Eric Hobsbawm - A Era de Ouro, de Era dos Extremos (Cap. 16)
Anotações Sobre Era dos Extremos (Hobsbawm)
Parte III do Livro – O Desmoronamento – 1973 a 1991
Capítulo 16: O Fim do Socialismo (pág. 447)
120 – Kuomitang derrotado por Mao. Não eram tão diferentes. Porém, os primeiros eram apoiados pelas classes médias urbanas e ricos chineses. Porém, não implantou, o Kuomitang, o processo de modernização.
121 – Mao não atrapalhou de 50 a 56. Porém, depois, veio o “Grande Salto Avante” e “Revolução Cultural”. “Se deu mal”.
122 – Mao não tinha grande conhecimento sobre marxismo. Pegou algo quer lhe convinha e formou uma doutrina própria, com bases inclusive opostas as de Marx e Engels. Exemplo: “a total abnegação do indivíduo e a total imersão na coletividade”. Mao pensava ainda que a “mente revolucionária” podia superar “limitações práticas. Maoísmo: crença da capacidade de transformar pela vontade.
123 – Mao fez a campanha das “Cem Flores”, contudo, parte da “velha guarda” não teve juízo. Instados a colaborar com a campanha foram, na verdade, críticos do sistema, o que levou o timoneiro a regenerá-los compulsoriamente com trabalhos braçais no campo. Estagnação no ensino superior. Mao dizia que a revolução não podia acabar nunca. Era uma constante luta.
124 – A coletivização agrária forçada de Mao, ao contrário da soviética, não encontrou muita resistência devido à cultura chinesa de submissão aos governantes (impérios/dinastias milenares).
125 – A agricultura não se modernizou ou industrializou o bastante para sustentar a cidade e acompanhar a industrialização. A agricultura tinha limite no braço do ser humano.
126 – Apesar de tudo, o consumo médio alimentar chinês cresceu acima do Terceiro Mundo. O mesmo para a expectativa de vida (35 para 68 anos em 1982). Contínua queda na mortalidade (exceto na grande fome). Escola primária, nos anos Mao, aumentou seis vezes.
127 – Anos Mao: boa taxa de crescimento do PNB per capita. Entretanto, inferior a do Japão, Coréia, Taiwan, Hong Kong.
128 – “Guardas Vermelhos”: jovens anárquicos contra “intelectuais de todo o tipo” e lideranças do partido contestadoras de Mao. (1965). Revolução Cultural.
129 – De 1970 pra frente: nem a expectativa de vida dos “países socialistas” conseguia aumentar.
130 – Nos EUA, pensava-se que a “nomenklatura” era feita de gente “despreendidada de si” e a isso atribuíam seu relativo sucesso político. Engano. Corrupção pessoal e degenerescência.
131 – Era Brejnev – Era da estagnação. Abandono de qualquer iniciativa séria de reformar o sistema soviético. Economia cada vez mais fraca. Nos anos 70, já se via o declínio, mas Brejnev preferiu comprar tudo que os consumidores russos necessitavam e “empurrar o problema”. Não reformava nada. Insatisfação contida e burlada. O povo soviético adorou os anos Brejnev.
132 – Petróleo de 73 adiou as inevitáveis reformas na economia soviética e deu fôlego a Brejnev para tentar competir com os EUA em armamentos. Importou mais também. Mais dependência do mercado externo!
133 – Petrodólares árabes iam para o sistema bancário internacional. “Árabes colocavam lá.” Após, países socialistas (e Terceiro Mundo) tomaram empréstimos a fim de manter acelerada a economia e o nível de bem-estar do povo. Gastavam muito. Nada de reforma. Alto consumo de petróleo.
134 – Hungria e Polônia da década de 80: “o planejamento central” praticamente já não atuava. Hungria, por sinal, já tinha mais liberdade civil. Não conseguiram, porém, diminuir a dívida na década de 80 justamente pela falta de planejamento central. Outros socialistas conseguiram até.
135 – Reformadores sérios encontravam dificuldades na burocracia e satisfação do povo soviético, que gostava do que recebia do sistema.
136 – Como Gorbachev foi aceito então? Um: alguns socialistas “de verdade” do partido estavam revoltados com a corrupção crescente da Era Brejnev. Dois: camadas educadas e competentes da administração sabiam da necessidade de uma mudança drástica fundamental (e fim da Guerra Fria).
137 – Guerra do Afeganistão para “estabilizar” o país. O Partido Democrático Popular de lá era mal visto pelo clero muçulmano e latifundiários por pretender a reforma agrária e direitos para mulheres. EUA despejaram dinheiro nessa galera “reacionária” e armação ultramoderna (que ironia que depois essa galera se voltasse contra os EUA no atentado de 11/09). Virou o Vietnã da URSS.
138 – Reformadores queriam liberalizar e democratizar o sistema político. Introduzir sistema de preços de mercado e cálculo de lucros e perdas nas empresas.
139 – Burocracia do Estado/Partido respondiam às reformas com uma inércia que ocultava a hostilidade. Tinham interesses em jogo ameaçados pela mudança.
140 – Glasnost: Estado Constitucional separado do Partido. Controlado por uma assembléia nacional legislativa genuinamente eleita, culminando num Soviete Supremo.
141 – Perestróica: Cooperativas legalizadas e quebra das empresas estatais deficitárias. Sistema duplo: estatal e não-estatal. O centro de tomada de decisões econômicas orientaria (macroeconomicamente) as empresas. Algo levemente inspirado na NEP. Ao contrário da China (10% de crescimento ao ano), a Perestróica não deu certo.
142 – A Glasnost não se concretizava. “A alternativa para a autoridade do partido não era a autoridade constitucional e democrática, mas, a curto prazo, autoridade nenhuma”.
143 – Mesmo países “socialistas” que fizeram reformas econômicas sérias e inteligentes mostraram-se “irreformáveis”. O sistema não conseguia reformar-se e vingar.
144 – A “revolução” na Europa Oriental foi pacífica. Os governantes não se esforçaram para continuar.
145 – Plekhanov, o “pai do marxismo russo”: “a Revolução de Outubro só poderia levar, na melhor das hipóteses, a um ‘império chinês pintado de vermelho’.”
146 – Hobsbawm dá a entender uma “solução” para o socialismo, datada de 1930: um planejamento descentralizado com preços. Seria do polonês “Oskar Lange? – o ‘gradualista bukharinista quanto à NEP”.
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