Eric Hobsbawm - A Era de Ouro, de Era dos Extremos (Cap. 8)

 

Anotações Sobre Era dos Extremos (Hobsbawm)

 

 

              Parte II do Livro - Era de Ouro – 1945 a 1973

 

              Capítulo 8: Guerra Fria (pág. 223)

              1 – Nem EUA e nem URSS queriam ampliar fronteiras, gerar desequilíbrio geopolítico pós-segunda guerra e tal. Queria-se o mínimo de guerra possível.

              2 – “Só o Exército Vermelho podia derrotar a Alemanha”, daí o poder de barganha que teve Stalin nos tratados com as potências ocidentais.

              3 – A URSS não queria muito a tomada do poder pelos comunistas na China naquele momento - em 1949.

              4 – Já em 1948, a Iugoslávia de Tito saiu do bloco de influência soviética.

              5 – EUA, ao fim da guerra, preocupava-se muito mais com a economia (evitar nova grande depressão) que com outra guerra. Reconstrução dos países europeus a fim de evitar uma radicalização do discurso pós-guerra gerado por possível miséria.

              6 – Em 1946, o Primeiro-Ministro francês vai aos EUA e pede apoio econômico sob pena de se inclinar para/buscar os comunistas.

7 – Plano Marshall surgiu em junho de 1947.

8 – Entretanto, a retórica dos EUA era apocalíptica. Relatava mentirosa pretensão expansionista do comunismo russo.

9 – URSS saiu da guerra exaurida, em ruínas, exausta. Sem ímpeto de expansão.

10 – EUA: discurso apocalíptico anticomunista servia para ganhar votos (democracia) e arrecadar impostos de população relutante a isso.

11 – Corrida armamentista. Desenvolvimento do complexo industrial-militar.

12 – Polarização. Ocidente torna-se mais anticomunista. Ocorre a marginalização dos comunistas ocidentais (na Itália ainda tinha força e um pouco na França também).

13 – Vietnã: Nikita Kruschev avisou aos EUA que iam se dar mal. Aliados europeus sequer mandaram tropas. Menor poder político dos EUA (na guerra da coréia teve apoio).

14 – Primeira Guerra Fria: 45,46 a 53,55... Calmaria. Período tenso em 60/63 (Kruschev e Kennedy). Calmaria... “Segunda Guerra Fria”: 75,74 a 79,80. Gerada por novas ondas de revolta no Terceiro Mundo (medo nos EUA). EUA perdem Vietnã e URSS se satisfaz, erroneamente, com subida do petróleo (medo nos EUA). Xá do Irã cai, URSS invade Afeganistão (medo nos EUA).

15 – Brejnev (64-82): Era da estagnação enganada pelo petróleo. Grande corrida armamentista para alcançar os EUA em armamentos. Aumento contínuo - todo ano - de 5% com gastos militares. URSS chegará à bancarrota. Um dos fatores.

16 – Armamento da URSS sob Brejnev (ao contrário da cautela, nesse sentido de Kruschev) assustou os EUA, levando-os a “Segunda Guerra Fria”. Medo injustificado. URSS não ia se expandir e nem podia fazê-lo. EUA assistem volta da retórica apocalíptica do governo estadunidense e da insana corrida armamentista. Ocorre também que os EUA sentiam-se humilhados com as recentes revoltas comunistas no Terceiro Mundo e com a Segunda Crise do Petróleo (e a incompetência dos EUA em responder a esta última já que não podia simplesmente descer a porrada nos árabes). Explicam-se então as desnecessárias demonstrações de força de Reagan, como o ataque aéreo e naval à Líbia em 1986. Era uma espécie de terapia para o ferido “orgulho americano”.

17 – EUA, no Centro e Sul da África, conseguiram impedir avanço de movimentos esquerdistas, ajudando a direita local. Colaboraram até com o apartheid sul-africano.

18 – Farsa de Reagan, teorização pós-fato: EUA, anos 80, quebrou a URSS. “Não há sinal de que os EUA esperassem ou previssem o colapso da URSS. Foram inclusive informados, erroneamente, pelo serviço de espionagem que a economia soviética ia bem e poderiam os russos manter a corrida armamentista ainda.

19 – Reagan e Gorbachev. O russo convenceu os EUA de que queria o fim da corrida armamentista. A Guerra Fria acabou em duas conferências (86 e 87 – Islândia e EUA).

20 – EUA usaram já 7% do PIB com gastos militares. A URSS 25%!!! O resto do mundo capitalista pode absorver a dívida (3 trilhões) dos EUA resultante do militarismo, amortecer. O resto do mundo socialista era pobre e não podia absorver nada da URSS. Pelo contrário, eram dependentes da ajuda financeira desta, que não agüentava isso. Enfim, a Guerra Fria foi desigual desde o começo.

21 – Maior dificuldade soviética era mesmo interna. Na “detenté”, em vez de reformar o sistema econômico defeituoso, URSS aproveitou-se do preço do petróleo e de empréstimos fáceis e, como já visto, gastou mal. Ineficiência do planejamento central.

22 – A Guerra Fria armou o mundo. EUA e URSS (também Israel, Inglaterra etc.) exportavam tudo em matéria de armamento. Várias guerras.

23 – Com o desmoronamento das repúblicas “populares” orientais não houve o mesmo empenho dos EUA ou quem quer que fosse para reconstruir a economia daqueles países. Não havia mais o perigo/temor do comunismo. Não houve uma ação rápida que visasse recuperar a região.