Karl Marx - O Capital, Livro I - Capítulo XIII

XIII - A maquinaria e a indústria moderna

 

 

1. Desenvolvimento da maquinaria

 

283 - O objetivo do capital quando emprega maquinaria avançada não é reduzir o tempo de trabalho do ser humano. O fim é baratear mercadoria. Gerar mais valia.

 

284 - "Na manufatura, o ponto de partida para revolucionar o modo de produção é a força de trabalho. Na indústria moderna, o instrumental de trabalho".

 

285 - "Uma história crítica da tecnologia mostraria que dificilmente uma invenção do Século XVIII pertence a um único indivíduo."

 

286 - Máquina a vapor de Watt eliminou a necessidade de se buscar força grande da água no interior da Inglaterra. A manufatura-indústria foi para as cidades. Não se procurava mais girar a roda hidráulica, fonte de energia.

 

287 - Na fábrica mecanizada, é imperativa a continuidade dos processos parciais. Muitas vezes a máquina parcial fornece matéria-prima para a máquina seguinte. O processo todo é ainda "menos interrompido" que na manufatura.

 

288 - Produção mecanizada desenvolvida: "máquinas-ferramentas combinadas que recebem todos os seus movimentos de um autômato central e que lhes são transmitidos por meios de mecanismos de transmissão."

 

289 - Trabalhadores que fabricavam as máquinas inventadas: parte de artesãos independentes; outra parte de trabalhadores especializados das manufaturas.

 

290 - A Revolução Industrial se espalhava de um setor para o outro e levou à necessidade de revolucionar também os meios de transporte e comunicação.

 

291 - A gigante necessidade de mecanizar a fabricação de máquinas foi superada num determinado momento e alavancou de vez a Revolução Industrial. Faltava até então revolucionar esta base. Surgiram máquinas "ciclópicas" para fabricar motores por exemplo. Depois (ou não) da máquina de Watt, o "torno", peça que permitiu tudo isso, foi a maior revolução "barateante" (neologismo, acho), praticamente substituindo as habilidades da mão humana em dar forma às paradinhas diversas.

 

292 - O moderno instrumental de trabalho (maquinaria) somente funciona por meio de trabalho diretamente coletivizado ou comum.

 

 

2. Valor que a maquinaria transfere ao produto

 

 

293 - As máquinas são mais caras e duram bem mais que os instrumentos manuais.

 

294 - De fato, se são caríssimas, os produtores receberão mais valor transferido, mediante trabalho, das máquinas, entretanto, são tão produtivas que esse valor, mesmo maior, dilui-se imensamente na enorme quantidade produzida a mais que antes.

 

295 - "Quanto menos valor transfere, tanto mais poderosa é ela e tanto mais seus serviços se aproximam dos prestados pelas forças naturais".

 

296 - O valor transferido pelas máquinas de última geração decresce em termos absolutos, pelo já explicado, mas cresce relativamente ao capital variável.

 

297 - A máquina tem que custar menos trabalho que o que substitui (valor da força de trabalho, ou seja, gasto para manter o trabalhador vivo). Não necessariamente ou sim. Pensar sobre isso...

 

298 - Marx afirma que, às vezes, ocorre da máquina, num determinado ramo, gerar desemprego e, por conseqüência, oferta grande de trabalho em outros, gerando queda dos salários e tanta mais valia nestes que a mecanização deles acaba atrasando. Torna-se pouco vantajoso aí, às vezes, substituir trabalhador por máquina. Seria uma decorrência do item acima por sinal...

 

299 - A recusa de pais em empregar crianças no regime parcial (devido à nova lei) com apenas metade do salário que elas ganhavam antes, forçou o capitalista a mecanizar sua fábrica e substituir essa fonte de mais valia. Marx dá outros exemplos.

 

 

3. Considerações (ou é conseqüências...) imediatas da produção mecanizada sobre o trabalhador

 

 

a) Apropriação pelo capital das forças de trabalho suplementares. O trabalho das mulheres e das crianças

 

300 - Menos dependência da força física resultou em "bota mulher e criança para trabalhar também!". Mais trabalhadores é algo bom. Aumenta a massa da mais-valia (não necessariamente a taxa, mas a massa) extraída pelo capitalista.

 

301 - A família inteira trabalhando. Pais vendem força de trabalho dos incapazes (u seja, na realidade, não há contrato entre juridicamente capazes). Não é muito diferente do tráfico de escravos, sugere Marx. As mães, sem tempo para trabalho doméstico, têm que comprar produtos industrializados (bom para o capital) e o capital não precisa pagar salário grande ao adulto já que agora sua força de trabalho vale menos. Isso pelo motivo de que toda a família está empregada e recebe salário. Basta que a soma sustente todo mundo (para a reprodução da força de trabalho).

 

302 - Taxa de mortalidade de crianças assustadora nos distritos ingleses industriais em comparação com os distritos agrícolas. Muitas mães, por trabalhar, não têm tempo para as crianças em casa, deixando-as de alimentar adequadamente ou mesmo provocando sua morte de propósito. Perdem o vínculo com a criança muitas vezes, vendo-a apenas como um estorvo ou algo assim. Em alguns agrícolas a taxa também era imensa, pois as mulheres tinham que fornecer trigo para as indústrias, trabalhando em áreas longes de sua aldeia. A indústria atingiu o campo-solo.

 

303 - De 1844 em diante, a escola era obrigatória (umas 3 horas) pra crianças que trabalham e a fábrica tinha que providenciar e ter certificado assinado por professores. Obviamente, ela fraudava tudo e pronto. Contratava professor que mal sabe ler (mais barato) e fingia educação para as crianças.

 

304 - A escola que existia fora das fábricas também era precária. Até havia professores de verdade, porém, além de faltar tudo (livros, lugar adequado etc), cada professor aumentava sua miséria (salário) a partir do número de alunos que ensinava num cubículo. As crianças, apertadas e zuadentas, aprendiam quase nada.

 

305 - Crianças e mulheres eram de agrado dos capitalistas. Mais dóceis, diziam.

 

b) Prolongamento da jornada de trabalho

 

305 - Mulheres e crianças dóceis contribuíam para o aumento da jornada de trabalho.

 

306 - Quanto mais produtos (num espaço de tempo) a máquina ajuda a produzir, menos valor dele se transfere para cada mercadoria.

 

307 - Prolongar a jornada de trabalho significa manter a máquina operando por mais tempo. Há várias vantagens nisso. Evita-se o desgaste por inação. Ela vai enferrujando parada... Evita-se o desgaste moral da máquina. Quanto mais tempo ela dura, mais vai ficando ultrapassada e perdendo valor-de-troca (pela diminuição do tempo socialmente necessário, creio). A máquina perde valor de troca mais rápido que valor de uso, parece-me. Melhor é exauri-la o mais rápido possível. Operando-a 24 horas. Os capitalistas perceberam isso. Também preserva-se o gasto com construções. A fábrica é melhor utilizada (espaço físico). Há vários gastos fixos: impostos e tal.

 

308 - O capitalista que inova quer aproveitar ao máximo o período em que ainda está a frente, ainda não começaram a imitar o seu método de produção então ele extrai mais valia extra.

 

309 - A máquina substitui trabalhadores, gerando população excedente, compelida a submeter-se à lei do capital.

 

310 - Marx diz que "é impossível que dois trabalhadores forneçam tanta mais valia quanto 24. Se cada um dos 24 trabalhadores proporcionar, em 12 horas, apenas uma hora de trabalho excedente, proporcionarão em conjunto 24 horas de trabalho excedente, enquanto o trabalho total de 2 será apenas de 24 horas. Há, portanto, uma contradição imanente na aplicação da maquinaria para produzir mais valia." A massa de mais valia extraída tende, portanto, historicamente, a se reduzir. (Sim, mas esse "incômodo" pode ser driblado mecanizando setores onde o excedente é de minutos... Ou produzindo lucro nos setores de bens de luxo. Capitalista quer lucro e não a categoria marxista de mais-valia. Longa discussão)

(Ok, isso eu até concordo. Entretanto, se Marx sugere (acho que não) que o capitalismo morrerá somente por causa disso, aí argumentaria contrariamente.. Vou ler o livro todo pra ver. Só adiantando algumas coisas, tal redução fatal demoraria séculos, talvez milênios, numa sociedade quase que completamente mecanizada. Por sinal, uma sociedade toda de robôs, por exemplo, só poderia ser socialista, ou então uma de sádicos que programam robôs contra minorias ou até maiorias, controlando-as. - Também não descarto. Outra coisa que percebo dessa lei de Marx é que o capitalismo tende ao oligopólio ou mesmo monopólio.)

 

c) Intensificação do trabalho

 

311 - Com a relativa vitória dos trabalhadores (regulamentação do trabalho e limitação às jornadas), o capital encontrou meios de não perder mais valia. Já que se comprime a extensão do trabalho, além da compensação pela tecnologia, lutou-se em outra frente: intensificar o trabalho. Aumentar a velocidade deste. Extrair mais valores-de-uso do mesmo tempo de trabalho. Ademais, com os trabalhadores menos desgastados pelas jornadas de 12 a 15 horas, a intensificação do trabalho facilitava-se. Um inspetor de fábrica até ouviu isso de um trabalhador. Documentos mostram a intensificação no trabalho (velocidade nas máquinas). Aliás, basta assistir ao filme do Carlitos.

 

312 - Inspetor Horner achava impossível intensificar o trabalho quando se reduziu de 12 para 10 horas. Uns dez anos depois admitiu que estava errado.

 

313 - O período mais produtivo da indústria inglesa, de grande crescimento, deu-se após o estabelecimento da jornada de 10 horas.

 

314 - A saúde do trabalhador com a nova jornada não teve avanço maior devido à intensificação do trabalho que também o desgastava imensamente. Marx diz que isso inevitavelmente levará à agitação dos trabalhadores pela jornada de oito horas, o que já acontece no ano em que ele escreve.

 

 

4. A fábrica

 

 

315 - "Não partindo do trabalhador o movimento global da fábrica, mas da máquina, pode-se mudar o pessoal a qualquer hora sem interromper o processo de trabalho." Relativiza-se a divisão do trabalho. As tarefas, sendo menos complexas, tendem a ser substituídas por máquinas, daí um inspetor sugerir uma vassoura automática nas máquinas a fim de evitar acidentes com crianças que varriam embaixo das máquinas em funcionamento. A classe de auxiliares tende a ser substituída.

 

316 - A especialização se transforma. Torna-se a de servir sempre a uma máquina parcial (em vez de manejar ferramenta parcial). O trabalhador torna-se mais dependente da fábrica, pois aprende um ofício parcial inútil por si só, o que meio que já vinha ocorrendo com a manufatura.

 

317 - O trabalhador sente-se cada vez mais impotente diante do poderio das máquinas, para ele pertencentes unicamente ao patrão. Seu trabalho é visto cada vez mais como parte de uma máquina e desinteressante por si só. É como se o valor das coisas dependesse muito mais do trabalho morto (quase autossuficiente) que do vivo. O trabalho é cada vez mais simples, o que traz para a concorrência do trabalho trabalhadores do campo.

 

318 - O trabalho de supervisão continua importante na moderna fábrica já que é muito difícil conseguir dos trabalhadores a regularidade de trabalho exigido pelas máquinas (novamente fico lembrando do "Tempos Modernos").

 

319 - Transgressões do código de conduta das fábricas muitas vezes impõe penalidades mais rendosas que a observância delas.

 

320 - Fourrier chamava as fábricas de "penitenciárias abrandadas". Marx se pergunta se não seria pior. Acidentes, higiene precária, trabalho exaustivo, sem luz, sem ar etc etc. Entretanto, Marx observa que de 1860 em diante as coisas foram melhorando.

 

 

5. Luta entre o trabalhador e a máquina

 

 

321 - A luta entre capitalista e trabalhador é antiga, porém, somente após a introdução da máquina, surgem revoltas do segundo contra o próprio "instrumento de trabalho". Na Alemanha do Século XVII, máquinas eficientes, praticamente precursoras da Revolução Industrial, chegaram a ser proibidas por deixar pessoas na miséria (sem empregos). Exemplo da revolta do trabalhador contra a máquina. O inventor foi condenado ao estrangulamento ou algo assim.

 

322 - O movimento ludista agiu no início do Século XIX, os primeiros quinze anos mais ou menos. Levou tempo para os trabalhadores dirigirem sua revolta para as "raízes" segundo Marx. Ainda assim, não acabaram revoltas do tipo (1867).

 

323 - Na agricultura, a expulsão dos pequenos proprietários de terras gera concentração no campo. Ademais, o excedente sem-terra das áreas rurais migra para as cidades onde as manufaturas prosperavam devido à exigência dos novos mercados coloniais. Nas manufaturas, os ofícios manuais, embora muitas vezes decompostos pela divisão do trabalho.

 

324 - Extinção dos tecelões manuais ingleses durou anos. Completou-se em 1838. Muitos deles morreram de fome, outros vegetaram com a família com insignificante renda mensal. Era impossível competir com a máquina industrial.

 

325 - Marx, citando inclusive o seu "bróder" Ure : ) , mostra que a invenção de máquinas foi uma grande arma utilizada pelos capitalistas no período de lutas por leis fabris. Quando as greves se julgavam invencíveis, o capitalista recorria à sua companheira de sempre, ciência, e uma nova máquina tornava desnecessária uma enorme quantidade de trabalhadores grevistas. Economistas burgueses chamavam isso de "libertação" do capitalista...

 

 

6. A teoria da compensação para os trabalhadores desempregados pela máquina

 

 

326 - À pagina 501, Marx exemplifica e mostra que não necessariamente o capital gerado pelas máquinas novas irá se transformar em novos empregos no futuro. O mundo atual, por sinal, continua mostrando isso. Porém, também aí não vejo qualquer queda natural do capitalismo (não estou dizendo que Marx vê), afinal, o lucro gerado pelas máquinas pode ser, por exemplo, apropriado pelo Estado a fim de gerar empregos de outra forma a depender da organização dos trabalhadores. O Estado de Bem-Estar europeu tem um pouco disso. O capitalismo só morre mesmo com a total robotização ou sei lá (e, a depender dos "sadismos", pode até surgir algo pior no lugar). Mas voltando ao pensamento original deste item, se o capitalista simplesmente se apropria do imenso capital gerado e vai consumir, evidentemente não há motivo para existirem novos empregos. E o desempregado pode, simplesmente, morrer de fome, como de fato acontece.

 

327 - Não sei se Marx afirma em alguma parte que trabalhador na rua gera crise econômica necessariamente por simplesmente cair o poder de compra e tal... Se afirma, para mim está errado. Pois, com a máquina nova, cai o poder de compra do trabalhador, mas pode subir o do patrão. Simplesmente a indústria vai produzir mais "artigos de luxo", proporcionalmente, que antes. Patrão enriquece à custa do empobrecimento de grande número de trabalhadores simplesmente.

 

328 - O trabalhador desempregado tem mais dificuldade de encontrar outro trabalho em que ganhe o mesmo ou mesmo perto do mesmo. Afinal, às vezes, ramos industriais completos ou ofícios deixam de existir. Divisão de trabalho superespecializada é ruim para o trabalhador.

 

329 - Para Marx, "a maquinaria (...) encurta o trabalho; facilita o trabalho; é uma vitória do homem sobre as forças naturais; aumenta a riqueza dos que realmente produzem; mas, com sua aplicação capitalista, gera resultados opostos: prolonga o tempo de trabalho; aumenta sua intensidade, escraviza o homem por meio das forças naturais; pauperiza os verdadeiros produtores". Não é bem isso, caso interpretemos essa afirmação dele como uma necessidade (uma lei natural ou sei lá da parada...). O capitalismo de conciliação de classes que se desenvolveu no Século XX, com o enorme crescimento da atuação estatal, mudou, de certa forma, isso. E isso não significa uma defesa dessa espécie não.

 

330 - Noutro trecho, diz Marx: "embora a maquinaria despeça necessariamente trabalhadores nos ramos onde se introduz, pode ela provocar acréscimo de emprego em outros ramos". O problema para ele são teorias burguesas que explicam isso como algo necessário. Não é importante, mas, por sinal, eu concordo.

 

331 - A maquinaria tem por resultado imediato ampliar a mais valia e, simultaneamente, a quantidade de produtos em que ela se incorpora.

 

332 - A mais valia resultante da maquinaria, como exposto no item acima, aumenta a produção de artigos de luxo.

 

333 - Desemprego origina empregos improdutivos segundo Marx. São empregos de serviçal, doméstica etc.

 

 

7 - Repulsão e atração dos trabalhadores pela fábrica. Crises da indústria têxtil algodoeira

 

 

334 - Censo da indústria 1860-1865. Cresceram. Número de pessoa empregadas caiu 5,5%.

 

335 - A indústria moderna, tornando supérflua boa parte dos trabalhadores, incentiva emigração e conseqüente colonização, transformando colônias em fornecedores de matéria-prima. Lã, algodão etc. Nova divisão internacional do trabalho. Países agrícolas e outros industriais.

 

336 - Segundo Marx, nem sempre os mercados acompanham a produção, o que leva a ciclos de: atividade moderada, prosperidade, superprodução, crise e estagnação.

 

337 - A concorrência faz baixarem os preços. Porém, Marx afirma que a concorrência leva também aos menores salários possíveis. Ora pra baixar preço, ora somente para pegar mais grana do trabalhador mesmo (pro patrão), neste último caso, a concorrência funciona como desculpa esfarrapada.

 

338 - Fluxos e refluxos industriais. Trabalhadores são ora repelidos, ora atraídos pelas fábricas. Ora a máquina os expulsa, ora o capital "gerado por ela" abre novas fábricas pelo que entendi.

 

339 - No ano de 1862-63, a indústria têxtil algodoeira inglesa entra em colapso. Começa a Guerra Civil nos EUA e falta algodão.

 

340 - Em 1863, trabalhadores de tal indústria reivindicaram uma sociedade de emigração, Afirmam que mesmo nos períodos de prosperidade boa parte dos adultos não encontra qualquer emprego em qualquer fábrica.

 

 

8. Revolução que a indústria moderna realiza na manufatura, no artesanato e no trabalho a domicílio

 

 

a) Eliminação da cooperação baseada no ofício e na divisão do trabalho

 

341 - Máquina-ferramenta isolada toma o lugar da cooperação (ou da manufatura).

 

b) Repercussões do sistema fabril sobre a manufatura e o trabalho a domicílio

 

342 - A mecanização baseia-se em mão de obra barata, crianças, mulheres etc. Perde importância a qualificação advinda da divisão do trabalho.

 

343 - O trabalho a domicílio torna-se o último refúgio fora da fábrica. Funciona muitas vezes como braço da grande indústria. Competitividade dos trabalhadores por esse trabalho.

 

c) A manufatura moderna

 

344 - As condições de trabalho na manufatura mostram-se piores que as da grande indústria mecanizada. O "espírito capitalista" chegou até lá, mas não as máquinas que poderiam empregar mulheres e crianças com facilidade. Assim, essas são empregadas em ofícios que esgotam-nas rapidamente.

 

d) O moderno trabalho a domicílio

 

345 - Mesma desgraça ou pior.

 

346 - "Os pais, mergulhados na miséria e degradação, só pensam em extrair o máximo dos filhos. Estes, depois de crescidos, não querem mais saber dos pais e os abandonam."

 

e) Transição para a indústria mecanizada, da manufatura e do trabalho a domicílio moderno. A aplicação das leis fabris a essas atividades acelera a transição

 

347 - A competição leva à introdução da maquinaria também nesses ramos. Gera o mesmo efeito da mecanização nos primeiros ramos industriais.

 

348 - Leis fabris obrigam as grandes fábricas a se mecanizarem e tornarem-se ainda mais eficientes e elimina a capacidade da manufatura (e similares) de concorrer com as primeiras mediante maior exploração dos trabalhadores (a jornada).

 

349 - O trabalho em domicílio não consegue concorrer com a grande indústria a partir do momento em que essa começa a produzir com as mesmas máquinas ou máquinas superiores imensa quantidade de produto, (superprodução) abarrotando os mercados. De qualquer forma, trabalho em domicílio e manufatura já estavam, nesse momento, completamente desfigurados coo se viu em itens anteriores.

 

350 - Vários setores alegavam "barreiras naturais intransponíveis" contrárias à regulamentação da jornada. Quando esta chegou, mais tarde que em outros ramos, levou a uma mecanização das funções consideradas insubstituíveis, pois não se tinha mais o trabalhador o tempo todo disponível. A lei, portanto, acelera a transformação do sistema manufatureiro em fabril (meio que extinguindo gradativamente o primeiro).

 

 

9. Legislação fabril inglesa, suas disposições relativas à higiene e à educação e sua generalização a toda produção social

 

 

351 - Somente com o advento da lei, os industriais aplicam mínimas condições de higiene. Isso para que não sejam prejudicados pela concorrência se fizerem sós.

 

352 - Tratando da segurança do trabalhador, Marx afirma que, muitas vezes, simples e baratas peças ou engrenagens nas máquinas poupariam acidentes terríveis e mortes. Cita o exemplo da fábrica de linho irlandesa. O industrial preferia as mortes, afinal, era só substituir.

 

353 - Marx exalta o método de educar consistente em conjugar trabalho produtivo e ensino e ginástica.

 

354 - A base técnica da indústria moderna é revolucionária. "Para ela", nunca é definitiva a forma existente de um processo de produção.

 

355 - Combina-se um novo tipo de divisão do trabalho com fluidez de funções.

 

356 - "A legislação fabril arrancou ao capital a primeira e insuficiente concessão de conjugar a instrução primária com o trabalho na fábrica. Mas não há dúvida de que a conquista inevitável do poder político pela classe trabalhadora trará a adoção do ensino tecnológico, teórico e prático, nas escolas dos trabalhadores. Também não há dúvida de que a forma capitalista de produção e as correspondentes condições econômicas dos trabalhadores se opõem diametralmente a esses fermentos de transformação e ao seu objetivo, a eliminação da velha divisão do trabalho". Ta aí um trecho que não sei se entendi plenamente. Errou aí ou não...

 

357 - Segundo o inspetor de fábricas, "crianças e jovens têm um direito à proteção da lei contra os abusos do poder paterno, os quais destroem prematuramente sua força física e os degradam intelectual e moralmente". Olha as origens do ECA... Mais legislação. Golpe no trabalho a domicílio.

 

358 - Marx coloca, porém, que o método de produção capitalista é quem força a essa desagregação da família, mudando mesmo a relação entre os sexos.

 

359 - Artesanato vai virando manufatura que vai virando fábrica. As/os que continuam a existir só conseguem mediante exploração brutal da força de trabalho, superior a da fábrica muitas vezes.

 

360 - A legislação fabril se espalha inclusive devido à concorrência entre os capitalistas. Indústrias já regulamentadas exigem a expansão para as outras, sob pena de seus produtos ficarem mais caros, atraindo menos consumidores. Temem que mini-fábricas (produção em pequena escala, manufaturas, sei lá), explorem as jornadas desumanas de antes e "roubem" lucro que seria das grandes.

 

361 - Segundo Marx, em 1867, foi aprovada a extensão das leis fabris a todos estabelecimentos que trabalham com mais de 50 pessoas. Atinge em cheio o trabalho em domicílio.

 

362 - À página 561 em diante, Marx passa a expor perguntas as trabalhadores feitas por uma comissão parlamentar para investigar e fazer um relatório sobre o trabalho nas minas. As perguntas são "retóricas", visam deslegitimar a necessidade de leis para esse tipo de trabalho. A comissão tinha inclusive donos ou exploradores de minas.

 

363 - Ao contrário do que imaginei primeiramente, tal parte do livro é bem interessante, pois mostra os "argumentos" toscos usados pelos capitalistas da época. A não ser quando acusam os trabalhadores de macularem a imparcialidade do júri ao exigirem trabalhadores de minas neles para que se entenda os termos técnicos utilizados nos julgamentos de acidentes mortais nas minas. Segundo os capitalistas, os trabalhadores tenderiam à parcialidade, proteger a classe. Pode ter lógica isso. Eu acho, por exemplo, que a maioria esmagadora dos juízes atuais deviam se dar como suspeitos quando julgam pobres X ricos, proprietários X não-proprietários...

 

364 - A parte da fraude no pagamento de salários aos trabalhadores é impagável... Só vendo.

 

365 - O capitalista-governo perde a paciência pelo motivo de que as respostas não estavam saindo exatamente do jeito que ele esperava mesmo com perguntas tão cuidadosamente escolhidas e manda essa: "Vós trabalhadores não sois capazes de cuidar de vossos próprios interesses sem apelar para a ajuda do governo? - Não."

 

366 - A lei de 1872 veio para atenuar as catástrofes dos anos anteriores, com centenas de trabalhadores mortos em acidentes graves.

 

367 - Lembre-se, entretanto, que a lei acelera a concentração do capital (causada pela maquinaria) e o domínio exclusivo do sistema fabril.

 

368 - Não sei exatamente o que Marx quer dizer com as tais contradições do capitalismo. Ou mesmo o que elas são exatamente.

 

369 - Engels relata, na quarta edição que, em 1878, eliminaram-se as contradições das leis anteriores inglesas que regulavam o trabalho nas fábricas e oficinas. Havia muitos estatutos que meio que se contradiziam. Mesmo nesta, Engels cita uma série de debilidades (e também a debilidade de pessoal para fiscalizar as oficinas). Ademais, setores ficaram de fora.

 

 

10. Indústria moderna e agricultura

 

 

370 - Indústria moderna na agricultura: sai o camponês, entra o trabalhador assalariado.

 

371 - Diz Marx que a agricultura mecanizada facilita a união entre indústria e agricultura.

 

372 - Segundo Marx, o avanço do capitalismo na agricultura resulta numa dupla destruição: da saúde do trabalhador (como nas cidades) e do solo que dá o alimento. Aumenta a fertilidade do solo em curto prazo, mas esgota mais rapidamente as fontes duradouras dessa fertilidade. Cita, como prova, os EUA.

 

373 - Achei o trecho um tanto quanto muito determinista, mas tudo bem. O que não significa que eu ame o Estado.

 

  

 

FIM DO VOLUME I (UM)

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