Marxistas - Textos Diversos LXIII - Produtividade do Capital - Trabalho Produtivo e Improdutivo (Marx)

 

Marx - Produtividade do Capital - Trabalho Produtivo e Improdutivo:

1014 - Parte dos Manuscritos Económicos de Marx de 1861 a 63.

1015 - O capitalismo tem em comum com os modos anteriores o fato de pressionar por trabalho excedente. A diferença é separação entre trabalhador e os seus meios de produção: Não é o trabalhador que os usa, mas eles que o usam. E são, por esse meio, capital. Capital emprega trabalho. (...) o trabalhador é para eles meio tanto de lhes conservar o valor, quanto de criar mais-valia, isto é, serve-lhes para o acrescer, para sugar trabalho excedente.

1016 - A força de trabalho é produtiva pela diferença entre seu valor e o valor que gera. Portanto, é trabalho que gera mais-valia. Trabalho que se transforma diretamente em capital. Que transforma dinheiro em capital.

1017 - Se, devido a uma máquina, por exemplo, o tempo de produção de um produto cai de doze para seis horas, as 12 horas do trabalhador-sem-máquina só configuram 6 horas de tempo de trabalho social, embora ele trabalhe 12 como dantes.

1018 - No processo de produção efetivo, o trabalho vivo se transforma em capital, ao reproduzir o salário - portanto, o valor do capital variável - e ainda gerar mais-valia; e por meio desse processo de transformação, a soma toda em dinheiro se converte em capital, embora à parte que varia diretamente seja apenas a desembolsada em salário. O capital constante não varia e apenas é conservado pelo variável, mais ninguém.

1019 - Após a contratação (venda da força de trabalho), vem a produção. Nesse processo há apropriação de uma parte não paga do trabalho, e só por esse meio o dinheiro se transforma em capital.

1020 - E por conseguinte só trabalho que se apresenta em (entendi como “sob a forma de”) mercadoria, isto é, em valores de uso, é trabalho por que se permuta capital. Trata-se, aqui, do valor de uso da força de trabalho (o de gerar mais-valia).

1021 - O processo capitalista de produção, portanto, não consiste em mera produção de mercadorias. É um processo que absorve trabalho não pago, faz das matérias-primas e dos meios de trabalho - os meios de produção - meios de absorver trabalho não pago.

1022 - A mesma espécie de trabalho pode ser produtiva ou improdutiva. Milton, por exemplo, que escreveu o Paraíso Perdido por 5 libras esterlinas, era um trabalhador improdutivo. Ao revés, o escritor que fornece à editora trabalho como produto industrial é um trabalhador produtivo. Milton produziu o Paraíso Perdido pelo mesmo motivo por que o bicho-da-seda produz seda. Era uma atividade própria de sua natureza. Depois vendeu o produto por 5 libras. Mas o proletário intelectual de Leipzig, que sob a direção da editora produz livros (por exemplo, compêndios de economia), é um trabalhador produtivo; pois, desde o começo, seu produto se subsume ao capital e só para acrescer o valor deste vem à luz. Uma cantora que vende seu canto por conta própria é um trabalhador improdutivo. Mas, a mesma cantora, se um empresário a contrata para ganhar dinheiro com seu canto, é um trabalho produtivo, pois produz capital.

1023 - Quando o dinheiro só tem função de dinheiro? Ou seja, de meio de circulação? Quando a compra nada tem a ver com gerar mais valor. Ainda que se queira economizar (na verdade, pagar o preço normal da peça, o que vale de fato… Evitar que se compre caro). Ao comprar uma calça na loja ou encomendada ao serviço de um alfaiate, Marx mostra que quer apenas a calça. Por mais que essa possa ser produzida de formas diferentes. Não está usando o dinheiro para gerar mais dinheiro.

1024 - … Contudo, o alfaiate que vem a minha casa não é trabalhador produtivo, embora seu trabalho me forneça o produto, a calça, e a ele, o preço do trabalho, o dinheiro. É possível que a quantidade de trabalho que o alfaiate me fornece seja maior que a contida no preço que de mim recebe. E isso é mesmo provável, pois o preço de seu trabalho é determinado pelo preço que os alfaiates produtivos recebem. Mas esse assunto não me interessa. Uma vez dado o preço, para mim tanto faz que o alfaiate trabalhe 8 ou 10 horas.

1025 - … o trabalho só me interessa como valor de uso, serviço que transforma pano em calça. (...) Quando o dinheiro se troca diretamente pelo trabalho, sem produzir capital e sem ser, portanto, produtivo, compra-se o trabalho como serviço, o que de modo geral não passa de uma expressão para o valor de uso especial que o trabalho proporciona como qualquer outra mercadoria. (...) a mera troca de dinheiro por trabalho não transforma este em trabalho produtivo.

1026 - Ao revés, meu poder de empregar trabalhadores produtivos não cresce, mas; ao contrário, decresce na proporção em que emprego trabalhadores improdutivos. (Porém, quando a prestação de serviços vem de um patrão que envia trabalhadores, estes são produtivos para o patrão e improdutivos para o que recebe os serviços)

1027 - O improdutivo, portanto, não fornece “mais-valia” ao “patrão”. É improdutivo mesmo se produz mercadoria vendável - mas só até o montante correspondente a sua força de trabalho.

1028 - … Isso prova, inclusive, pela diferença, a existência da “mais-valia”. Na troca de dinheiro por trabalho improdutivo, a diferença aparece de maneira contundente. Aí dinheiro e trabalho se trocam apenas na condição de mercadoria.

1029 - Camponês e artesão não é uma coisa nem outra. Vendem e produzem mercadorias simplesmente. Como não empregam ninguém…

1030 - Trecho estranho é o sobre a empresa em que o patrão é o próprio trabalhador: Como capitalista paga o salário a si mesmo e extrai o lucro de seu capital, isto é, explora a si mesmo como assalariado e se paga com a mais-valia o tributo que o trabalho deve ao capital. (...) Assim, é por força da propriedade destes que se apodera do próprio trabalho excedente e, como seu próprio capitalista, consigo mesmo se relaciona na qualidade de assalariado. A tendência é, porém, que esse produtor se torne pequeno capitalista ao explorar trabalho alheio ou simplesmente perca seus meios.

1031 - Mais exemplos práticos: Nos estabelecimentos de ensino, por exemplo os professores, para o empresário do estabelecimento podem ser meros assalariados; há grande número de tais fábricas de ensino na Inglaterra. Embora eles não sejam trabalhadores produtivos em relação aos alunos, assumem essa qualidade perante o empresário.

1031.1 - Por sinal, achei um trecho interessante no Google sobre comerciários, do livro III: Sobre os comerciários Marx afirmaria: “O trabalho não-pago desses empregados, embora não crie mais-valia, permite-lhe apropriar-se de mais-valia, o que para esse capital é a mesma coisa (...) É produtivo, para o capitalista, não por criar mais-valia diretamente, mas por concorrer para diminuir os custos de realização de mais-valia, efetuando trabalho em parte não-pago”. (Marx, O Capital, Livro 3, Vol. 5, p. 345)

1032 - Trabalhador/empregado do transporte é produtivo, ao que entendi.

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