Marxistas - Textos Diversos XXXIII
Florestan Segundo Um Liberal:
504 - É de Paulo Roberto de Almeida. Considera que os três autores mais importantes do marxismo acadêmico brasileiro foram Caio Prado Júnior, Nelson Werneck Sodré - talvez o mais ortodoxo do grupo, buscou fornecer armas intelectuais para a etapa da revolução nacional capitalista no Brasil, pensada enquanto resultado de uma aliança de classes - e Florestan Fernandes.
505 - Coloca que a Revolução de 30 já foi descartada, pela moderna história, como “revolução burguesa”.
506 - Caio Prado: ... o debate se instala verdadeiramente a propósito de seu livro polêmico "A Revolução Brasileira" (1966), no qual Caio Prado nega à burguesia brasileira qualquer “papel revolucionário” ou anti-imperialista, como pretendia a “visão etapista” defendida pelo PCB e pelos demais ideólogos da esquerda ortodoxa.
507 - Gorender: para esse antigo ortodoxo do PCB reciclado no marxismo independente, a revolução burguesa, levando-se em conta algumas particularidades da formação econômica e social do capitalismo brasileiro, seria uma categoria analítica inaplicável à história do País.
508 - O “opus magnum” de Florestan, A Revolução Burguesa no Brasil (1975), integra (...) o essencial da produção historiográfica, sociológica e política relativa aos diferentes aspectos do processo de modernização econômica e social do Brasil.
509 - Diz que o livro levou uma década sendo escrito (66-74) e por isso é meio fragmentado. Vê inclusive “a substituição da abordagem classicamente weberiana e durkheiminiana da primeira parte pelo enfoque mais claramente “leninista” dos capítulos finais”.
510 - Faz uma crítica: O sociólogo paulista estabelece, por exemplo, uma distinção entre o modelo “clássico” de revolução burguesa — que teria conduzido ao capitalismo independente e à democracia política — e a revolução burguesa “periférica” — resultando no capitalismo dependente, na dominação externa e na autocracia burguesa —, mas, ele não diz porque o segundo processo deve ser inserido na mesma família conceitual do primeiro. Afirma que o motivo seria talvez a universalização do trabalho assalariado e a expansão da ordem social competitiva.
511 - Ele propõe o conceito de “modelo autocrático-burguês de transformação capitalista”, que seria típico das formações dependentes do capitalismo periférico. (...) a “contra-revolução burguesa” de 1964 e o sistema “autocrático” que se instala ulteriormente seriam o produto inevitável da modernização tardia.
Francisco de Oliveira - Avesso do Avesso:
512 - Afirma que os conservadores realizaram todas as “mudanças” do país. Inclusive o gabinete da época da Lei Áurea era comandado por um conservador.
513 - Sua visão sobre a Revolução de 30: O Rio Grande tinha uma longa tradição revolucionária, um sistema fundiário mais progressista que o do resto do país, além de uma cultura positivista entre suas elites, sobretudo a elite militar, que forneceu o programa social lançado em 1930 (e sustentado continuamente por cinco décadas) cujo conteúdo foram as reformas do trabalho e da previdência social.
514 - Tou por fora desta aqui: A historiografia da Unicamp, liderada por Michael Hall, está pondo reparos à tese de que Getúlio Vargas copiou a Carta del Lavoro: decisiva mesmo teria sido a fundamentação positivista, que fez com que a nossa Consolidação das Leis do Trabalho fosse muito além da legislação italiana.
515 - Afirma que na ditadura militar foi criada a Embraer e realizado certo tipo de modernização capitalista. Poderosas empresas estatais se fortaleceram nos setores produtivos, fusões bancárias foram financiadas por impostos pesados.
516 - Argumentos dele, em 2009, para defender que a desigualdade não caiu. A desigualdade provavelmente aumentou, e os resultados proclamados são falsos, pois medem apenas as rendas do trabalho que, na verdade, melhoraram muito marginalmente graças aos benefícios do inss, e não ao Bolsa Família. (...). A desigualdade total de rendas é impossível medir-se, em primeiro lugar pela conhecida subestimação que é prática no Brasil, e em segundo lugar por um problema de natureza metodológica (conhecido de todos que lidam com estratificações, que é a quase impossibilidade de fechar o decil superior da estrutura de rendas). (...) As rendas do capital são estimadas por dedução.
517 - (Notei tremenda má vontade ‘nalgumas análises de dados-notícias da Era Lula. Suspeito)
518 - Corrupção abundante. Trata-se de um atavismo nacional? Só os que sofrem de complexo de inferioridade tenderiam a pensar assim. Qualquer jornal americano da segunda metade do século xix noticiava a mesma coisa. Até a mulher de Lincoln praticava, em conluio com o jardineiro, pequenos “desvios” de verba da casa da avenida Pensilvânia (segundo a má língua famosa de Gore Vidal).
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