Karl Marx - O Capital, Livro I - Capítulo IV
IV - Como o dinheiro se transforma em capital
1. Fórmula Geral do Capital
100 - O dinheiro que se movimenta de acordo com a fórmula D - M - D (comprar para vender) transforma-se em capital. Vira capital.
101 - Assim, troca-se dinheiro por dinheiro. Compra o algodão por 100 libras e vende o mesmo por 110. O valor de troca é o motivo que o impulsiona
102 - A diferença com a outra fórmula, lááááá dos itens anteriores: no primeiro caso, o ponto de partida e a meta final é a mercadoria; no segundo, é o dinheiro.
103 - M - D - M. (vender para comprar). Quantidade igual, mas qualidade diferente de valores-de-uso. No D - M - D, os dinheiros têm mesmo qualidade, mas quantidades diferentes.
104 - D - M - D mais acréscimo. Pois bem, é o tal acréscimo (10 libras naquele exemplo) que Marx chama de mais-valia.
105 - Na M - D - M, a equivalência entre os extremos (Ms) é a condição para sua normalidade (e caracterização, parece-me... talvez...). Ao contrário da outra fórmula.
106 - Na M - D - M, quer-se consumir, não lucrar e/ou acumular.
107 - "Na compra para venda, ao contrário, o começo e o fim são os mesmos, dinheiro, valor de troca."
108 - O movimento do capital não tem limites. Ao surgir o "D mais acréscimo", ele já vira novamente capital primitivo para nova acumulação.
109 - "Nunca se deve considerar o valor de uso objetivo imediato do capitalista." O comerciante sempre está voltado para o lucro futuro,
110 - Capitalista mais sagaz que o antigo entesourador, que retirava dinheiro da circulação (em vez de mantê-lo em permanente lucro e acumulação).
111 - Capital, segundo Sismondi, é valor permanente que se multiplica sem descanso.
112 - D - M - D maior : fórmula geral do capital.
2. Contradições da fórmula geral
113 - Troca simples de produtos pode se basear no valor de uso e ambos saírem ganhando.
114 - Circulação de mercadorias é como trocar uma de dez por duas de cinco. Não há mais valia. A troca é essencialmente guiada pela igualdade.
115 - Condillac nega a igualdade na troca pois ambos saem ganhando. Usa a noção de que o valor surge da utilidade. Assim, ambos trocam algo menos valioso por algo mais valioso. Marx discorda.
116 - A formação da mais valia não pode ser explicada por vender o vendedor as mercadorias acima do valor, pois se todos o fazem, comprarão o mesmo tanto acima quando forem satisfazer suas necessidades de consumo.
117 - Minha conclusão é de que o comércio é melhor que a subsistência, mas da fato, com Marx, isso não significa que ele produza valor. Estou meio conciliador talvez.
118 - Marx discorda veementemente da afirmação de que os "capitalistas industriais obtêm lucro por venderem tudo mais caro do que lhes custou produzir". Marx pergunta: e a quem vendem afinal...
119 - "A circulação ou a troca de mercadorias não criam nenhum valor". Marx cita até Say e coloca a origem desse pensamento, para ele correto, nos fisiocratas.
120 - Então o que explicaria o lucro dos comerciantes (Capital comercial) "D - M - D maior" afinal, pergunta Marx. Ainda não responderá, nesse momento da exposição.
121 - Capital usurário tem a fórmula "D - D maior". Como se explica, pergunta Marx. Aristóteles condena a usura. O grego diz que de todos os modos de adquirir esse é o mais contrário à natureza. Dinheiro não é pra isso, revolta-se.
122 - "Capital, portanto, nem pode originar-se na circulação nem fora da circulação. Deve, ao mesmo tempo, ter e não ter nela sua origem."
3. Compra e venda da força de trabalho
123 - Para criar valor, o D - M (primeira fase), deve adquirir uma mercadoria especial, capaz, portanto, de gerar valor: a força de trabalho. Consome-se o M especial: mercadoria "capacidade de trabalho" e cria-se valor.
124 - Assim, o produtor tem que achar o trabalhador livre (não-escravo) para vender sua força de trabalho e livre... Livre de grana para comprar e montar seus próprios meios de produção.
125 - Funções particulares desempenhadas pelo dinheiro: mero equivalente de mercadoria, meio de circulação, meio de pagamento, tesouro e dinheiro mundial. E todas estas já existem mesmo na circulação de mercadorias pouco desenvolvida.
126 - "Só aparece o capital quando o possuidor de meios de produção e de subsistência encontra o trabalhador livre no mercado vendendo sua força de trabalho. Surge o capitalismo assim segundo Marx.
127 - O valor da força de trabalho é determinado, como o de qualquer outra mercadoria, pelo tempo de trabalho necessário à sua produção e, por conseqüência, à sua reprodução. Ou seja, manter bróder capaz de trabalhar no dia seguinte (e de se reproduzir).
128 - "Supondo-se que essa média diária das mercadorias necessárias represente 6 horas de trabalho social, e se o dia de trabalho for de 12 horas, ter-se-á incorporado na força do trabalho diariamente meio dia de trabalho social médio, ou requer-se meio dia de trabalho para a produção diária da força de trabalho.
129 - O Valor de uso da mercadoria especial força de trabalho só existe com sua exteriorização posterior, ou seja, há um intervalo. Vende-se a força de trabalho para ser paga depois.
130 - O processo de consumo da força de trabalho é, ao mesmo tempo, o processo de produção de mercadoria e de valor excedente (mais-valia).
131 - Marx desdenha da teoria que diz ser o trabalhador "livre" para contratar com os patrões, vendendo a força de trabalho. Pessoas juridicamente iguais. Vontade livre. Diz ainda que são todos "Bentham", "pois cada um dos dois só cuida de si mesmo". E de forma consciente e racional... E, ao fim da página 206, um dos melhores trechos do livro...
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