Marxistas - Textos Diversos XLVII
José Paulo Netto - De Como Não Ler Marx ou o Marx de Sousa Santos (Critica Boaventura):
710 - Setembro de 2008. Critica o capítulo sobre marxismo do “Pela Mão de Alice”.
711 - Boaventura aponta que o período de ouro do marxismo foi entre 1890 e 1920. Cita, porém, as turbulências de Bernstein e dos marxistas neokantistas da Áustria.
712 - Netto faz alguns reparos factuais: é inteiramente falsa essa menção a Plekhanov: o “pai do marxismo russo” não foi liquidado, mas faleceu num hospital finlandês em 30 de Maio de 1918. Entre outros erros, secundários, em notas de rodapé, como a classificação errada entre autores e período histórico do marxismo em que se encontravam.
713 - Critica, em rodapé, a pouca importância dada a Lukacs. A ausência dessa sinalização contribui para explicar por que Sousa Santos parece ignorar que o combate aos vários reducionismos (de natureza econômica, notadamente) surge precisamente nos anos 20, bem antes de qualquer “pós-marxismo”
714 - Diz que há um pós-modernismo “inquietante”, diferente do “de celebração”, pois, bem ou mal, busca algum novo modelo societal. Cita que Mészáros acha tudo farinha do mesmo saco.
715 - Problematiza essa coisa de “paradigma”. Seriam as ciências sociais pré-paradigmáticas ainda? O próprio Habermas, cuidadoso como sempre, já advertira que este é um “conceito que só se pode aplicar com certas reservas às ciências sociais”.
716 - Netto afirma que são praticamente ignoradas as reiteradas e enfáticas notações marxianas sobre o caráter tendencial e histórico das leis histórico-sociais.
717 - Afirma que Marx deixava claro que não era o capitalismo, por si mesmo, quem levava ao desenvolvimento das forças produtivas, mas sim o conflito entre o capital e o trabalho. (Creio que faltou desenvolver mais essa tese, posto que Netto fala como se fosse possível existir um capitalismo sem esse conflito. Como não é, não deixa de ser, ainda, o capitalismo)
718 - Defende que Marx tem passagens que não ligam diretamente o progresso tecnológico ao progresso social (Certo. Até tem. Porém, o inverso ele faz sim).
719 - (A meu ver, a crítica de Boaventura pareceu bem vaga, mas as respostas também não foram profundas. Em 2011/12, quando li, adorei esse texto) Resume suas críticas a ideia de que Boaventura ignorou a totalidade em Marx, como há múltiplas determinações e mediações entre esferas que não podem ser isoladas. Ou seja, a “sociologia” de Marx só pode ser explicada/criticada tendo se analisado também é “economia” de Marx. Seria o grande erro do pensador português.
Karl Marx - A Burguesia e a Contra Revolucao:
720 - Dezembro de 1848. A revolução foi em março. Em dezembro, a contrarrevolução já tinha vencido na Prússia.
721 - Interessante este rodapé: Trata-se da revolução burguesa de 1566-1609 nos Países Baixos (actualmente Bélgica e Holanda), que faziam parte do Estado espanhol; a revolução combinou a luta da burguesia e das massas populares contra o feudalismo com a guerra de libertação nacional contra o domínio espanhol. Em 1609, após uma série de derrotas, a Espanha foi obrigada a reconhecer a independência da República Holandesa burguesa. A revolução burguesa dos Países Baixos no século XVI abriu a época das revoluções burguesas vitoriosas na Europa. O território da Bélgica actual permaneceu nas mãos dos espanhóis até 1714.
722 - Marx coloca que nas revoluções recentes, mesmo a francesa, o interesse do povo não aparecia como separado do da burguesia. Não constituiam classes. Todo o terrorismo francês não foi mais do que uma maneira plebeia de se desfazer dos inimigos da burguesia, do absolutismo, do feudalismo e da tacanhez pequeno-burguesa.
723 - Tanto a “inglesa” quanto a “francesa” foram a vitória da propriedade burguesa sobre a feudal, da nacionalidade sobre o provincianismo, da concorrência sobre a corporação… Entre outras.
724 - Diz que a revolução prussiana foi provinciana (sequer nacional) e não instaurou a dominação burguesa. A burguesia prussiana não era, como a francesa de 1789, a classe que defendia toda a sociedade moderna face aos representantes da velha sociedade, a realeza e a nobreza. Tinha descido a uma espécie de estado (...) tão marcadamente contra a Coroa como contra o povo, desejosa de opor-se a ambos, indecisa face a cada um dos seus adversários tomado isoladamente (...).
725 - Enfim, chama a burguesia prussiana de vacilona: (...) sem fé em si própria, sem fé no povo, resmungando contra os de cima, tremendo perante os de baixo, egoísta para com os dois lados e consciente do seu egoísmo, revolucionária contra os conservadores, conservadora contra os revolucionários, desconfiando das suas próprias palavras de ordem, com frases em vez de ideias, intimidada pela tempestade mundial, explorando a tempestade mundial...
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