Karl Marx - O Capital, Livro I - Capítulos XVIII a XX
XVIII - O salário por tempo
398 – Não entendi o que Marx quer com esses cálculos da segunda página do capítulo. O que é que está fixo... O que não está... Se o preço subiu como causa ou conseqüência. Achei mal explicado. Tradução? Mas acho que ele quer dizer o que já sei. Uma dessas coisas é: “Há, portanto, métodos para abaixar o preço do trabalho, independentes da diminuição do salário nominal diário ou semanal”.
399 – Nos casos de subocuparão, ou seja, jornada pequena e com salário reduzido, “o capitalista pode (...) extrair determinado quantum de mais-trabalho do trabalhador, sem conceder-lhe o tempo de trabalho necessário para seu próprio sustento”. A coisa pode piorar na verdade.
400 – Segundo Redgrave (inspetor, acho): “de 1839 e 1859, (...) o salário subiu nas fábricas submetidas à lei das 10 horas, e caiu nas fábricas em que se trabalha de 14 a 15 horas por dia."
401 – Parece-me um capítulo, assim como o anterior, com constatações notadamente decorrentes de exposições em capítulos anteriores, daí eu não anotar muita coisa.
402 – Diz o capitalista: ““Em Birmingham, a concorrência entre os patrões é tão grande, que alguns de nós são obrigados — enquanto empregadores — a fazer o que se envergonhariam de fazer em outras circunstâncias (...).” A concorrência leva a querer extrair cada vez mais do trabalhador.
403 – Marx cita o interessante embate entre “padeiros que enganam o consumidor e superexploram os trabalhadores (18 horas)” e “padeiros que teoricamente não fazem isso”. Os últimos reclamam que parte da vantagem concorrencial dos primeiros advém de trabalho não-pago. “Pagam 12 horas e tiram 18” dizem. O curioso é que o padeiro “preocupado com a exploração” não nota que também há bastante trabalho não-pago no empreendimento nele.
XIX – O salário por peça
404 – O resumo mesmo é esta frase: “O salário por peça é, portanto, apenas uma forma modificada do salário por tempo.” (com vantagens para o capital, veremos)
405 – “Como qualidade e intensidade do trabalho são controladas aqui pela própria forma do salário, esta torna grande parte da supervisão do trabalho supérflua. Ela constitui, por isso, a base tanto do moderno trabalho domiciliar anteriormente descrito como de um sistema hierarquicamente organizado de exploração e opressão.”
406 – Uma “vantagem” do sistema seria a colocação de intermediários entre capitalista e trabalhador final e a exploração do trabalhador por outro trabalhador (nas minas, o quebrador de carvão, entre outros exemplos citados). Contrato por peça e o trabalhador que se vire para explorar outros e conseguir.
407 – O salário por peça incentiva a produtividade, no sentido de intensidade do trabalho. Do mesmo modo, o trabalhador às vezes até aumenta sua jornada de trabalho. Bom para o capitalista. E quanto menos esse pagar, mais o trabalhador terá que se esforçar.
408 – Um método usado pelo capitalista é a contratação de um trabalhador com destreza superior, pagando-se algum adicional, desde que ele se comprometa a “incentivar” os demais (que ganham menos) a trabalharem mais.
409 – “(...) a maior liberdade que o salário por peça oferece à individualidade tende a desenvolver, por um lado, a individualidade, e com ela o sentimento de liberdade, a independência e autocontrole dos trabalhadores; por outro lado, a concorrência entre eles e de uns contra os outros. Por isso, o salário por peça tem a tendência, com a elevação de salários individuais acima do nível médio, de baixar esse mesmo nível.” Só não entendi essa conclusão aí... Não vejo essa tendência. Simplesmente depende. Entretanto, Marx cita época em que isso de fato ocorreu.
410 – Segundo Marx, o salário por peça, por tudo exposto, é o mais adequado ao modo de produção capitalista.
411 – O inconveniente é que quando há uma melhoria grande na produtividade (nova máquina), os trabalhadores tendem a se opor a redução do salário por peça visto que haverá redução nominal no salário. Ou seja, querem participar do “novo lucro”, da “melhoria na maquinaria”. Acham que seu salário está sendo de fato reduzido, diria o burguês (isso quando ele não usa o pretexto para reduzir realmente mesmo em vez de nominalmente apenas)
XX – Diversidade Nacional dos Salários
412 – “O valor relativo do dinheiro será, portanto, menor na nação em que o modo de produção capitalista é mais desenvolvido do que naquela em que é menos desenvolvido.”
413 – “Porém, mesmo abstraindo essa diferença relativa do valor do dinheiro em diferentes países, será freqüentemente verificado que o salário diário, semanal etc. na primeira nação é mais alto que na segunda, enquanto o preço relativo do trabalho, isto é, o preço do trabalho em relação tanto à mais-valia como ao valor do produto, na segunda nação é mais alto que na primeira”. O que é “preço do trabalho” aqui? É o preço da força de trabalho? Não creio que exista um “necessariamente” nessas coisas. Concorda Marx que “salário baixo é igual a trabalho caro”. Não acho que há uma relação direta aí. Quando isso acontece, é por outros fatores. Demoraria um pouco para explicar. O que, afinal, ele está chamando de “salário baixo”? É mero reflexo do pouco desenvolvimento, não uma espécie de lei independente e tal...
(como esse fichamento tem onze anos, não lembro mais o contexto do que tentei discutir aqui. Só voltando ao livro).
414 – Citação importante do Ure: “(...) na Inglaterra, os salários são virtualmente mais baixos para o fabricante do que no continente, apesar de que para o trabalhador possam ser mais altos”. (URE, p. 314).
415 – “O inspetor de fábricas inglês Alexander Redgrave comprova, no relatório fabril de 31 de outubro de 1866, mediante estatística comparativa com os Estados continentais, que apesar do salário mais baixo e tempo de trabalho muito mais longo, o trabalho continental em relação ao produto é mais caro que o inglês”. É isso. Creio que isso freqüentemente acontece de fato, porém, é reflexo do desenvolvimento produtivo, não uma lei necessária ou algo do tipo (não estou dizendo que Marx disse, mas, às vezes, parece... talvez seja coisa da tradução).
416 – Vetado. Tirei do contexto essa anotação em 2009.
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