Marxistas - Textos Diversos XLVIII

 

Karl Marx & Engels - Mensagem da Direção Central à Liga dos Comunistas [N79]:

726 - Aqui é março de 1850, “quando tinham ainda esperança num novo ascenso da revolução”. Era um documento secreto. Só um ano depois descoberto pelas autoridades.

727 - A Liga participou ativamente da revolução 48/49. Porém, lamentam a caída da organização depois. O que restou da Liga? quando muito permanecia organizado nalgumas localidades para objectivos locais e, por isso, no movimento geral, caiu inteiramente sob o domínio e a direcção dos democratas pequeno-burgueses.

728 - O que houve em 1849? Insurreições das massas populares na Alemanha em Maio-Julho de 1849 em defesa da Constituição imperial (adoptada pela Assembleia Nacional de Frankfurt em 28 de Março de 1849, mas rejeitada por uma série de Estados alemães). Estas insurreições tinham um carácter espontâneo e disperso e foram esmagadas em meados de Julho de 1849.

729 - Defendiam a autonomia desse partido operário (a Liga). Nada de ficar a reboque. O partido democrático pequeno-burguês é muito poderoso na Alemanha. Abrange não somente a grande maioria dos habitantes burgueses das cidades, os pequenos negociantes industriais e os mestres artesãos: conta entre os seus seguidores os camponeses e o proletariado rural enquanto este último não tiver encontrado um suporte no proletariado autónomo das cidades.

730 - Santa Aliança: agrupamento reaccionário dos monarcas europeus, fundada em 1815 pela Rússia tsarista, pela Áustria e pela Prússia para esmagar os movimentos revolucionários de alguns países e manter neles regimes monarco-feudais.

731 - A grande burguesia propunha a recusa aos impostos como forma de derrubar o feudalismo e o absolutismo.

732 - As reivindicações da pequena burguesia eram irrisórias para o proletariado. Queriam uma série de limitações, porém, ao grande capital.

733 - Qual deveria ser o programa mínimo da associação proletária? “... que, pelo menos, estejam concentradas nas mãos dos proletários as forças produtivas decisivas.”

734 - Em vez de condescender uma vez mais em servir de claque dos democratas burgueses, os operários, principalmente a Liga, têm de trabalhar para constituir, ao lado dos democratas oficiais, uma organização do partido operário.

735 - Defendem que, assim que a burguesia tome o poder, o proletariado já esteja se organizando em armas (literalmente), ou seja, já seja o germe da revolução futura. Manter a chama viva pelo maior tempo possível. Durante o conflito e imediatamente após o combate, os operários, antes de tudo e tanto quanto possível, têm de agir contra a pacificação burguesa e obrigar os democratas a executar as suas actuais frases terroristas.

736 - Desconfiança para com os “aliados”, pregam. Ao lado dos novos governos oficiais, têm de constituir imediatamente governos operários revolucionários próprios, quer sob a forma de direcções comunais, de conselhos comunais, quer através de clubes operários ou de comités operários, de tal maneira que os governos democráticos burgueses não só percam imediatamente o suporte nos operários, mas se vejam desde logo vigiados e ameaçados por autoridades atrás das quais está toda a massa dos operários.

737 - A centralização dos clubes operários, para formar um partido operário, será crucial, apontam. Instaurada a democracia, mesmo onde não existe esperança de sucesso, devem os operários apresentar os seus próprios candidatos, para manterem a sua democracia, para manterem a sua autonomia, contarem as suas forças, trazerem a público a sua posição revolucionária e os pontos de vista do partido. Não devem, neste processo, deixar-se subornar pelas frases dos democratas, como por exemplo que assim se divide o partido democrático e se dá à reacção a possibilidade da vitória.

738 - Entregar terras feudais aos pequenos camponeses? No interesse do proletariado rural e no seu próprio interesse, os operários têm de opor-se a este plano. Têm de exigir que a propriedade feudal confiscada fique propriedade do Estado e seja transformada em colónias operárias, que o proletariado rural associado explore com todas as vantagens da grande exploração agrícola. Consideravam que o contrário era uma espécie de demagogia, tendo em vista a situação “atual” do camponês francês. Ou seja, consideravam que o capitalismo já estava caduco e podia dar lugar ao socialismo. De toda forma, Lênin, sem criar objeção a essa ideia, contestou o teor absoluto dessa recomendação de Marx e Engels.

739 - Outra recomendarão era para que se apoiasse a centralização estatal: Eles não se devem deixar induzir em erro pelo palavreado sobre a liberdade das comunas, o autogoverno, etc. Num país como a Alemanha, onde estão ainda por remover tantos restos da Idade Média, onde está por quebrar tanto particularismo local e provincial, não se pode tolerar em circunstância alguma que cada aldeia, cada cidade, cada província ponha um novo obstáculo à actividade revolucionária, a qual só do centro pode emanar em toda a sua força.

740 - Engels afirma, em nota posterior, que centralizar não significa podar certas coisas. Falando da França… “este autogoverno provincial e local, semelhante ao americano, se tornou precisamente a mais poderosa alavanca da Revolução, e isso até ao ponto em que Napoleão, imediatamente após o seu golpe de Estado do 18 de Brumário, se apressou em substitui-la pela administração dos prefeitos ainda hoje existente, a qual, portanto, foi desde o começo um puro instrumento da reacção”.

741 - Propunham que pressionassem/obrigassem os democratas no poder a centralizar nas mãos do Estado as forças produtivas. Ademais, que abandonassem a ideia de indenizar proprietários. Outra: imposto progressivo, com taxas crescentes sobre o grande capital, no lugar do proporcional. Ademais, “se os democratas exigirem a regularização da divida pública, os operários exigirão a bancarrota do Estado”.

742 - Enfim, pregam a “revolução em permanência”.

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