 - Por isso que defende que as forças do mercado deveriam estar sempre o mais livres possível para que essa força possa purgar os erros, ainda que nunca plenamente, evitando alocações ineficientes. A distorção dos preços seria algo que só dificultaria todo o processo.

230 - O paraíso livre-cambista: no mercado as empresas sempre tendem a ter a melhor direção possível, já que se um empreendedor mais habilidoso descobre como organizar uma empresa de uma maneira melhor do que a esperada pelo proprietário da empresa, então esse empreendedor vai conseguir lucrar comprando a empresa pelo que o proprietário espera que a empresa valha e vendendo o produto derivado dos fatores em propriedade da empresa por um preço maior do que o valor esperado pelo antigo proprietário, devido a descoberta da ineficiência na gestão da empresa não percebida pelo proprietário original.

231 - Coloca que o socialismo não dá certo porque a produção é um “único plano” em vez de vários competindo pela mais eficiente alocação. (beleza, planejamento descentralizado, com os devidos incentivos organizados em algoritmo, havendo mera coordenação em rede de unidades autogeridas, tende a resolver isso então. Mesmo eu sendo descrente sobre essa tão brutal ineficiência do Estado frente aos monopólios para administrar planos de produção).

232 - O capitalismo supera o problema porque as ações dos empreendedores sempre tem conseqüências não percebidas, transcendendo a capacidade individual de planejar. (inclusive ruins...)

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