Karl Marx - O Capital, Livro I - Capítulo XXII
XXII – Transformação de mais-valia em capital
1. Processo de produção capitalista em escala ampliada. Conversão das leis de propriedade da produção de mercadorias em leis de apropriação capitalista
430 – “Retransformação de mais-valia em capital chama-se acumulação de capital”.
431 – Para acumular, é preciso transformar parte do “mais-produto” em capital.
432 – “Considerada concretamente, a acumulação se reduz à reprodução do capital em escala progressiva. O circuito da reprodução simples se altera e se transforma, na expressão de Sismondi, em uma espiral.”
433 – Cherbuliez: A propriedade do capitalista sobre o produto do trabalho alheio “é estrita conseqüência da lei da apropriação, cujo princípio fundamental era, ao contrário, o título exclusivo de propriedade de cada trabalhador sobre o produto de seu próprio trabalho”
434 – Marx: “O trabalho útil não pode consumir esses meios de produção sem transferir seu valor ao novo produto; mas, para ser vendável, a força de trabalho tem de ser capaz de fornecer, no ramo industrial onde ela deve ser aplicada, trabalho útil.”
435 – Reprodução, mesmo a simples, enseja a mais-valia capitalizada.
2. Concepção errônea da reprodução em escala ampliada por parte da Economia Política
436 – O “trabalho comprado” pelo capitalista para satisfazer meras necessidades naturais, por exemplo, não é trabalho produtivo. É o mesmo que consumo.
437 – “Acumulação de mercadorias em grandes quantidades é o resultado de uma paralisação da circulação ou de superprodução.”
3. Repartição da mais-valia em capital e renda. A teoria da abstinência
438 – “Parte da mais-valia é consumida pelo capitalista como renda, parte é aplicada como capital ou acumulada.” Isso gera um conflito interno no capitalista. Nas primeiras fases, tende a poupar mais, ou sejam, reinvestir e tal. Nas posteriores, esbanja o luxo.
4. Circunstâncias que, independentemente da divisão proporcional da mais-valia em capital e renda, determinam o volume da acumulação: grau de exploração da força de trabalho — força produtiva do trabalho — diferença crescente entre capital aplicado e capital consumido — grandeza do capital adiantado
439 – “Resultado geral: ao incorporar as duas formadoras originais da riqueza, a força de trabalho e a terra, o capital adquire uma força expansiva que lhe permite estender os elementos de sua acumulação além dos limites aparentemente fixados por sua própria grandeza, fixados pelo valor e pela massa dos meios de produção já produzidos, nos quais tem sua existência.”
440 – “Com taxa de mais-valia constante e mesmo decrescente, na medida em que ela decresça mais lentamente do que aumenta a força produtiva do trabalho, a massa do mais-produto cresce”.
441 – O trabalho conserva valores antigos enquanto cria novos valores.
442 – Marx faz algumas críticas (não vi bem qual é a importância exata delas) e conclui: “Assim, quanto mais o capital, mediante acumulações sucessivas, cresce, tanto mais também cresce a soma de valor que se cinde em fundo de consumo e fundo de acumulação. O capitalista pode, por isso, viver mais prodigamente e, ao mesmo tempo, “renunciar” mais.” Frase importante. Isso mesmo.
5. O assim chamado fundo de trabalho
443 – Marx critica o “princípio da utilidade” “de Bentham”. Afirma que este toma o homem inglês de sua época como o natural do ser humano e diz que o que é útil para o inglês é em si e para si útil.
444 – “(...) por um lado o trabalhador não tem voz na partilha da riqueza social em meios de satisfação dos não-trabalhadores e em meios de produção; por outro lado, apenas em casos excepcionais favoráveis ele pode ampliar o assim chamado “fundo de trabalho” à custa da “renda” dos ricos.”
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