Econ - Claus M. Germer - Componentes Estruturais da Teoria do Dinheiro no Capitalismo II

 (continuação...)


500 - ESTE LINK É MUITO INTERESSANTE. MOSTRA COMO CRESCIA O “PIB PER CAPITA” ANTES DO CAPITALISMO. DE FATO AVANÇAVA, MAS DE FORMA BEM MAIS LENTA:

 

https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_regions_by_past_GDP_(PPP)_per_capita

 

501 - Sistema de crédito é para fazer dinheiro circular, não tanto mercadorias (como no sistema monetário). Mas não o mero/simples dinheiro (meio circulante), pois isso o anterior também fazia. Dinheiro em movimento de valorização. O “dinheiro de crédito” (que o autor nem considera dinheiro mesmo e surge da função “meio de pagamento” que geralmente o dinheiro exerce). O sistema de crédito absorve, portanto, o monetário. O crédito comercial é a base do sistema de crédito (ao que entendi no fim do texto... é o precursor, não exatamente a base "atual" da coisa).

502 - A base do “dinheiro de crédito” seria a circulação de créditos, ou seja, uma “não-circulação de dinheiro”.

503 - Coloca que no “padrão-ouro” mesmo o dinheiro circulante não era propriamente dinheiro, mas apenas representantes do dinheiro real, que era o ouro e ficava em reservas. Com o “padrão-dólar” nem isso mais. O dinheiro teria virado meramente simbólico.

504 - Afirma que a moeda estatal de curso forçado é mero signo do valor. E que o pessoal quer modificar indevidamente ou decretar a morte da teoria do dinheiro de Marx porque não percebe que o fato de não circular mais dinheiro não significa que o ouro tenha deixado de ser equivalente geral do valor. 

(Nunca entendi porque tem que ser o ouro e não pode ser o dólar. Em tese, no marxismo, algo que não possui valor - ou quase isso - não pode medir valor. Não pode ser equivalente geral. Por que não? Não sei. Diz também que é porque o “dólar” não tem trabalho abstrato em si para ser comparado aos demais trabalhos sociais cristalizados na mercadoria… Seria quase como negar a lei do valor. Pois bem, uma vez solidificado um equivalente geral, não vejo qualquer necessidade de que seja ele em si uma mercadoria ou produto de trabalho social, mas meramente que represente uma determinada quantidade de tempo de trabalho, ou melhor, tenha uma relação direta com essa. Não sei se expliquei nos termos corretos, mas é nessa linha. Talvez eu não concorde com Marx).

505 - Além do dinheiro-moeda-estatal há o “dinheiro de crédito em suas diversas formas”. As primeiras foram os títulos de dívida comercial ou “letra de câmbio”. Marx coloca que “dinheiro de crédito” há muito tempo é desproporcional em relação ao dinheiro circulante.

506 - Traz citação de Marx demonstrando como o dinheiro (metálico) se torna supérfluo com o desenvolvimento do dinheiro de crédito e difusão do sistema bancário.

507 - … Os instrumentos de circulação que substituem o dinheiro (ouro), portanto, derivam dele a sua existência. (Sempre me pergunto se estou diante de uma luta conceitual, no mau sentido).

508 - Essas diferenciações me lembram as próprias diferenciações de agregados monetários da chamada teoria burguesa: base monetário, M1, M2… Etc.

509 - Diz que, para Marx, o dinheiro emerge espontaneamente do processo de troca. Não é e nem poderia ter sido iniciativa do Estado, nem abolido por este. (David Graeber concorda? De toda forma nem sei se concordo com ele. Dinheiro, Graeber diz, é apenas um sistema matemático em que se pode medir o valor das coisas proporcionalmente. “Isso vai ocorrer em qualquer sociedade organizada, seja qual for o sistema, levando a alguma forma de capitalismo.”)

 

PAUSA para um texto de Decacche, inspirado em Graeber, para dizer como os antropólogos rejeitam essa visão de que o dinheiro surgiu do escambo - não evidências disso. No fundo, afirma que uma das teorias mais prováveis é a cartalista:

 

David Graeber mostra que os mercados aparecem, geralmente, ao redor dos antigos exércitos (foi assim para o Arthasastra, de Kautilya; o círculo da soberania sassânida e para os “discursos de sal e ferro” chineses). Uma história padrão para simplificar os casos acima, é a seguinte: se um Rei da antiguidade quisesse manter um grande exército em determinada região seria necessário mobilizar os recursos regionais em torno da manutenção dos soldados na região. Seria necessário comida, abrigo, roupas e afins. Se o Rei simplesmente entrega moeda para os soldados e exige que cada família da região devolva uma quantidade equivalente de moeda como pagamento de tributos, toda a economia regional seria transformada, de uma só vez, em uma máquina de provisão de recursos necessários à manutenção dos soldados. O poder do Estado, que se manifesta através da moeda estatal, criaria e organizaria o mercado em torno dos objetivos traçados pelo Rei. Aqui há mais uma conclusão importante: apesar da teoria liberal convencional colocar Estado e Mercado como entes antagônicos, há fartas evidências históricas que comprovam o contrário: Estado e Mercado se associam em um processo simbiótico, ou seja, sociedades sem Estado tendem a não ter mercados.

 

510 - Afirma que o “dinheiro de crédito” não serve como medida de valor ou padrão de preços.

511 - Afirma que crédito comercial não é empréstimo de dinheiro, funcionando na verdade como um adiantamento de mercadorias, já que este crédito não cobra juros. Tem mais a ver com a circulação simples. É figura precursora do dinheiro de crédito.

512 - O dinheiro (ouro) é apenas um dos componentes do dinheiro de crédito.

513 - Diz que o ouro pode até ter deixado de ser meio de troca e até reserva de valor pra maioria. Porém, ainda seria a única “medida de valor”/”padrão de preço”. Continua dizendo que o dólar é um crédito para o dinheiro real, que é o ouro.

514 - Afirma que, no capitalismo, o "entesouramento" é uma necessidade da produção, eis que deixar dinheiro parado numa economia baseada na valorização do valor equivaleria a abrir mão de oportunidade de valorização. (No capitalismo zumbi-estagnado que parece cada vez mais “morto-vivo” não sei bem se funcionará assim. Instabilidades destruidoras de valor e deflação podem vir. Só como exemplo). É, portanto, acumular capital. Valor em valorização. Não dinheiro estático. Na circulação simples, entesourar é retirar dinheiro de circulação. É literal mesmo. No capitalismo é jogar dinheiro na circulação.

515 - Com o sistema bancário, essas reservas viram capital portador de juros. O “entesouramento” é desentesourado.

 

Claus M. Germer - O Dinheiro no Capitalismo:

516 - Já li e já fichei acima. Este capítulo está incluído no texto anterior e eu não tinha visto.

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