Marxistas - Textos Diversos LIV - Carta Sobre o Estalinismo (Lukacs)

 

Lukács - Carta Sobre o Estalinismo:

833 - Foi em 1961. Em 69 ele seria mais nítido em algumas coisas: A grande diferença entre Lenine e Estaline consiste exactamente no facto de que, na filosofia estalinista, se assim podemos chamá-la, o lugar principal é concedido às escolhas tácticas prático-políticas do momento, impondo-se uma degradação da teoria geral, que fica relegada a superestrutura, a embelezamento, e de facto não tem mais nenhuma influência sobre as decisões tácticas

834 - Elogia o “início”. Neste período Estaline revelou-se um estadista notável e que via longe. A sua enérgica defesa da nova teoria leninista quanto à possibilidade do socialismo num só país, contra os ataques sobretudo de Trotski, representou, como não se pode deixar de reconhecer hoje, a salvação da revolução soviética.

835 - Diz que a consolidação do socialismo provou que Stálin estava certo contra Trostski…

836 - Polêmica sobre a qual pouco pesquisei, mas segundo Lukács, em 1921: Trotski sustentava (...), contra Lenine, a tese de que era preciso estatízar os sindicatos para incrementar de maneira mais eficaz a produção, o que significava que objectivamente os sindicatos deviam deixar de ser organizações de massa com uma vida própria. Afirma que Stálin acabou seguindo a ideia de Trotski aí. Arrisca inclusive que este faria um “culto à personalidade” pior que o de Stálin.

837 - Mais justificações… O problema central, que objectivamente consistia na obtenção de um ritmo acelerado de industrialização, era, com toda a probabilidade, difícil de ser resolvido nos quadros da democracia proletária normal.

838 - E as críticas a Stálin? Diz que é tarefa dos pesquisadores russos, mas “o que se podia constatar, de fora, era a liquidação sistemática das discussões internas no partido, o acréscimo das medidas organizativas contra os opositores e, em seguida, a passagem das medidas organizativas a procedimentos de caracter judicial e estatal-administrativo.”

839 - Recuos táticos dependem de correlações de forças e não de princípios teóricos mais gerais. Estes determinam o objetivo da ação tática e talvez o modo e grau do recuo, indiretamente.

840 - Pacto com Hitler: O seu sentido imediato foi o de afastar a ameaça iminente de um ataque hitleriano que provavelmente seria apoiado, ostensiva ou ocultamente, por Chamberlain e Daladier

841 - Subjetivismo e objetivismo em Lênin: O momento subjectivo é claro e simples: uma tomada de posição resoluta na luta de classes. Quando Lenine critica o «objectivismo» dos estudiosos burgueses, contudo, não nega o momento objectivo: refere-se a certo tipo de determinismo que pode degenerar facilmente numa apologia dos factos entendidos como necessários.

842 - Cita a deturpação do “História do Partido” e seus milhões de exemplares. Volta e meia sumiam mais nomes.

843 - Faz outra crítica: … Toda a ciência e toda a literatura deviam servir exclusivamente às exigências propagandísticas formuladas pela alta direcção, quer dizer, por Estaline. Era a “literatura ilustrativa”.

844 - Aqui, também, é muito instrutivo comparar o método de Lenine com o de Estaline. Lenine, por exemplo, criticou dura e asperamente a política de Plekhanov em 1905 e em 1917. Mas, ao mesmo tempo — e este «ao mesmo tempo» não implica contradição alguma para Lenine — insistia que era preciso utilizar a obra teórica de Plekhanov na difusão e no aprofundamento da cultura marxista, e isso não obstante Lenine levantar várias e importantes objecções contra Plekhanov, mesmo no plano da teoria.

845 - Apóia a “coexistência pacífica” proposta por Kurschev. Crê que, “hoje”, há condições.

846 - Era meio otimista quanto a várias coisas inclusive. Acreditava ser possível ultrapassar o nível de vida dos EUA. Ademais, asseverou: O XXII Congresso já indicou um conjunto grandioso e múltiplo de reformas. Limito-me a recordar aqui uma deliberação de extremo interesse e da maior importância: nas eleições para a direcção do partido, 25% dos velhos dirigentes não poderão ser reeleitos.

 

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