Econ - Agenor Castoldi - Texto VII (Parte 2)
(continuação...)
186 - Interessante o que vi no Wikipedia: A Austrália é um dos poucos países onde o mercado bancário é totalmente desregulamentado, não havendo requerimento legal para a quantidade de moeda a ser guardada no Banco Central Australiano (RBA). Na prática, os bancos guardam cerca de 10% dos depósitos a vista como reserva. É importante salientar que o mercado financeiro australiano é dominado por quatro bancos (ANZ, NBA, Commonwealth e Westpac) que possuem um "acordo de cavalheiros" onde eles se supervisionam e caso qualquer um apresente problemas financeiros, os outros três vão ao seu resgate.
187 - As taxas de redesconto são as taxas cobradas pelo Banco Central para emprestar recursos aos bancos em caso de emergência. No caso do banco acusar débito na compensação de cheques, ele pode recorrer ao Banco Central, por meio do chamado redesconto de liquidez. Quando o Banco Central deseja que os bancos façam menos empréstimos, eleva a taxa de redesconto, tentando evitar assim que os bancos corram o risco de ficarem descobertos.
188 - Além dos instrumentos clássicos de política monetária, o Banco Central pode afetar as condições de liquidez da economia por meio da regulamentação e controle do crédito, como, por exemplo, fixando o limite do número de prestações no financiamento de automóveis (ou qualquer outro bem de consumo durável), contingenciando o crédito, fixando as taxas de juros etc.
189 - Divisão de porcentagens. Juros nominal e real é um tanto mais complexo do que eu faço:
190 - Divisão dos ativos financeiros:
191 - O que chama a atenção é a grande diferença existente entre as duas “pontas”. No início do ano 2000, por exemplo, enquanto um aplicador em fundos de renda fixa recebia, de forma líquida, juros de 1,2% ao mês, as empresas pagavam entre 3% e 5% ao mês e o consumidor entre 7% e 10% ao mês. Motivos: tributos (explicam 27% da diferença segundo o texto) e risco de inadimplência. (Já li por aí que isso não explica tudo. A concentração do setor bancário é o resto talvez).
192 - Risco-país: Normalmente, o spread é medido em termos de pontos-base, isto é, cada 1% de spread corresponde a 100 pontos-base.
193 - ...Importante notar que isso influencia até o risco dos empréstimos externos a empresas nacionais: o outro componente é o risco do país, uma vez que, mesmo que a empresa tenha condições de honrar seus compromissos, não há condições de efetuar o pagamento em dólar, se o país encontrar-se em moratória, por ocasião dos vencimentos. (Como o Brasil tem reservas razoáveis hoje, não sei se é mais um fator que pesa).
194 - Moody’s no meio da década de 2000: O quadro mostra a classificação da empresa Moody’s, em que se pode verificar a classificação pouco confortável do Brasil, atrás, de forma até surpreendente, de países como Colômbia, Peru e acompanhado de Kasaquistão, Turquia e Líbano. A classificação pouco favorável do Brasil pode ser explicada pela decretação de moratória nos anos de 1982-1983 e de 1987 e volatilidade tanto do quadro fiscal, como do grau de dependência em relação aos fluxos financeiros internacionais.
195 - Relação juros e ameaça cambial: Nas crises do México e da Ásia, o governo brasileiro conseguiu manter as reservas brasileiras (que até aumentaram) com elevação inicial de juros e tendência posterior de queda. Na crise da Rússia, porém, a decretação de moratória por parte dos russos tornou praticamente impossível acompanhar a brutal elevação do “risco Brasil”, com a elevação das taxas de juros. O Brasil não parou de perder reservas e foi obrigado a desvalorizar a moeda em janeiro de 1999.
196 - Outra discussão interessante refere-se ao papel da política monetária nas economias altamente indexadas. Nesse caso, contrações na quantidade ofertada de moeda não conseguem reduzir preços, porque os preços são reajustados automaticamente. Por outro lado, aumentos de quantidade de moeda acabam por “sancionar” uma inflação causada pelos mecanismos da indexação. Isso foi muito comum no Brasil nos períodos de inflação elevada, durante os anos 80.
197 - Consequência externa: a política monetária contracionista reduz o nível de demanda da economia e, por conseqüência, as importações. Por outro lado, para atrair capitais externos para o país, as taxas de juros podem ser elevadas, em momentos de déficits nas contas externas de um país. (...) Como se sabe, no início do Plano Real, a moeda brasileira foi fortemente apreciada (o dólar estava barato), elevando a demanda por importações e viagens ao exterior, itens que geraram um forte déficit no setor externo. Para “cobrir” esse déficit, o governo usou fortemente a política monetária praticando juros elevados para atrair capitais externos. Em outras palavras, “dólar barato” só é compatível com juros elevados.
.
Comentários
Postar um comentário