Marxistas - Textos Diversos XXXI - As Desventuras da Dialética da Dependência (FHC e Serra)

 

FHC e Serra - As Desventuras da Dialética da Dependência (Crítica a Marini):

472 - Janeiro de 78. Estavam no CEBRAP. Ainda eram “socialistas”.

473 - Coloca que inicialmente boa parte da esquerda esperou a etapa “burguesa” da revolução brasileira. Quando viu que a burguesia nacional optou pela ordem a arriscar governar com as massas, a esquerda - ou boa parte - colocou que agora era socialismo ou estagnação das forças produtivas. (E, pra falar a verdade, nem eu, nem Serra, nem FHC, sabemos porque falavam em “estagnação”, já que o PIB continuava a crescer).

474 - A CEPAL (Prebisch e Singer) considerava que a troca desigual entre os países centrais e periféricos só tinha a piorar, afinal, é mais fácil ter ganho de produtividade na produção secundária do que na primária (agricultura), que evolui de forma mais lenta (ou pelo menos evoluia, naquela época).

475 - … Isso se dava (não entendi se “também” ou “exclusivamente”), segundo Prebisch, porque a indústria dos países centrais utilizavam mão-de-obra fortemente sindicalizada que pressionava constantemente a elevação da produtividade para poder pagar salários sempre maiores. Também a defesa dos empresários “centrais” dos seus interesses monopolistas ajudava a pesar a balança para o lado deles (explicam pouco essa desigualdade, mas os “periféricos” seriam mais “fracos” nessa defesa).

476 - … Assim não é o preço da mercadoria que cai (como acontece com o produto primário) e sim o “preço do salário” que aumenta. Enfim, mesmo inclusive que os preços das mercadorias trocadas continuem o mesmo de um ano para o outro, a troca podia ser considerada, em tal esquema, como desigual. (Acho meio louco, pois o problema não é a “troca”)

477 - Resumem: “devido a diferentes condições de luta de classes um grupo de países tende a reter mais que outros os ganhos de produtividade em suas economias” . Isso amplia o fosso.

478 - Dizem, com certa razão a meu ver (se explicaram bem Prebisch) que a luta de classes é, assim, o verdadeiro elemento dinâmico da explicação do fenômeno.

479 - Marini negava que produtividade do trabalho e mais valia relativa tivessem uma relação proporcional. Dizia inclusive que o incremento da produtividade levava à redução da mais-valia relativa! (Como chegava a isso?! O tempo excedente aumenta e muito com a evolução do progresso técnico… Como isso pode reduzir a mais valia extraída? Quem vai se apropriar dessa mais valia e em qual percentual é outra história que será contada pela luta de classes, mas ela aumenta sim!).

480 - (Eles explicaram, mas não entendi em que a tese de Marini difere essencialmente da de Prebisch.)

481 - Criticam vários trechos da teoria de Marini. Se realmente o interpretaram bem (ou seja, se não estão criando um espantalho da teoria), parte das críticas fazem sentidos. Marini parece criar algumas implicações que não deveriam ser tomadas como absolutas.

482 - Defendem que a baixa da taxa de lucro em países periféricos não podem ser causada por trocas desiguais (estas não influenciam a taxa de lucro de cada país). O que pode ocorrer é a flutuação na demanda e oferta, isso sim mudaria a taxa de lucro. (Tenho minhas dúvidas sobre os dois lados - Marini e FHC/Serra).

483 - … A deterioração dos “índices das relações de troca” (IRT) também não é o mesmo que “troca desigual”. A primeira tem a ver com os preços, e não diretamente com a produtividade. Já o conceito de “troca desigual”, esse sim, tem a ver com a relação entre produtividade e preços.

484 - Argentina, Uruguai, Austrália e Nova Zelândia (e algodão do sul dos EUA). Talvez os grandes “exportadores primários para a Inglaterra” no século XIX. E os operários/trabalhadores rurais e burguesia lá não eram mais débeis/pobres que nos outros países (latinoamericanos em geral). Pelo contrário inclusive. Logo, como explicar isso se o avanço do “norte” deveria estagnar o “sul”...? (Continuam atacando os erros de Marini, agora de forma mais empírica que teórica, digamos).

485 - Outra ideia de Marini: a aliança da indústria nacional com o capital estrangeiro tendia a causar um desemprego crescente.

486 - (Não entendo boa parte das relações (implicações lógicas) que Marini trava em seus parágrafos transcritos neste texto. Ou ele viajava muito (tese de FHC e Serra) ou meu “marxismo” está desafinado)

487 - Em alguns trechos, Marini parece querer indicar que, como o que boa parte da indústria de bens de consumo durável brasileira produz se destina ao consumo externo, o nível salarial do trabalhador brasileiro não era importante para o desenvolvimento da indústria nacional.

488 - Marini chega a dizer que a militarização do Estado brasileiro é uma decorrência necessária de suas opções econômicas, pois, na falta de mercado interno, tem que estimular o gasto supérfluo e a guerra… Chega a comparar com a Alemanha Nazista dos anos 30. (Achei viagem). Pra começo de história, FHC e Serra apontam que gastos supérfluos nem precisam ser necessariamente militares. Podem ser obras faraônicas e tal… Requisitam mão-de-obra e servem como “investimentos” que demandam outras indústrias (suprindo a falta de demanda do trabalhador… que o diga a China atual). Outra hipótese é financiar o consumo de bens por parte dos setores de baixo poder aquisitivo (empréstimos…), embora isso tenha claros limites no longo prazo.

489 - Despesas militares e a exportações seriam, assim, a salvação do Brasil dos generais para evitar a estagnação do PIB. Essa é a tese de Marini. Afinal, o consumo interno estaria paralisado ou mesmo decrescente. Seria esperado, por exemplo, que, de 59 a 73 (dados que os autores acharam), os gastos estatais em percentual do PIB se elevassem, o que quase não aconteceu - 21 pra 22 só.

(continua...)

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