Marxistas - Textos Diversos LIII - As Bases Ontológicas do Pensamento e da Atividade do Homem (Lukacs)

 

Lukács - As Bases Ontológicas do Pensamento e da Atividade do Homem:


818 - Texto para uma conferência de 68 que é uma síntese do projeto inicial sobre ontologia.

819 - Afirma que o neopositivismo domina o mundo no momento, inclusive político. Por isso, tornou-se “não científica” qualquer colocação ontológica.

820 - Ontologia marxiana: Marx não negava valor à consciência. Muito pelo contrário. O fato de ser um produto tardio da matéria não impede que a consciência reflita a realidade e permita a ação modificadora. Inclusive é a consciência que permite a ideação que diferencia o trabalho humano das atividades das demais espécies. 

821 - Trabalho leva ao desenvolvimento humano: altera a adaptação passiva, meramente reativa, do processo de reprodução ao mundo circundante, porque esse mundo circundante é transformado de maneira consciente e ativa.

822 - A necessidade social só se pode afirmar por meio da pressão que exerce sobre os indivíduos (...), a fim de que as decisões deles tenham uma determinada orientação. Marx delineia corretamente essa condição, dizendo que os homens são impelidos pelas circunstâncias a agir de determinado modo “sob pena de se arruinarem”. Eles devem, em última análise, realizar .por si as próprias ações, ainda que freqüentemente atuem contra sua própria convicção.

823 - No mundo do trabalho, não há apenas “ser-em-si”. Apenas a objetivação real do ser-para-nós faz com que possam realmente nascer valores. 

824 - O sujeito jamais está em condições de ver todos os condicionamentos da própria atividade, para não falarmos de todas as suas consequências. É óbvio que isso não impede que os homens atuem. De fato, existem inúmeras situações nas quais, sob pena de se arruinar, é absolutamente necessário que o homem aja embora tenha clara consciência de não poder conhecer senão uma parte mínima das circunstâncias. 

825 - … Noutro trecho mais a frente: Mesmo quando alguns homens ou grupos de homens conseguem realizar suas finalidades, os resultados produzem, via de regra, algo que é inteiramente diverso daquilo que se havia pretendido (Basta pensar no modo pelo qual o desenvolvimento das forças produtivas, na Antiguidade, destruiu as bases da sociedade (...)). (...) Essa discrepância interior entre as posições teleológicas e os seus efeitos causais aumenta com o crescimento das sociedades, com a intensificação da participação sócio-humana em tais sociedades. 

826 - A matemática, a geometria, a física, a química etc., eram originariamente partes, momentos desse processo preparatório do trabalho. Pouco a pouco, elas cresceram até se tornarem campos autônomos de conhecimento, sem porém perderem inteiramente essa respectiva função originária. 

827 - Não é que estes escapem à concreta dialética histórico-social, mas conhecimentos que influenciam o intercâmbio orgânico com a natureza são muito mais facilmente desvinculáveis das posições teleológicas que condicionaram o seu aparecimento do que os conhecimentos dirigidos no sentido de influenciar os homens e os grupos humanos.

828 - (...) mesmo as piores formas de inumanidade são o resultado desse progresso. Nos inícios, o escravagismo constitui um progresso em relação ao canibalismo. (E foi?!)

829 - A dilatação da liberdade: ocorre, precisamente, de modo direto, no processo de desenvolvimento econômico, no qual, por um lado, acresce-se o número, o alcance etc., das decisões humanas entre alternativas, e, por outro, eleva-se ao mesmo tempo a capacidade dos homens, na medida em que se elevam as tarefas a eles colocadas por sua própria atividade.

830 - Só quando a humanidade tiver superado qualquer caráter coercitivo em sua própria autoprodução, só então terá sido aberto o caminho social da atividade humana como fim autônomo.

831 - O homem deve adquirir sua própria liberdade através de sua própria atuação. Mas ele só pode fazê-lo porque toda sua atividade já contém, enquanto parte constitutiva necessária, também um momento de liberdade.

832 - (Texto muito pouco transparente, apesar de algumas passagens)

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