Econ - Textos Variados LXXII (Rafael Guthmann)


Rafael Guthmann - O Processo de Convergência para um Equilíbrio Walrasiano:

233 - Walras: … Que esse modelo é irrealístico todo mundo concorda.

234 - Na “concorrência perfeita”, o preço é dado espontaneamente, sem que os agentes façam uma escolha consciente deles, senão seria planejamento central.

 

INSIGHT/DÚVIDA ALEATÓRI@: os liberais já pararam pra perceber, eles que gostam de analisar os indivíduos, que quando decidimos dar 1, 10, 100 ou 1000 reais/dólares em algo, estamos, ainda que inconscientemente, mensurando tudo que isso nos significa/custa em termo de tempo de trabalho despendido para comprar essa mercadoria? Que a própria curva de demanda que dependeria apenas da “valoração subjetiva” tem essa base objetiva? Enfim, que não tiramos o valor das coisas absolutamente do cu? A relação se dá sempre na comparação utilidade/trabalho; Só que numa sociedade de mercado vale mais levar em conta a “utilidade coletiva/total”, digamos assim, que a “individual” ao se fazer qualquer troca. E essa “valoração da utilidade coletivo” tem um limite e contornador objetivo, que é o trabalho. Quanto menor for o tempo necessário, mais valores-de-uso podem ser produzidos, pois a unidade de trabalho vai diminuindo o valor-de-troca” (É uma maneira meio heterodoxa, e talvez herege de explicar a questão, mas deu pra entender).

 

235 - Só eu relendo de novo esse texto algum dia, pois já estou na metade e a impressão que eu tenho é a de que ele lhe toma quase uma hora de vida pra dizer a obviedade de que o “empreendedor” que consegue extrair mais lucro de cada hora trabalhada - fazendo os contratos de trabalho que desperdiçam menos horas de trabalho/produção, por exemplo, tendo em vista a quantidade de produto demandada/valorada no mercado - é o que mais vai levar o sistema a uma situação ótima, mais próxima do equilíbrio. Seria uma tendência equilibrante. Percebe formas de otimizar o lucro que outros não percebem, equilibrando quantidades ótimas. (Ok, mas e daí? Maior lucro nem sempre significa maior criação de valor. E é daí que vem o lucro dos empreendedores que lucram com melhor acerto de informação, com arbitragem de preços, ou sei lá o que. Tudo bem que isso maximiza o bem-estar, eis que evita desperdício de trabalho, mas nenhum sistema consegue fazer isso perfeitamente. Essa é a questão.).

236 - O mais importante é notar que nesse caso os empreendedores não precisam descobrir as preferências e as dotações de cada agente para realizar todas as transações mutuamente benéficas possíveis, diferente de outros equilíbrios, mas na verdade só precisam descobrir que existem discrepâncias nos preços de mercado e precisam antecipar as ações dos outros empreendedores de forma a conseguir capturar as oportunidades de lucro.

237 - A meu ver, essa “correção de ineficiências” que ele apresenta como motor do sistema de maneira alguma o é. Embora útil, não me parece que seja capaz de vencer qualquer inovação tecnológica. O “motor” principal deve ser a inovação, como queria Schumpeter. Outra coisa a se perceber é que o “lucro maior” - em alguma situações - vem de pagar um pouco mais pelo que realmente vale o “trabalho”, a fim de capturar esse trabalhador subaproveitado e fazê-lo trabalhar e produzir mais. O custo será maior, mas o lucro ainda maior, em proporção. Isso tudo não quer dizer que o trabalhador recebe tudo que vale, já que seu trabalho poderia se dar num processo de autogestão. Ainda mais em se tratando de monopólios/oligopólios, como tende a ser a regra.

 

Rafael Guthmann - Quebrando as Correntes Walrasianas da Economia Moderna:

238 - Critica o modelo de monopólio dos walrasianos: O modelo chega a conclusão que a alocação do bem monopolizado é ineficiente porque o monopolista escolhe ofertar uma quantidade menor do que ele estaria disposto a ofertar no preço estabelecido num equilíbrio competitivo porque dessa forma ele consegue um preço maior, devido a elasticidade imperfeita da curva da demanda, e consegue um resultado melhor para ele.

239 - Afirma que se entrassem mais empresas, não seria monopólio. Ok. E se eu nascesse na Argentina, não seria brasileiro. Ele parece não acreditar em monopólios naturais ou quase isso. (...) Se você é um economista intervencionista, temos modelos de concorrência imperfeita, modelos com externalidades, bens públicos, e etc, que justificam as intervenções que você defende.

240 - Conceito de equilíbrio que defende(m): Na teoria ortodoxa temos modelos que chegam a equilíbrios eficientes, e modelos que chegam a equilíbrios ineficientes. Eu argumentarei que pela teoria de processo de mercado, todo equilíbrio é perfeitamente eficiente, se não é perfeitamente eficiente, então não é um equilíbrio. Por que? Para os economistas da EA o termo equilíbrio tem um significado bem preciso, significa uma situação onde todos os agentes já descobriram a totalidade das implicações e significado a estrutura das informações relevantes para a formulação de planos de ação, ou seja, onde todos os agentes já formularam planos de ação que não serão modificados com a passagem do tempo, porque os agentes não vão descobrir erros nesses planos com a passagem do tempo. Nessa situação os agentes já tem uma percepção perfeita de tudo o que eles podem fazer para passar de um estado menos satisfatório para um estado mais satisfatório. Então eles maximizam a utilidade com base em tudo que podem fazer, dado tudo o que os outros agentes já fizeram. (...) Claro que a realidade nunca está em equilíbrio e por isso que os mercados do mundo real nunca são perfeitamente eficientes. Mas é exatamente por isso que os defensores da teoria de processo de mercado argumentam que a intervenção estatal tende a ser prejudicial. Se temos uma ineficiência, então empreendedores podem descobrir essa ineficiência e corrigi-la.

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