Marxistas - Textos Diversos XL - Modo de Produção Asiático e Etapismo (Jair Antunes)

 

Jair Antunes - Modo de Produção Asiático e Etapismo:

610 - O modo de produção asiático teria levado a uma estagnação de milênios na China e Índia. Como Marx sabia disso? As conquistas imperialistas no Oriente, promovidas pela burguesia ocidental no século XIX, (...) afloravam, via relatórios oficiais e não-oficiais, as estruturas sócio-culturais daquelas grandes civilizações. O que estes relatórios mostravam era que aquelas estruturas haviam se assentado ali há milênios.

611 - Critica o “origem…” de Engels. Nesta obra, Engels desconsidera a categoria de modo de produção asiático e reduz a história asiática à condição de sociedade gentílica.

612 - Sua tese é de que Engels mudou após a morte de Marx e seria a causa do falseamento promovido por Stalin, cuja teoria da história marxista estaria embasada em A origem da família, da propriedade privada e do Estado, do “último” Engels. Este teria rompido com as categorias marxistas de explicação da história e abraçado teorias antropológicas modernas na época. A enorme influência que a obra do antropólogo norte-americano Lewis H. Morgan, A sociedade primitiva, exerceu sobre Engels é algo que podemos considerar como uma mudança quase completa na forma metodológica de analisar o ser aí das coisas.

613 - Morgan teria escrito sobre a história dos povos indígenas dos EUA e Engels pretendeu universalizar a organização destes a todos os povos primitivos. Seria, portanto, a origem gentílica universal de todos os povos.

614 - Erro de Engels segundo as pesquisas mais recentes: Entre a fase “gentílica” e a fase “clássica”, haveria, segundo estes estudiosos, uma fase “asiática” na história grega (civilização creto-micênica).

615 - E por que surgem os modos de produção asiático? Primeiro, cabe explicar que consistem em organizações sociais estabelecidas e comandadas a partir de uma entidade comunal abstrata centralizadora do nexo social e que estaria acima das comunidades locais efetivas. Esta unidade superior surgiria, pois, naturalmente, segundo Marx, a partir da necessidade de formação de grandes frentes de trabalhos públicos relativos especialmente à formação de processos produtivos comuns, beneficiadores tanto desta comunidade superior abstrata como também das comunidades locais efetivas. Outra vantagem desse modo seria aparecer frente ao exterior como unidade local protegida por uma comunidade superior.

616 - Ao contrário da Grécia clássica, não existia propriedade privada da terra nessas sociedades orientais. O Estado tinha as terras e as comunidades locais a posse e seus frutos.

617 - Marx reconhece o grande desenvolvimento estatal na Ásia. Antes mesmo da Grécia. Eram sociedades complexas. Afirma que Engels (do “origem”...) é que não reconhece.

618 - … O Estado, inclusive, era quem se apropriava do excedente. O Estado só deixa de ser uma entidade comunal originária para ser o que é hoje quando é estabelecida a propriedade privada por parte daqueles que controlavam a entidade comunal, afirma o texto. Seria, assim, uma espécie de golpe. Enfim, o surgimento de formas estatais não está ligado à necessidade de perpetuar a luta de classes, como queria Engels. Para Marx, como dissemos, o Estado é uma forma de instituição que nasce naturalmente das necessidades das comunidades semi-gregárias, ou recém assentadas, de organizar as obras de produção e reprodução da vida material imediata. Assim, no Oriente não haveria classes lutando pela apropriação das riquezas sociais.

619 - … Havia, de fato, diferenciação social - vantagens materiais extras - entre a maioria e os “funcionários” (generais, sacerdotes, escribas contábeis…) leais ao palácio, mas nada de serem proprietários. Isso pela vontade do déspota. Marx dirá: “Na Ásia, o Estado político nada mais é do que o arbítrio de um único indivíduo, ou seja, o Estado político, assim como o material, é escravo”.

620 - Engels afirma - e Jair duvida da veracidade da afirmação - que o próprio Marx, após ter lido e fichado a obra do antropólogo norte-americano, queria ter escrito ele próprio uma nova obra sobre as formações originárias da humanidade.

621 - (Por que a teoria de Engels ajuda Stálin, e a de Marx não, é que eu ainda fiquei sem compreender)

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