Marxistas - Textos Diversos LVII - Poder em Foucault (Pós-Modernismo) x Karl Marx
Marcelo Dias Carcanholo - Poder em Foucault (Pós-Modernismo) x Karl Marx:
876 - Grasiela Cristina da Cunha Baruco e Marcelo Dias Carcanholo.
877 - Pós-modernismo: A isto se relaciona a defesa de que esta sociedade contemporânea seria de um tipo pós-industrial, isto é, que não teria no processo produtivo a sua lógica fundante, como na época moderna, mas estaria muito mais ligada ao crescimento do setor de serviços e à exacerbação do consumo. Cita Hardt e Negri como defensores disso.
878 - … O individualismo atual nasceu com o modernismo, mas o seu exagero narcisista é um acréscimo pós-moderno (Jair Santos, em seu livro “o que é pós-moderno”)
879 - Assim, a identidade fora do espaço de produção passa a ser o aglutinador da luta (fragmentada). Foucault, com sua microfísica do poder, mais Deleuze e Derrida, tornam-se a referência.
880 - Em Foucault, ninguém - nem o Estado ou a classe dominante que lhe comanda - centraliza o poder. Ninguém é dono do poder.
881 - Foucault contra o marxismo (e a psicanálise): A isto Foucault contrapõe o que ele chama de genealogia, que seria um projeto para libertar os saberes históricos dessa sujeição e opressão construídas pelos saberes totalizantes e pretensamente científicos: “a reativação dos saberes locais – menores, diria talvez Deleuze – contra a hierarquização científica do conhecimento e seus efeitos intrínsecos de poder, eis o projeto das genealogias desordenadas e fragmentárias” (Foucault, 2007: 172).
882 - Não é Foucault quem vai trazer a crise e desilusão com a esquerda tradicional que, por sua vez, leva às lutas fragmentárias de movimentos sociais específicos. É o contrário. O próprio Foucault admite que só pode escrever suas teorias após observar certos acontecimentos, como o maio de 68.
883 - Se o poder é fragmentado, os confrontos também o serão.
884 - Os autores defendem que o capitalismo se beneficia dessas lutas pois pode gerar a impressão de que a situação de penúria de uma minoria tem a ver com fatores que não sua própria lógica econômica. (a mulher ganha menos devido à lógica capitalista ou devido a ser mulher?).
885 - … Não é apenas isso. Além de escamotear mecanismos em realidade econômicos, a luta fragmentada, sem enfrentar, por entender inexistentes, lógicas totalizantes, tende a ser menor (eis que fragmentada) e, por isso, menos perigosa/efetiva contra um poder econômico cada vez mais concentrado.
886 - Wood: a indiferença estrutural do capitalismo pelas identidades sociais das pessoas que explora torna-o capaz de prescindir das desigualdades e opressões extra-econômicas.
887 - Não sei se é uma interpretação correta da proposta pós-moderna, mas Santos coloca assim: “Na pós-modernidade, só há revolução no cotidiano. O sistema pós-industrial tem-se mostrado resistente aos mecanismos de luta modernos – sindicato, partido. Ao mesmo tempo gigantesco e diferenciado, ele não forma um todo e não possui centro. Tendo pulverizado a massa numa nebulosa de consumidores isolados, com interesses diferentes, ele absorve qualquer costume, qualquer idéia, revolucionários ou alternativos” (Santos, 1986: 29).”
888 - O pós-modernismo também pode ser conformista. Aqui nem luta fragmentada há mais. É o fim da história. O próprio Habermas já criticava esse pós-modernismo.
889 - Cita Antunes. Assim como as associações ou empresas solidárias no máximo minimizam a brutalidade do desemprego estrutural, também as lutas fragmentadas não podem pretender substituir as formas de transformação radical, profunda e totalizante da lógica societal. Se o fizerem, serão facilmente absorvidas/assimiladas.
890 - O próprio Foucault, de onde a ideologia pós-moderna parece ter retirado muito de sua fundamentação, reconhece que as lutas fragmentadas, enquanto lutas contra o poder, fazem parte do processo revolucionário (...) “evidentemente como aliado do proletariado pois, se o poder se exerce como ele se exerce, é para manter a exploração capitalista… as mulheres, os prisioneiros, os soldados, os doentes nos hospitais, os homossexuais iniciaram uma luta específica contra a forma particular de poder, de coerção, de controle que se exerce sobre eles. Estas lutas fazem parte atualmente do movimento revolucionário, com a condição de que sejam radicais, sem compromisso nem reformismo, sem tentativa de reorganizar o mesmo poder apenas com uma mudança de titular” (Foucault, 2007: 77-78).
891 - … O “sujeito fragmentado”, portanto, aparece como aliado do proletariado. (Por sinal, fui ver tal trecho no livro e Foucault me pareceu claro no sentido de que somente a contrária a uma totalização teórica - a grande verdade marxista - e não com a aliança na prática, combatendo “controles e coerções que reproduzem o mesmo poder em todos os lugares”.
892 - (Achei o texto bem interessante. Ainda que meio prolixo).
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