Marxistas - Textos Diversos XXIX

 

Entrevista - Chico Oliveira Sobre Ruy Mauro Marini:

424 - Lula é o Mandela do Brasil. Aos dominados, a política, como divertissement, e aos dominantes, o controle da economia. Acrescenta que uma fração dos dominados se tornou dominante.

425 - Florestan pode ser entendido na chave também do “ponto de partida”, mas sua interpretação sobre a ausência de “revolução burguesa” no Brasil, em chave parecida com as dos nossos Carlos Nelson Coutinho e Luis Werneck Vianna, deve ser repensada, pois no capitalismo globalizado já não se faz necessária que a burguesia nacional seja revolucionária.

426 - Não desenvolve muita coisa.

 

Entrevista Com István Mészáros (Ótima):

427 - Já li e fichei na pasta “Mészáros”. Outro título e em PDF. É o primeiro texto lá.

 

Entrevista Com Michael Löwy:

428 - Seus professores foram Aziz Simão, Antonio Candido, Otávio Ianni, FHC e Florestan. Curiosamente, este era o mais eclético e mais afastado do marxismo. Fim dos anos 50. Depois, seria o contrário.

429 - Os alunos de CISO na época: Havia interesse político, havia interesse pela teoria marxista, mas militância política, não, era muito limitada.

430 - Em 1954, por aí, integrou a Liga Socialista Independente. Um grupo bem pequeno com Singer, Sachetta, Sader… (Acho que a Liga Socialista Independente, só os nossos amigos é que conheciam…) Foi aí que conheceu Rosa Luxemburgo e sofreu grande influência de Paul Singer. Iam em assembleias de operários levar a palavra de solidariedade dos estudantes. Foi quase essa mesma galera, mais alguns outros, que fundou, lá em 60, a POLOP. Lowy foi pra França no período, mas acompanhava e participava das discussões internas. Depois dos quatro anos na França (60-64) foram quatro anos em Israel (64-68).

431 - Lênin e Trotsky eram criticados pela Liga. Viés autoritário.

432 - No “grupo do Capital”, de FHC e Singer, havia motivos acadêmicos e políticos misturados. Uns mais voltados para a militância e outros para a academia, melhor entendimento das coisas etc.

433 - Lucien Goldmann e o jovem Marx: Para ele, não existe classe operária no século XIX, existem artesãos, e Marx representava mesmo a ala esquerda da burguesia...

434 - Em 68, por aí, - cisão da POLOP - O pessoal a quem eu estava mais ligado havia criado uma nova organização chamada POC (Partido Operário Comunista) e estava se aproximando da Quarta Internacional. Nesse momento o Emir Sader veio à Europa. Nós dois discutimos e chegamos à conclusão de que a Quarta Internacional era interessante. (Lowy era trotskista)

435 - Na volta pra França (após Israel) foi assistente de Poulantzas - maoísta e althusseriano. Deram um curso juntos, no qual um discordava do outro na aula seguinte para os mesmos alunos. Disse que foi engraçado.

436 - Lukács foi outra referência importante.

437 - A última tentativa de reorganizar o POC fracassou em 1971, quando um amigo nosso voltou de Paris para o Brasil e foi morto pela ditadura.

438 - E nessa época também me confiscaram o passaporte brasileiro. Fui renovar o meu passaporte na embaixada e me explicam que eu era persona non grata. Eu já não tinha nem legalmente como voltar ao Brasil.

439 - A partir dos anos 80 volta a ter contato com o Brasil e visitas mais regulares após a democratização.

440 - Acha furada a crítica de que o marxismo é uma religião laica. A única semelhança que vê é quem ambos fazem uma aposta. A religião na existência de Deus e o marxismo na possibilidade de realização do comunismo.

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Ernest Mandel - O Materialismo Dialético:

441 - Extraído do livro “Introdução ao Marxismo”.

442 - Espécies e até planetas nascem e desaparecem com o passar dos anos. Tudo muda. O movimento universal caracteriza toda a existência. Marx e Engels pretendiam reunir os elementos comuns desse movimento universal de mudança.

443 - A dialética da natureza independe da ação humana. Há, ainda, a dialética da história, em que os projetos de mudança dependem de condições objetivas preexistentes, e a “do conhecimento (pensamento humano)”, que surge da interação entre os objetos e o “agir” dos sujeitos de conhecimento.

444 - Mesmo o pensamento humano é produto do movimento da matéria, já que nem sempre existiu. É este o sentido preciso que tem a noção: “dialética materialista objetiva”.

445 - Os conhecimentos vão se aproximando cada vez mais da realidade. Porém, alcançar plenamente esta (identidade total do conhecimento e da realidade) parece impossível a Mandel já que a mesma está em movimento contínuo.

446 - A lógica formal tem três leis fundamentais. Identidade (A = A); contradição (A não poder ser igual a “não-A”); terceiro excluído (ou é A ou é não-A). Mandel critica isso por excluir o movimento. Ante fatos como a transformação da lagarta em borboleta e do adolescente em adulto, a lei da identidade revela-se insuficiente.

447 - A dialética materialista não recusa a lógica formal, apenas a coloca como mais um dos instrumentos de análise. Ou seja, não serve pra tudo. É inaplicável a fenômenos de movimento e processos de mudança.

448 - Dialética é a ciência das contradições. Todo movimento é causado. A causa última de todo movimento, de toda mudança são as contradições internas do objeto que muda.

449 - Contradição é coexistência de elementos opostos (integram uma unidade), logo, estarão em luta/tensão. Portanto, é unidade, interpenetração e luta de contrários. Existir é isso. A luta entre os elementos tende, porém, a romper o conjunto.

450 - Estrutura é qualidade. As mudanças quantitativas não alteram a estrutura. Não há um salto de qualidade.

451 - A negação da negação é a superação da contradição que implica por sua vez (...) uma negação, uma conservação e uma elevação a um nível superior. Assim, o comunismo conserva a evolução das forças produtivas, mas traz algo novo superior, por exemplo.

452 - Compreender o movimento, a mudança universal, é compreender a existência de uma infinidade de situações transitórias. “O movimento é a unidade da continuidade e da descontinuidade” (Hegel). Isso gera certa relatividade na análise das coisas. Reconhecer situações transitórias. Porém, a relatividade das categorias é apenas parcial. Se for absoluta, vira sofismo. Ou seja, a relatividade é relativa. A morte, por exemplo, permanece como a negação da vida. O fato de haver estágios de dúvida não significa que há identidade entre essas coisas (relatividade absoluta).

453 - A prática como critério da verdade não é uma simplificação. É preciso tempo, um certo recuo, novas experiências, uma série de sucessiva “provas da prática”, antes que o caráter científico de uma teoria se imponha efetivamente na prática.


(outra versão de fichamento desse mesmo texto aí acima)


Ernest Mandel - O Materialismo Dialético:

352 -Cita as dialéticas - da natureza (a que não depende do sujeito para suas mudanças); da história e do conhecimento.

353 - ... que a vida é mais velha que o pensamento humano; que o universo é mais velho que a terra; que todo este movimento é independente da ação e da existência do homem; que o mesmo pensamento humano é produto deste movimento. É este o sentido preciso que tem a noção: “dialética materialista objetiva”.

354 - Mesmo a ciência natural está condicionada pelo social, ou seja, aos problemas da época que as limitam.

353 - Lei da identidade (A = A); lei da não contradição (A diferente de não-A) e lei do terceiro excluido (ou A ou não-A). São as leis da lógica formal (estática).

354 -  Lógica do movimento e lógica das contradições são definições praticamente idênticas de dialética. Dialética é a ciência da contradição, a qual gera o movimento. Contradições internas.

355 - Com homogeneidade integral, na ausência total de elementos que se oponham uns aos outros, não há contradição, não há movimento, não há vida, não há existência. A existência é constituída pela unidade, interpenetração e luta de contrários, em outra palavras, pelo movimento.

356 - Mudanças qualitativas são posteriores às quantitativas (que vão acumulando para as qualitativas).

357 - A negação da negação é a superação da mera negação. Ir além.

358 - A dialética do “geral” e do “particular” não se conforma em combinar analises do “geral” e o “particular”. Também se esforça em explicar o particular em função das leis gerais, em modificar as leis gerais em função de um certo número de fatores particulares.

359 - Evidentemente que é inevitável uma certa simplificação, uma certa “redução” da “totalidade” ao seus elementos constitutivos decisivos, como primeira tentativa de aproximação de toda a análise científica. Esta é, à partida, necessariamente abstrata. Mas é necessário ter presente que este inevitável processo de abstração empobrece o real; quando mais se aproxima do real. mais se aproxima de uma totalidade rica de uma infinidade de aspectos, que a análise científica e o conhecimento devem explicar, ao mesmo tempo, nas suas relações recíprocas e nas relações contraditórias: “A verdade é sempre concreta” (Lenin). “O verdadeiro é a totalidade” (Hegel).

360 - Meio cartilhesco o texto, mas ok.

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