Karl Marx - O Capital, Livro I - Capítulos XI e XII

XI - Cooperação

 

 

 

248 - O que se altera com o aumento do número de trabalhadores é o total (massa) da mais-valia e não a taxa dela.

 

249 - "Custa menos trabalho construir uma oficina para 20 pessoas do que 10 oficinas, cada uma com capacidade para duas pessoas. Vantagem das grandes empresas. Menos valor transferido para o produto. Vendem mais barato.

 

250 - Há outras vantagens também. Determinados trabalhos que necessitam de dez ou mais homens (carregar coisa pesada); o simples contato social maior... O coletivo é maior que a soma dos indivíduos. Com mais gente, há mais combinações possíveis de divisão do trabalho, podendo surgir inovações eficientes.

 

251 - Marx cita uma série de outras possíveis vantagens da cooperação.

 

252 - A cooperação de grande número de trabalhadores passa a exigir um "maestro".

 

253 - Rodapé interessante à página 384: Fábrica em que sociedade entre capitalista e trabalhadores. Problema, segundo o jornal inglês, é que a experiência demonstrou que operários podem gerar lojas, fábricas etc. com sucesso. Associação livres de trabalhadores. Diminui o desperdício de material e tal.

 

254 - A poderosa força da cooperação simples se revela nas obras gigantescas realizadas pelos antigos povos da Ásia, África.

 

255 - O emprego simultâneo de numerosos assalariados no mesmo processo de trabalho, constitui o ponto de partida da produção capitalista

 

256 - A cooperação simples é a forma fundamental do modo de produção capitalista.

 

 

 

XII - Divisão do trabalho e manufatura

 

 

 

1. Dupla origem da manufatura

 

 

257 - A cooperação fundada na divisão do trabalho adquire sua forma clássica na manufatura. Esta ora combina ofícios independentes, ora decompõe estes.

 

258 - "Finalmente, a divisão manufatureira do trabalho é uma espécie particular de cooperação, e muitas de suas vantagens decorrem não dessa forma particular, mas da natureza geral da cooperação."

 

 

2. O trabalhador parcial e sua ferramenta

 

 

259 - Ressalta-se a eficiência da especialização advinda da divisão do trabalho. Ademais, eliminam-se lacunas temporais entre um trabalho e outro. Porém, também o descanso. As ferramentas também se tornam mais especializadas. Também mudam.

 

 

3. As duas formas fundamentais de manufatura: heterogênea e orgânica

 

 

260 - Relógio antigo de parede: exemplo de manufatura heterogênea. Dificilmente se combinam todos os passos numa fábrica. Faz-se diversos "mini-produtos" (ou serviços) e junta tudo.

 

261 - Forma cooperativa geral (acho que é a orgânica): fábrica de agulhas. Uns 72 processos divididos e executados rapidamente ao mesmo tempo. Antes meio que uma pessoa fazia tudo.

 

262 - Como cada trabalho depende do outro, perde-se menos tempo. Tem que acompanhar o ritmo do colega rápido e tal. Se pela natureza do processo especializado X, isso é impossível, aumenta-se relativamente, o número de trabalhadores de tal processo. Daí ser importante grande número de trabalhadores na mesma fábrica para que se tenha maior variedade matemática de proporções ideais (tipo, 1-3-7-4-15)

 

263 - Período manufatureiro: máquinas são secundárias. Emprego esporádico. Surge sim a primazia da divisão do trabalho e especialização (como enfatuza Adam Smith).

 

264 - Mais uma vantagem da divisão: aproveitar as qualidades naturais de cada trabalhador em cada função. Funcionam como peças de máquinas quase perfeitas. Também fica menos custoso aprender um ofício.

 

 

4. Divisão do trabalho na manufatura e divisão do trabalho na sociedade

 

 

265 - Falou-se preponderantemente da divisão do trabalho em sentido estrito. Essa também é "agricultura-indústria-comércio" ou mesmo as variadas profissões.

 

266 - O fundamento da divisão do trabalho gerada pela troca de mercadorias é a separação entre campo e cidade.

 

267 - Divisão de trabalho é melhor quando a população é densa (ou seja, grande número de pessoas desde que interligadas por efetivos meios de transportes). Muita gente em pouco espaço, mas esse é relativo.

 

268 - Na divisão social do trabalho, o trabalho parcial de cada trabalhador, cada vez mais, deixa de significar algum valor de uso. Não é também mercadoria acabada. Esta divisão é despótica, a divisão social do trabalho é anárquica, processa-se através da compra e venda dos produtos dos diferentes ramos de trabalho. A "manufatureira" exige a concentração de meios nas mãos dos capitalistas e se guia pela lei da proporcionalidade (itens acima). A divisão social (sociedade) obedece um sistema espontâneo e natural.


269 - Frase importante: Assim, "na sociedade (...) capitalista (...), condicionam-se reciprocamente a anarquia da divisão social do trabalho e o despotismo da divisão manufatureira do trabalho.


270 - Marx cita comunidades agrícolas indianas como mostra da lei natural da divisão do trabalho (social) e explica a imutabilidade do modo de produção asiático mesmo com a grande instabilidade política que ronda a região.

 

271 - Divisão social sempre existiu. Divisão manufatureira é uma criação específica do modo de produção capitalista.

 

 

5. O caráter capitalista da manufatura

 

 

272 - Aumento da divisão social do trabalho leva a maior número de trabalhadores numa só oficina (e em múltiplos corretos) e mais gastos com capital constante (matéria prima e tal). Fica tudo mais inacessível.

 

273 - Cooperação simples não modifica o modo de trabalhar do indivíduo, já a manufatura o revoluciona inteiramente.

 

274 - Para Marx, a manufatura deforma monstruosamente o trabalhador, transformando-o quase num "autômato vivo". Reprime-se um mundo de instintos e capacidades produtivas.

 

275 - Forças intelectuais da produção aparecem como propriedade de outrem e como poder que os domina (visão do trabalhador).

 

276 - Uma das melhores frases de Adam Smith: "a compreensão da maior parte das pessoas (...) se forma necessariamente através de suas ocupações ordinárias. Um homem que despende toda sua vida na execução de algumas operações simples (...) não tem oportunidade de exercitar sua inteligência. (...) Geralmente ele se torna tão estúpido e ignorante quanto se pode tornar uma criatura humana."

 

277 - Hegel e Smith faziam críticas à divisão do trabalho que não agradavam muita gente. Estas pessoas diziam que era interferir numa marcha natural rumo à separação entre trabalho manual e intelectual.

 

278 - Marx considera que a manufatura, de início, atinge formas adequadas de divisão do trabalho. Depois, há uma revolução nos instrumentos de trabalho. Não entendi muito bem o que ele quis dizer.

 

279 - Diz Marx: "a maior ou menor aplicação da divisão do trabalho não depende da grandeza do gênio, mas do grandeza da bolsa."

 

280 - Afirma Marx que a divisão manufatureira de fato é progresso, mas também meio refinado de exploração. Tal posição me deixa em dúvida acerca da proposta dele (se realmente já está configurada aqui uma proposta em relação à divisão social).

 

281 - Para Platão, a divisão social do trabalho visa garantir maior qualidade aos produtos (época da Grécia). Preocupação, portanto, com a qualidade e justificação diferente da dos economistas burgueses. Cabe a brincadeira até de que Platão ajuda o materialismo aí... Afinal, sua ideia se adequa as condições materiais que viveu, daí a diferença para os economistas burgueses.

 

282 - Segundo Marx, com a criação das máquinas "não há mais necessidade técnica de fixar o trabalhador a uma operação parcial, por toda a vida. E caíram as barreiras que aquele princípio opunha ao domínio do capital".

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