Econ - Textos Variados XLI
Bill Lucarelli - A Morte do Neoliberalismo:
427 - Até agora muitas hipóteses e poucos números. Aqui começam alguns: Por outro lado, o efeito riqueza da ascensão dos preços dos activos transformou milhões de trabalhadores comuns em investidores e actuou como um poderoso mecanismo de transmissão na manutenção do poder de compra dos consumidores. Em 1987, 25 por cento das famílias dos EUA tinham uma posição no mercado de acções. No fim da década de 1990, mais da metade das famílias estado-unidenses possuíam acções, tanto directamente como indirectamente através de fundos mútuos (Harmes, 2001).
428 - Fala também da extensão das dívidas das famílias, o que até acredito, mas não traz dados. Depois passa a tratar do capitalismo como se estivesse enterrado em 2008.
429 - Fala da acumulação por despojamento, de Harvey, dando a entender de que o capitalismo seria mera redistribuição de riqueza agora. Eu não diria tanto, mas pode vir a ser.
430 - Nos EUA, por exemplo, a capitalização do mercado de acções em percentagem do PIB aumentou da sua média de longo prazo de cerca de 50 por cento durante a era do pós guerra para mais de 128 por cento em 2008 depois de atingir o pico de 185 por cento no zênite da bolha das dot.com em 1999. O rácio dos lucros das instituições financeiras em relação aos lucros das corporações não financeiras ascendeu de cerca de 15 por cento em média nas décadas de 1950 e 1960 para quase 50 por cento em 2001 (Crotty, 2005: 85). Outro indicador do grau de financiarização é o nível da dívida privada ou a dimensão relativa do mercado de crédito dos EUA. Em 1981, por exemplo, o valor do mercado de crédito estado-unidense era estimada em 168 por cento do PIB. Em 2007, este número era de mais de 350 por cento. Ao mesmo tempo, a fatia dos lucros corporativos tais acumulado no sector financeiro expandiu-se de apenas 10 por cento no princípio da década de 1980 para 40 por cento em 2006 (Crotty, 2008: 10). (Aqui o texto é ouro. É assim que uma argumentação começa a ganhar força).
431 - Os bancos comerciais foram portanto privados das suas fontes tradicionais na concessão de empréstimos a corporações e começaram a empenhar-se em operações especulativas directas no imobiliário e nos mercados de acções.
432 - Derivativos e CDS se tornaram um mercado envolvendo valores de quase centena de trilhões. Swaps cambiais e etc.
433 - A revogação nos EUA do Glass-Steagall Act em 1999, o qual havia impedido os bancos comerciais de se envolverem em actividade de banca de investimento, representa um marco histórico nos anais da história financeira recente. Sem dúvida, a eliminação desta legislação, a qual foi posta em vigor em meio ao colapso do sistema bancário estadunidense na década de 1930, foi o culminar de mais de três décadas de desregulamentação financeira radical.
BOA Entrevista - Carta Capital Sobre Desigualdade e Crescimento - Atalho:
434 - Já li e já fichei em “dados e notícias reveladoras (Brasil).
Boaventura - Avanço do Neoliberalismo:
435 - Fala bem superficialmente da flexibilização dos direitos trabalhistas como tentativa de explosão do Estado de Bem-Estar Social europeu. Cita o exemplo da implantação do “banco de horas” em Portugal, ao que entendi.
Boaventura - Sobre a Crise:
436 - Texto que pede ao Estado para ser bonzinho.
Cai o Mito do Real Desvalorizado:
437 - Nassif não entrou a fundo em ponto algum.
Cartilha da Consulta Sobre a Crise:
438 - A apropriação de um “valor-a-mais”, que está presente como lucro em todas as mercadorias, faz com que os capitalistas possam ir acumulando cada vez mais riquezas. E que os trabalhadores não recebam a renda equivalente a todo valor que produziram. Daí surge uma contradição. Se produz riquezas, mas os trabalhadores não tem como adquirir essa riqueza. E em longo prazo se forma então uma espécie de superprodução de mercadorias que os capitalistas não tem para quem vender. (Crédito ao trabalhador ou consumo de serviços por parte dos capitalistas atuam como contra-tendências a meu ver. No mínimo ganham tempo)
439 - Vê o neoliberalismo como a prevalência de comando do capital financeiro e o crescimento percentual dos lucros “não-operacionais”. Esse processo levou a uma grande concentração de capital, na forma de dinheiro, sob o controle dos bancos e de grandes empresas transnacionais, que passaram a operar em todo o mundo. Hoje, as 500 maiores empresas do mundo, que controlam a produção industrial, agrícola, serviços e bancos, são donas de 52% de toda riquezas no mundo. Mas dão emprego para apenas 8% dos trabalhadores no mundo.
440 - Kondratieff meio implícito aqui. Houve uma grande crise capitalista no século XIX, por volta de 1870, que atingiu toda a Europa. Depois tivemos a grande crise de 1929 até 1945, que atingiu todo o mundo capitalista. E agora estamos entrando numa nova crise de todo o sistema capitalista, que certamente será prolongada.
441 - Programa: A nacionalização dos bancos; nova moeda internacional sob controle de organismos; redução da jornada sem redução salarial; soberania alimentar e energética; democratização dos organismos internacionais e da mídia; auditoria da dívida e inclusão da dívida social; política pública visando emprego em primeiro lugar; priorizar transporte público e investimento público em educação gratuita; reduzir juros; Banco do Sul, Unasul e integração latina; controle de capital; fim do leilão do petróleo e revisão do superávit primário; controle de preços agrícolas para pequenos agricultores; revogar Lei Kandir e voltar a ter imposto sobre a exportação; desvincular o BNDES do grande capital; demarcação e titulação de territórios indígenas e quilombolas; reforma política; preservação da legislação ambiental e fim da criminalização da pobreza e dos movimentos sociais.
442 - Ao fim, dá diretrizes para organização de comitês de luta contra os efeitos da crise.
443 - Interessante. Lembrando que é 2009:
Charles André-Udry - Uma Crise Duradoura:
444 - Crise de 2008 e habitação. No total, 3,8 milhões de casas de família (em fevereiro de 2009) estão marcadas por esses cartazes. Tal número é duas vezes superior se se agregam todas “as unidades habitáveis”, indo do estúdio ao apartamento de luxo. 40-45% das vendas ocorrem por causa de penhoras ou de dificuldades em pagar os empréstimos hipotecários. A queda dos preços dos bens imóveis continua, certamente com diferenças conforme as regiões. Durante os anos 1920, os preços dos bens imóveis-habitação haviam baixado em 19%; o retrocesso, em finais de 2008, é de 30% com relação ao pico de 2006. E isso não terminou:a cifra prevista pode seguramente chegar em 40%.
445 - Nos Estados Unidos, as capacidades de produção no conjunto da indústria manufatureira se utilizam de um nível inferior a 68%, a taxa mais baixa desde o estabelecimento da série estatística, em 1948. Outro exemplo: a utilização das capacidades européias de produção de aço alcança até 50% (janeiro de 2009), segundo o Word Steel Association (WSA); o que deprime a taxa de utilização.
446 - Num dos poucos momentos “não-chatos” do texto, constata o que venho pensando há tempos: boa parte da economia mundial hoje se tornou manter o mercado financeiro inflado artificialmente a fim de adquirir direitos sobre a mais-valia futura e cada vez mais futura.
447 - A contribuição dos gastos de consumo dos lares ao crescimento do PIB nos Estados Unidos passou de: 66,0% entre 1985-90; para 70,3% para o período 1990-95; 74,1% para os anos 1995-2000, para alcançar 77,3% entre 2000-2007. Uma representação do fato de que os Estados Unidos desempenhavam, com base no crédito, o papel de “consumidor mundial”. Facilitando assim, segundo um truque do desenvolvimento desigual e combinado do capitalismo, o ascenso da China como “nova oficina do mundo” e futura potência de primeira ordem. Dívida é o segredo.
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