Marxistas - Textos Diversos XXXVI (Benoit)
Guia Para Ser Ex-Esquerdista:
555 - Emir Sader em 2007: Dedicado aos que aceitaram as famosas "propostas irrecusáveis" e assumiram cargos de chefia nos (...) meios de comunicação monopolista ou numa grande empresa privada, daquelas que exigem silêncio ou declarações adaptadas aos interesses dos "patrões". Mera crítica a estes e os chavões que passam ter que adotar
Hector Benoit - Da Lógica Com Um Grande L à Lógica de O Capital:
556 - Considera simplistas parte das críticas que Marx faz a Hegel antes de 1845. Só na Ideologia Alemã que ele vai romper com Feuerbach e revisar tais críticas.
557 - (O tom nada didático do início do texto parece mais uma demonstração de conhecimentos do que qualquer explicação que seja. Talvez eu não devesse ler por agora). O resumo é isto aqui: A lógica hegeliana é uma fusão fantástica entre a ciência suprema platônica, ou seja, a dialética, com a procurada ciência primeira aristotélica, ou seja, uma onto-teologia.
558 - (...) Ainda que Marx dialogue constantemente com a lógica dialética hegeliana, não existe em Marx, propriamente, uma lógica herdada de Hegel (não explica o porquê… O que achei meio tosco, por sinal, já que será uma premissa do texto).
559 - Para os dogmáticos, o materialismo histórico seria a ciência marxista da história e o materialismo dialético seria a filosofia marxista. (...) Não por acaso, mesmo os defensores desta dualidade materialismo histórico – materialismo dialético, como Althusser, reconheciam que esta última parte (o materialismo dialético) estava atrasada em relação àquela outra parte (o materialismo histórico). Na verdade, o chamado “materialismo dialético” jamais existiu na obra do próprio Marx...
560 - Como Platão mata o projeto ontológico de Parmênides segundo o autor do texto? Ora, ao demonstrar o ser do não-ser, abria-se no diálogo Sofista o espaço para uma possível lógica da contradição ou lógica dialética.
561 - Aristóteles reverte o que fez Platão. Para o primeiro, “todos os entes são dispostos hierarquicamente, voltados analogicamente “para o um” (prós hén), e ordenados sob a hegemonia do Ser teológico que é universal porque é anterior e primeiro”.
562 - Portanto, não crê ser possível uma ontologia dialética. Diz que isso é projeto de neoplatonista a que nem Platão nem Aristóteles dariam guarida.
563 - Que é que Marx pretendeu fazer no “Capital”? A... representação lógica e histórica da totalidade. Se esta representação fosse somente lógica, seria uma forma neokantiana ou neopositivista de representar o real. Se fosse uma representação somente histórica, por outro lado, seria uma forma de historicismo e, assim, de reprodução dos dados empíricos, se maior negatividade conceitual. Para tal fusão é necessário dar vida às categorias lógicas, ou seja, admitir que uma coisa pode “ser e não ser” ao mesmo tempo. (...) é pensar que as categorias lógicas podem transformar-se, negar-se a si próprias, serem postas em devir (permanente) e conservarem, ainda assim, um valor de verdade.
564 - Somente pela unidade contraditória entre o Ser e o Devir, entre o lógico e a sua gênese (unidade que Hegel resgata), pode-se pensar uma teoria dialética da verdade, uma teoria de desvelamento do mundo que não é somente representação abstrata do real, mas, sim, representação concreta, viva, logos perpassado pelo histórico e que retorna a este como movimento do negativo, como negação da negação, como práxis.
565 - Em Marx, ao contrário do que ocorre em Hegel, a gênese histórica é pressuposto inscrito nas próprias formas lógicas. A gênese histórica sendo o pressuposto para a lógica, o “motor das categorias”, ou melhor, a “potência dos gêneros” não é o Ser-Um, o lógos divino que se desdobra, mas, sim, o que foi posto historicamente como fundamento.
566 - (...) sobretudo no capítulo XXIV, desvela-se a violência da luta de classes como o segredo da acumulação originária e de todo o modo de produção capitalista.
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(abaixo outra versão de fichamento desse mesmo texto acima)
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Hector Benoit - Da Lógica Com Um Grande L à Lógica de O Capital:
495 - Marx feuerbachiano fazia críticas rasas a Hegel. Depois viu que o idealismo objetivo de Hegel era superior em alguns aspectos à crítica feuerbachiana. A influência da “Ciência da Lógica” é certa e reconhecida por Marx sobre “O Capital”.
496 - Para o autor, Marx não operou uma inversão da lógica dialética de Hegel. Ademais, a dialética de Hegel não é a de Platão, meio que o criador da coisa. Hegel faz uma leitura mística da coisa. Em Proclus, como em Hegel, a multiplicidade dos entes sensíveis é deduzida do Ser-Um, entidade teológica, transcendente, inefável, pura indeterminação que se desdobra em Nada e deste em vir-a-ser, movimento, Devir.
497 - Aristóteles, na verdade, é absolutamente não-mesclável com uma lógica da contradição ou com uma dialética de tipo platônico. Para Aristóteles, a dialética é apenas um discurso que trabalha com premissas somente prováveis, e serve, no máximo, apenas para o processo de investigação ou procura. Tava apostando mais na ontologia ou na teologia ele.
498 - Assim: Não acreditamos, e, de fato, Marx jamais escreveu uma tal lógica dialética. Marx, como disse Lenin nos seus Cadernos filosóficos, não nos deixou uma lógica com um grande “L”.
499 - Diz que materialismo dialético é coisa de Engels. Afirma, ainda, que também é coisa do marxismo dogmático o “materialismo histórico”, ou seja, Marx não teria feito uma ciência da História propriamente dita.
500 - Critica influência de Comte em Althusser: a redução da filosofia marxista a uma reflexão sobre as ciências nem sequer tem uma inspiração propriamente hegeliana, mas, sim, muito mais uma inspiração positivista.
501 - Parmênides é o pai da lógica da “não-contradição”.
502 - Sobre sua crítica no sentido de ser impossível uma ontologia dialética não-metafísica, eu não entendi nada. Critica Lukacs.
503 - Explica (não muito claramente a meu ver) que a empiria por trás da economia política clássica deixa o universal sempre em abstrato, não apreende a totalidade concreta em movimento.
504 - Qual seria a diferença: ... é necessário abandonar a representação empírico-indutiva da Economia Política, superar os dados dos sentidos, negar a consciência psicológico-empírica como base para a construção de universais, e fazer uma construção do real que seja, ao mesmo tempo e na mesma relação, a representação lógica e histórica da totalidade. Se esta representação fosse somente lógica, seria uma forma neokantiana ou neopositivista de representar o real. Se fosse uma representação somente histórica, por outro lado, seria uma forma de historicismo e, assim, de reprodução dos dados empíricos, se maior negatividade conceitual.
505 - Porém, dar vida às categorias lógicas significa que elas são uma coisa hoje e podem ser outra amanhã. Isso pede a dialética. Essa seria a mágica. A identidade do não-idêntico. Esta questão aparece claramente já na origem mesma da dialética. No diálogo Sofista de Platão, ao demonstrar-se o Ser do Não-Ser, mostra-se que é possível pensar o próprio devir como algo que participa do Ser. O ser quando é o Mesmo que si é pensado como Outro que o Mesmo. O ser é diferente do Mesmo. O Ser é diferente de Identidade. E a negação da negação gera a práxis. Hegel também previu essa conciliação do lógico (logos) com o histórico, mas este segundo era reduzido à exteriorização do primeiro, a ex-posição do espírito absoluto, o desdobramento do Ser-Um, Deus.
506 - Em Marx, a gênese histórica é o pressuposta nas categorias lógicas. É o motor das categorias.
507 - Marx dispensa Espírito Absoluto ou Deus ou qualquer gênese transcedental, pois já tem a classe operária para escrever a história e “O Capital”.
508 - O marxismo, particularmente e especificamente, como e enquanto dialética, é um modo de exposição da realidade que reconstrói esta própria realidade, em “lógos contraditório”, em “lógos que caminha e discursa contra si próprio”, um logos a-lógico que se contradiz, uma ciência que se constrói pela desconstrução negativa: ou seja, uma representação em lógos que procura não só lançar uma ponte contraditória entre o lógico e o histórico como também entre o próprio lógos como representação do real e o lógos como uma nova disposição dos próprios elementos do real.
509 - Por exemplo: A revolução comunista quer negar, ao final dela, suas próprias categorias de base.
510 - Marx vai entrando pelas categorias da Economia Política clássica e as banhando de historicidade, mostrando que não eram só individuos trocando mercadorias. Não sem motivo que o fim do Livro I vai trazer a acumulação primitiva.
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